uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Uma contabilista a trabalhar como lojista

Susana Gonçalves ainda tem esperança de encontrar emprego na sua área

A oportunidade de exercer o que aprendeu no curso de técnica de contabilidade e gestão durou apenas alguns meses. A empresa de máquinas agrícolas onde Susana Gonçalves, 21 anos, iniciou a carreira estava em risco de fechar e a jovem foi à procura de outro emprego. Arranjou trabalho numa loja de roupas. Mas não desiste de tentar encontrar o lugar na área em que se especializou. É por isso que nas horas livres folheia os jornais, as listas telefónicas, marca entrevistas pelo telefone e até já se inscreveu na internet à espera que uma outra porta se abra.

Os primeiros nove anos de escola foram um fardo pesado para Susana Gonçalves. Ainda iniciou o 10º ano no ensino regular, mas depressa percebeu que o seu futuro não estava ali. Foi então que optou por ingressar no curso de técnico de contabilidade do Instituto de Emprego e Formação Profissional, em Santarém.A empresa de máquinas agrícolas de Santarém onde Susana Gonçalves, 21 anos, estagiou fez-lhe uma proposta de trabalho. Em Setembro de 2002, depois de ter terminado o curso, regressou ao trabalho a que já estava habituada durante o estágio. Mas a firma começou a ter algumas dificuldades e como havia o risco de encerrar a jovem decidiu aventurar-se na procura de outro emprego há cerca de dois meses.Há duas semanas encontrou trabalho na loja de roupas “New Concept”, na Rua do Matadouro, em Santarém. Trabalha das 9h30 às 19h00 com intervalo para almoço e também aos sábados de manhã. É lá que pretende ficar até encontrar uma outra oportunidade de emprego na área da contabilidade. Mesmo com a consciência de que à sua frente estão licenciados e bacharéis que também procuram um lugar no competitivo mundo do trabalho.“É mais uma etapa da minha vida e que irá ficar no currículo. Pode ser que sirva para alguma coisa. Quando se tem contas para pagar não se pode parar. Hoje em dia não se pode ficar parada à espera de uma oportunidade”, diz com optimismo.Susana Gonçalves acredita que as entidades patronais estão receptivas à contratação de quadros intermédios para as empresas. A sua primeira opção para o curso, de que teve conhecimento por intermédio de alguns amigos, foi marketing, mas acabou por desistir da ideia porque a área só estava disponível em Lisboa. O curso de contabilidade, com duração de três anos e uma vertente prática muito forte, deu-lhe equivalência ao 12º ano. “Se tivesse concluído o ensino secundário no ensino normal não estaria tão preparada para enfrentar o mundo do trabalho. Com este curso ficamos mais aptos para exercer a nossa profissão”, reconhece a jovem técnica de contabilidade e gestão.A componente prática vai-se intensificando ao longo do curso e, no último ano, Susana Isabel Dias Gonçalves passou mais tempo na empresa onde estagiou do que na sua escola, nas instalações do Instituto de Emprego e Formação Profissional, na zona industrial de Santarém.Na firma de máquinas agrícolas Susana encarregava-se da contabilidade diária, efectuava os lançamentos, fazia o trabalho administrativo e enviava correio. “Comecei a fazer as coisas mais básicas. Não houve oportunidade de aprofundar muito mais”, explica.O trabalho de contabilidade agradava-lhe. Susana gostava de fazer de tudo um pouco. Desde a classificação e lançamento dos documentos até aos arquivo. Só a parte de conferir os dados dos clientes achava mais aborrecida. Trabalhava das 9h00 às 18h00, com uma hora livre para o almoço. A remuneração considera que era compatível com o trabalho que efectuava.Reside no Vale de Santarém e todos os dias faz o percurso até Santarém de autocarro. Embora tenha a carta de condução considera que possuir um veículo próprio é muitas vezes condição determinante para conseguir um emprego.Não desiste de procurar um lugar na sua área e é por isso que nas horas vagas continua a mandar currículos. “O esforço tem sido considerável, mas os resultados têm saído um pouco falhados”, reconhece. Também já enviou os seus dados para empresas de recursos humanos que fazem selecção de profissionais. “É uma maneira de as ajudar a ter uma referência caso precisem de uma pessoa na minha área”.Sempre que tem tempo percorre com o marcador as folhas de emprego dos jornais, folheia as listas telefónicas para tentar marcar entrevistas nas empresas de contabilidade e até já se inscreveu na internet. Não desistir é o seu lema.Ana Santiago

Mais Notícias

    A carregar...