Vendaval deixa rasto de destruição entre Amiais de Baixo e Torres Novas

Fábricas destruídas, casas destelhadas, árvores arrancadas e arrastadas para o meio da estrada, carros danificados e alguns feridos ligeiros constituem o balanço de um mini-tornado que afectou na manhã de quarta-feira parte dos concelhos de Santarém, Alcanena e Torres Novas. Pouco passava das 09h00. Uma das zonas mais afectadas foi a de Amiais de Baixo (Santarém), onde se registaram danos em algumas unidades industriais, nomeadamente serrações e carpintarias.

José Gabriel, proprietário da empresa de carpintaria “José Gabriel Pereira e Filhos, Lda.” atingida pelo forte vendaval, está desolado. O edifício da fábrica e o seu recheio ficaram completamente destruídos. O telhado estava quase todo no chão, parte da parede da fábrica estava tombada, ameaçando ruir, e os carros da empresa, de funcionários e do proprietário, estacionados no exterior, também estavam danificados.“Os estragos são incalculáveis. Além de ter que reconstruir a fábrica e ficar vários meses parado até isto ficar de pé, tinha encomendas prontas para entregar aos clientes. Agora não vou conseguir cumprir prazos e não sei quando vou poder recomeçar a trabalhar”, afirma desanimado.Ana Sebastião, funcionária da fábrica de carpintaria garante que, por mais anos que viva, não vai conseguir esquecer os momentos aflitivos que passou. “Estávamos dentro das instalações a trabalhar quando começamos a ouvir um vento e chuva muito forte. Foi tudo numa questão de segundos. Com o medo só pensei em esconder-me debaixo de uma mesa. Foi horrível. Pensei que íamos morrer”, conta emocionada.Em Alcanena os estragos também foram consideráveis. Toldos e vidros de fábricas partidos. Telhas caídas. Estradas alagadas, árvores caídas. Um verdadeiro caos. Marta Carreira, moradora em Alcanena, varre a água que lhe entrou em casa. Parte do telhado cedeu, as telhas caíram e a água entrou em toda a casa. Nenhuma divisão escapou. “Ficámos com a casa inundada em menos de dois minutos. Tenho tudo estragado, móveis, sofás, electrodomésticos, mesas. Não se aproveita nada. Só depois de limparmos tudo é que podemos fazer contas ao prejuízo. Mas é muito grande”, afirma.Em Ribeira Branca (Torres Novas), nem o relógio da torre da igreja escapou à fúria dos elementos, ficando danificado. Poucas horas depois do vendaval, já havia moradores a consertar as coberturas das casas. O vento forte arrancou árvores centenárias e levou telhas de dezenas de casas da povoação. Algumas viaturas ficaram danificadas por terem sido atingidas por contentores de lixo e telhas.“Estava a ver que me nascia já a criança”, desabafa Lurdes Rosário, grávida de seis meses. Nas traseiras do café do qual é proprietária o cenário era de destruição. No chão encontravam-se pelo menos dez árvores misturadas com telhas partidas. “Aconteceu tudo num minuto. Pelo vidro da janela conseguíamos ver as árvores no ar”, conta Paulo Rosário, o marido. “Temos muitos telhados levantados, chaminés caídas e tivemos problemas na torre e no telhado da igreja. O relógio também ficou danificado e partiu mesmo”, descreveu Hélder Conde, secretário da Junta de Freguesia de Ribeira Branca. Os proprietários das casas afectadas foram aconselhados a tapar os telhados de forma a evitarem mais prejuízos e a accionarem o seguro da habitação, caso exista. Outros casos na regiãoNo dia 30 de Setembro de 2007 quarenta casas de Foros de Salvaterra, concelho de Salvaterra de Magos, foram atingidas por um pequeno tornado. Uma forte ventania arrancou telhados, partiu árvores e chegou a arrancar janelas e portas interiores de habitações. Antes em, Outubro de 2006, um mini-tornado percorreu mais de 60 quilómetros deixando um rasto de destruição em seis concelhos do distrito de Santarém, entre Santarém e Sardoal. Houve dezenas de casas destelhadas e a queda de uma grua.Em Novembro de 2002 uma mulher testemunhou um mini-tornado na zona de Paços dos Negros. Uma semana antes ventos ciclónicos tinham destelhado dezenas de habitações na cidade do Entroncamento.

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