O MIRANTE | 14-02-2019 18:35

"Jornalismo não é correr com um microfone atrás de alguém para ter um som que abra o Telejornal"

"Jornalismo não é correr com um microfone atrás de alguém para ter um som que abra o Telejornal"

Críticas do Administrador de O MIRANTE à Associação Portuguesa de Imprensa.

Aproveitando a presença na cerimónia de entrega dos prémio Personalidade do Ano do presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, João Palmeiro, o Administrador de O MIRANTE fez, no discursos de abertura, algumas observações sobre o trabalho desenvolvido por aquela organização a quem acusou de não denunciar os maus cursos de jornalismo, as falhas na distribuição dos jornais pelos CTT e a falta de políticas de apoio ao sector de sucessivos governos.

Depois de afirmar que não tem nada contra a organização de iniciativas para homenagear jornais centenários, Joaquim António Emídio perguntou-lhe onde estavam as iniciativas para dar visibilidade aos jornais que revolucionaram o panorama da imprensa nas últimas décadas.

Outras perguntas críticas se seguiram à primeira. "Onde está o ataque às reitorias das universidades que ignoram as empresas e que continuam a formar jornalistas como quem engorda frangos, para depois os venderem no mercado, independente da qualidade da carne? Onde está o ataque permanente aos governos, sejam eles quais forem, que não têm políticas de promoção para a industria e para o sector? E o ataque nuclear aos CTT que estão a abandonar a entrega de correio a conhecemos hoje, principalmente nos meios mais pequenos, que são as aldeias portuguesas do interior? E por fim, mas não esgotando os temas, onde está a denúncia sistemática e militante do sistema que procura fazer crer que fazer informação é pôr um jornalista com um microfone a correr atrás de um ministro, ou de uma vitima de qualquer crime, só para lhes roubar um gemido ou um 'desampara-me a loja', que até pode vir a ser a abertura de um Telejornal?", questionou o administrador de O MIRANTE.

Apesar das dificuldades enumeradas, Joaquim António Emídio elogiou o trabalho da equipa de O MIRANTE. "Aqui no Ribatejo a dois passos de Lisboa, num território que consideramos o melhor e o mais belo do país, editamos um jornal que se diferencia da maioria dos outros não só pela exigência que impomos ao nosso trabalho como pela forma como diariamente damos importância aos acontecimentos da região ribatejana e simultaneamente valorizamos os seus agentes culturais, desportivos, políticos e económicos.

Enfiar este barrete todo os dias, como quem vai à lezíria dar água aos animais, ou à charneca ouvir crescer os ramos dos sobreiros, ou ao bairro olhar o fundo dos quintais, obriga-nos a cerrar os dentes diariamente e a nunca perder de vista o horizonte que vai muito para lá dos nossos pequenos territórios. Por isso não me esqueço da importância do trabalho dos autarcas, muitos deles presentes nesta cerimónia, que todos os dias tomam decisões que mexem com a nossa vida, nunca me esqueço da importância dos empresários que dão emprego, que sustentam a nossa economia e nos ajudam a fazer a diferença, das associações e das colectividade onde se pratica o voluntariado e se trabalha pagando do próprio bolso para gerar felicidade colectiva.

Enfiar este barrete todos os dias, embora não sejamos campinos, nem forcados, nem dancemos o fandango, é uma responsabilidade de que não nos demitimos, contra a Google, contra os políticos locais ressabiados e incompetentes que não percebem o nosso trabalho, contra as políticas centralizadoras de todos os governos do mundo, sempre a favor, sempre do lado daqueles que nos lêem mas também que nos ajudam a escrever O MIRANTE todos os dias.

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