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Ideias “bárbaras”

Foi com alguma perplexidade e tristeza que li o artigo “ Técnicos defenderam agilização dos processos de adopção na Expocriança - Acabar com o “depósito” de crianças” publicado na edição de 20 de Março de O MIRANTE, página 15.Prezo muito a comunicação social escrita, quer seja internacional, nacional ou regional pois todas fazem, ou deveriam fazer chegar informação que contribuísse para o esclarecimento e o aumento dos conhecimentos daqueles que as lêem. Este artigo foi provavelmente bem intencionado, respeito muito o trabalho jornalístico do vosso jornal, no entanto pareceu-me leviana e muito pouco cuidada a forma como foi construído. Na minha perspectiva, de leitora, não contribui, de modo algum, para o esclarecimento de um tema tão importante e mediático como este - o cuidado e acolhimento de crianças em situação de risco.Tive bastante dificuldade em compreender o conteúdo do artigo e penso que algumas das citações apresentadas estarão bastante fora do contexto. Não tive oportunidade de estar presente no encontro “Expo-Criança”, no entanto, não acredito que técnicos que trabalhem nas áreas da infância e juventude possam apresentar ideias “bárbaras” como as que estão presentes neste artigo. Apelo sobretudo a coerência e ao bom senso no que respeita ao tratamento destas questões que dizem respeito a todos nós. Despeço-me com as palavras de um “mestre” - João dos Santos: “ Por sabermos, agora, sem possibilidades de fugirmos à responsabilidade, porque a lei foi escrita, que os direitos da criança se não concediam, apesar de todas as leis anteriormente escritas e não escritas…, temos de duvidar, de pôr à prova, de reflectir e de constantemente rever todas as leis que às crianças se referem, para que possamos proclamar de novo, que, tal como a ciência, a técnica e a cultura, a Declaração dos Direitos da Criança pode servir o Homem, ou pode reduzir a criança a uma coisa banal que se manipule ou se deixe manipular.As declarações não são ouvidas e entendidas por todos da mesma forma. Nada nos impede de pensar que aqueles que parecem seguir a melhor das interpretações sobre o que é o bem-estar da criança possam vir a provocar o mal-estar dos homens.Há que proclamar uma vontade colectiva de criar. Há que proclamar a nossa vontade de acompanhar a par-e-passo as nossas crianças, desde que nascem até que sejam pessoas pequenas, e até que sejam pessoas grandes…Há que proclamar que não confiamos as nossas crianças a quem não possa ou não queira falar a nossa linguagem. Há que decidir que dialogaremos sobre a infância entre nós, pais e parentes, e que confiaremos, então, as nossas crianças a quem saiba dialogar connosco, a quem confie na nossa razão e na nossa imaginação.”Vanda Paulo - Lisboa(Texto enviado através de correio electrónico)Nota de redacção:O artigo procura divulgar as ideias defendidas pelos técnicos e especialistas que participaram no colóquio sobre crianças maltratadas, inserido na Expocriança, que decorreu a 13 de Março, no Centro Nacional de Exposições, em Santarém. Ao longo do artigo surgem diversas citações dos oradores. Não sabemos se, como diz, são “bárbaras”, mas garantimos que estão fielmente reproduzidas. Leviano seria omitirmos ou deturparmos o que foi dito, coisa que acreditamos não ter feito. Como sabe, por ser pessoa interessada e informada, há opiniões muito diferentes entre profissionais desta e de muitas outras áreas. Às vezes inconciliáveis.

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