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“O que é mau para Portugal é mau para Santarém!”

“O que é mau para Portugal é mau para Santarém!”

Deputado Miguel Relvas explica a sua contestação ao novo aeroporto na Ota

O deputado do PSD eleito por Santarém, Miguel Relvas, tem sido uma das vozes mais activas na contestação à localização do novo aeroporto de Lisboa na Ota. Uma posição contra-corrente na região de quem diz que em próximas eleições muitos dos que defenderam a Ota tentarão fazer passar despercebidas essas suas posições.

Acredita que o estudo comparativo entre as opções Ota e Campo de Tiro de Alcochete, para localização do novo aeroporto de Lisboa, pode levar o Governo a mudar de ideias e a recuar na solução Ota?Acredito que estão criadas as condições, inexistentes até muito recentemente, para se tomar uma decisão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa baseada em argumentos técnicos e geradores de um amplo consenso técnico, social e político.Para si é líquido que os interesses nacionais ficam melhor defendidos se o aeroporto não for construído na Ota?Estou profundamente convencido que sim! Ao acompanhar os argumentos técnicos somos confrontados que só em terraplanagens se poupa cerca de 750 milhões de euros; que em Alcochete a construção pode ser feita por fases e que aí existe espaço e na Ota não. O Campo de Tiro tem 7.500 hectares e o aeroporto necessita de 2.000. Temos assim condições e espaço para possível expansão do aeroporto e para construir muitas infraestruturas. Quer melhor defesa do interesse nacional?Se essa mudança de localização se verificar, não poderá constituir um forte revés para as expectativas de muitos concelhos ribatejanos, do Oeste e da zona Centro do país? Até porque há investimentos que já estão a ser planeados em alguns concelhos tendo em conta essa realidade (aeroporto na Ota).Essa é uma falsa questão. Grande parte do território do Campo de Tiro de Alcochete é no concelho de Benavente, distrito de Santarém! Penso que, em matéria de desenvolvimento regional, a resposta está dada!Tem-se feito passar a ideia que a localização na margem sul está subjugada a fortes interesses económicos, designadamente a grandes investimentos turísticos previstos para a costa da zona de Setúbal de grupos como o Espírito Santo e Sonae. Que comentário lhe merece essa abordagem?Comparativamente à Ota, em Alcochete os terrenos são maiores, mais adequados para a construção de um aeroporto e são do Estado. Aqui não há espaço, nem tentações, para especulações imobiliárias. As posições que tem tomado são contrárias às da maior parte dos autarcas do distrito por que foi eleito e à da associação empresarial Nersant. Não teme que esse posicionamento seja alvo de cobrança política no futuro?Não vejo porquê, até porque acredito que, como acontece no país, a maioria dos cidadãos do nosso distrito apoia e deseja uma opção que permita que o futuro aeroporto de Lisboa seja competitivo, eficiente e seguro.Não deveria, enquanto deputado eleito pelo círculo de Santarém há tantos anos, acompanhar as expectativas da maior parte dos autarcas que representam a população?Não! Enquanto deputado, a minha obrigação é a de, em cada momento, representar os eleitores e defender, o que, de acordo com a minha consciência, é melhor para o país.Como vai lidar com esse ónus, de ser frontalmente contra a opção mais defendida na região, em futuras campanhas eleitorais? A realidade demonstrará que o ónus de ontem será anulado pela garantia de um amanhã mais próximo de um modelo de desenvolvimento que permita um crescimento harmonioso e uma consolidação equilibrada da nossa região no contexto nacional.Mas tem consciência de que os seus adversários políticos irão muito provavelmente aproveitar-se disso?Em próximas eleições muitos dos que defenderam a Ota tentarão fazer passar despercebidas estas suas posições, ou, como diz o povo, “passar entre os pingos de chuva”. Não haveria dentro do PSD quem pudesse fazer esse trabalho sem se sujeitar a essas eventuais consequências? Porque decidiu ser o porta-voz anti-Ota?Porque a minha consciência me obrigou a fazê-lo. Não teme que o PSD seja fortemente penalizado em futuros actos eleitorais, no distrito de Santarém e não só, pela posição assumida sobre esta matéria? Isto apesar de haver autarcas favoráveis à solução Ota como os de Ourém e Santarém.Este combate será, no futuro, um “PPR” político para o PSD, pois permitirá demonstrar que se encurtou a distância do aeroporto em relação à sua centralidade (entre 28 a 36 quilómetros de Lisboa); que se reduziu o custo de construção do aeroporto e do sistema integrado de acessibilidades (travessia do Tejo, redes ferroviárias e rodoviária), estimado em cerca de 3.000 milhões de euros; que se diminuiu os custos associados aos terrenos que são propriedade do Estado; que o prazo de construção foi encurtado.A localização do novo aeroporto de Lisboa na Ota foi assumida por sucessivos governos do PSD e PS e nunca mereceram uma contestação tão acesa da sua parte. Só agora começou a levar a sério a possibilidade do projecto avançar mesmo? Ou surgiram dados novos que o levaram a mudar de atitude?O verdadeiro debate sobre a localização e custos associados à construção do aeroporto só foi verdadeiramente realizado nos últimos 2 anos, o que originou um recrudescer das interrogações e dúvidas sobre a solução proposta e obrigou o Governo a recuar, e bem, na sua decisão. Creio que ninguém contestará que a decisão relativa ao novo aeroporto de Lisboa tem demasiadas implicações para o nosso devir colectivo e para a capacidade de afirmação internacional do nosso país para que seja tomada e implementada sem que todas estas interrogações e dúvidas estejam ultrapassadas.Não o incomoda que o seu nome possa ficar associado a situações que algumas vozes consideram negativas para a região, como a desagregação do distrito de Santarém por duas comissões de coordenação regional (Centro e Alentejo) quando foi secretário de Estado da Administração Local, e pelo eventual fracasso da solução Ota?De forma alguma. Vivo com a tranquilidade do dever cumprido. Nas funções que exerci ou exerço parto sempre deste pressuposto: o que é mau para Portugal é mau para o distrito de Santarém. As alterações que propusemos ao nível das configurações regionais visaram impactos ao nível dos fundos comunitários, no âmbito do QREN 2007-2013, o que é um forte motivo de satisfação, e só deverá incomodar aqueles que, com responsabilidades no 3º Quadro Comunitário, permitiram que as autarquias, empresas e cidadãos da nossa região fossem injustamente penalizadas porque, ao contrário de outros, só tiveram apoios de 50% nos seus investimentos. Incomodados deverão estar os que, por exemplo, permitiram que o desenvolvimento de Foros de Salvaterra fosse equiparado ao da Lapa em Lisboa. Foi, de facto, muito injusto!Já agora, convém referir que, com as alterações que propusemos, se o novo aeroporto se localizar no Campo de Tiro de Alcochete, os apoios em infraestruturas, transportes, formação profissional serão de 75% e não de 50%. Como se vê, fala-se muitas vezes de cor e sem rigor.
“O que é mau para Portugal é mau para Santarém!”

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