ESPECIAL S.Martinho | 02-11-2005 11:18

Fotógrafo, toureiro e inventor

Fotógrafo, toureiro e inventor

Carlos Augusto Mascarenhas Relvas de Campos (1838-1894), mais conhecido por Carlos Relvas, foi repórter fotográfico de primeira categoria, inventor de sucesso, músico, lavrador, cavaleiro tauromáquico e mestre de equitação.

Deixou um legado precioso à vila da Golegã e ao país, como é o caso da sua casa-estúdio que funciona hoje como museu. Permanentemente expostas encontram-se antiquíssimas fotografias que figuram em exposições em vários pontos do país e estrangeiro. Possui um arquivo de milhares de negativos com mais de uma centena de anos.Fidalgo da Casa Real, comendador da ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, opulento lavrador e proprietário na Golegã, era uma das figuras mais simpáticas de Portugal, no seu tempo. Admirado pela sua elegância, perícia e arte, como cavaleiro e toureiro amador, pelo seu delicado talento artístico de fotógrafo. Seu pai era um dos mais abastados lavradores de todo o Ribatejo. Chamava-se José Farinha Relvas de Campos e faleceu a 27 de Fevereiro de 1865. Fundou importantes estabelecimentos agrícolas e uma bela casa de habitação na Golegã. Carlos Relvas foi um digno continuador da obra de seu pai. Nasceu na Golegã, onde também faleceu, vítima de um grande desastre, a 23 de Janeiro de 1894. Casou com D. Margarida Amália Mendes de Vasconcelos, descendente de ilustres famílias da Beira Alta. Herdeiro duma opulentíssima fortuna, entregava-se aos cuidados da sua imensa lavoura, que podia servir de modelo, pela perfeição em todos os trabalhos do campo, e à administração das suas propriedades. Carlos Relvas lembrou-se um dia de aproveitar as horas que lhe ficavam livres e fez-se artista, dedicando-se à fotografia como amador. Correu os principais ateliers fotográficos da Europa, comprou os mais custosos e perfeitos aparelhos, e construiu junto da sua vivenda da Golegã um atelier na parte mais elevada e pitoresca dum formoso jardim, entre palmeiras, eucaliptos e flores. Foi ali que Carlos Relvas passou grande parte da vida, trabalhando, estudando e lendo. Os seus trabalhos fotográficos tornaram-se muito apreciados e pre-miados. Em pouco tempo foi considerado o primeiro fotógrafo amador do país. As suas fotografias distinguiam-se pelo gosto artístico da pose ou do ponto de vista, pela escolha da luz e pela nitidez. Como desportista tornou-se notável como atirador de pistola e de carabina e era dextro jogador de pau, de florete e de sabre. Foi também notável na equitação. Um dos seus maiores triunfos foi no Porto, numas corridas em que alcançou grande vitória, montando no seu cavalo Chasseur d’Afrique. Como toureiro amador também Carlos Relvas se tornou muito afamado. Entusiasta da festa brava, mandou construir na Golegã uma praça de touros, que se inaugurou com uma corrida em benefício do hospital daquela vila. Em 1880 assistiu a um naufrágio na barra do Douro, o que muito o impressionou, e empenhou-se em descobrir a maneira mais rápida e mais segura de acudir aos náufragos. Durante três anos não descansou, e nos fins de Outubro de 1883 dirigiu ao ministro da marinha um requerimento, apresentando o barco salva-vidas da sua invenção, com os competentes tripulantes. O ministro deferiu o requerimento e nomeou uma comissão para assistir à experiência do novo barco salva-vidas. No dia 7 de Novembro de 1893 realizou-se a experiência na Foz do Douro. O mar agitava-se furiosamente e erguia-se em grossas vagas junto da barra, pondo em perigo os pequenos barcos que se atreviam a fazer-lhe frente. O novo barco salva-vidas, que fora construído por José Paulino Inácio, de Vila Nova de Gaia, dirigiu-se para a entrada da barra onde o mar era mais forte, tripulado por Carlos Relvas, por Joaquim Ferreira Viseu, piloto da barra do Porto, e 8 remadores. Ao mesmo tempo partiu também, para servir de comparação ao moderno barco, o antigo salva-vidas. Duraram uma hora estas experiências, que mostraram as vantagens incontestáveis do salva-vidas Relvas sobre o salva-vidas antigo. Carlos Relvas conseguira o seu fim. * Fonte: Portugal – Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume VI, páginas 177-179

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