Retrospectiva 2009 | 04-02-2010 10:26

Economia - Isto é que vai uma crise!

Economia - Isto é que vai uma crise!
Crise. Foi provavelmente a palavra mais ouvida nos círculos económico e político (e, já agora, nas conversas de café) e foi em torno desse conceito que a economia girou, ou se despenhou, tanto na região como no país e no mundo. A globalização tem destas coisas e o espirro sentido nos Estados Unidos em 2008 depressa se transformou numa constipação à escala planetária. Em Portugal, Estado, autarquias, empresas e famílias, ninguém escapou aos efeitos da crise financeira e económica cujas consequências ainda estão longe de poderem ser avaliadas. Tanto a nível económico como social. O flagelo do desemprego, que vem batendo recordes pela negativa, não augura nada de bom. Para já, e por cá, a crise serviu de álibi para muito do que aconteceu de negativo no campo empresarial e para o muito que não se fez, por exemplo, a nível autárquico. As câmaras bateram financeiramente no fundo e, em ano de eleições autárquicas, não souberam antecipar a tempo e horas o decréscimo abrupto das receitas. Sobretudo as que são oriundas do sector da construção civil, que sempre foram um dos alimentos principais das tesourarias municipais.Quem pagou, ou melhor, quem ficou a arder, foi a procissão de pequenos e grandes fornecedores dos municípios. Não é exagero dizer que as dificuldades de muitas pequenas e médias empresas tiveram origem nas dívidas da administração local. Em Alpiarça, uma cooperativa de construção, a Planotejo, acusou mesmo o município, nos tempos em que era liderado pelo socialista Rosa do Céu, de ser responsável pela sua falência.Será ainda a crise que aparecerá como má da fita na ficha técnica quando se contar a história de empresas emblemáticas desta região, que geraram emprego durante décadas e de repente estouraram. Como a Platex e a João Salvador, em Tomar, ou a Constantino Mota em Alcanena. A crise foi tão excepcional que motivou posições pouco habituais da parte de quem defende um mercado aberto e de livre concorrência. A Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant chegou a apelar aos municípios da região que contratassem empresas dos seus concelhos nas obras adjudicadas por ajuste directo. É o proteccionismo à sua escala mais reduzida. A Nersant queixou-se ainda das elevadas taxas de juro praticadas por alguns bancos, habituais parceiros do meio empresarial que de repente se transformaram em verdugos. O capitalismo no seu melhor, diriam os seguidores de Karl Marx.Os tempos de crise são também tempos de oportunidades, dizem os economistas. E a mesma Nersant que defende a proximidade nos negócios é a que advoga a aposta na internacionalização do tecido económico regional como nunca se tinha verificado. Arábia Saudita, Angola, Moçambique, Líbia e Tunísia entram na rota da cooperação e da busca de melhores negócios.Mitsubishi no Tramagal com produção a meio gás A crise no mercado automóvel leva a fábrica da Mitsubishi no Tramagal, que produz o modelo Canter, a reduzir a produção. Segundo Jorge Rosa, presidente do Conselho de Administração, no total do primeiro semestre, a laboração “pode parar entre 40 a 45 dias”. Esse período temporal “reverterá para um Banco de Horas ou será utilizado em formação dos funcionários”, número que se cifra em 357. Constantino Mota manda 100 para o desemprego A fábrica de peles Constantino Mota, em Alcanena, fecha portas no início de Fevereiro após apresentar no tribunal local o pedido de insolvência. Os cerca de 100 trabalhadores recebem a notícia com surpresa apesar de já não terem recebido os salários de Dezembro e Janeiro. Eco-Parque do Relvão cresce apesar da crise No início de Fevereiro, autarcas da Chamusca fazem uma visita formal ao Eco-Parque do Relvão e ficam agradados com o que vêem. As sete empresas visitadas, algumas delas já em laboração, somam um investimento que ultrapassa os trinta milhões de euros e criaram dezenas de postos de trabalho. E as perspectivas são de crescimento, tanto mais que em Setembro é anunciado que a Câmara da Chamusca vai liderar um consórcio de 11 entidades que prevê um investimento global de 150 milhões de euros no Eco-Parque do Relvão, considerado uma infra-estrutura única no país na recolha e aproveitamento de resíduos.Protecção social para pequenos empresários Em Fevereiro, a direcção da Nersant toma posição em defesa dos seus associados. O pano de fundo, como não podia deixar de ser, é a crise. Os empresários em nome individual e os gerentes de micro e pequenas empresas devem ter os mesmos direitos, em termos de protecção social, que os trabalhadores em casos de falência. Designadamente a atribuição de subsídio de desemprego. O presidente da Associação Empresarial da Região de Santarém, José Eduardo Carvalho reclama ainda a suspensão das execuções fiscais sobre as residências de empresários. E lança o apelo aos municípios para que adjudiquem a empresas da região as empreitadas que possam ser atribuídas através de ajuste directo, segundo as novas regras implementadas pelo Governo. Nersant contra taxas de juro “escandalosas”Algumas agências bancárias da região estarão a praticar taxas entre os 18 e os 21 por cento sobre empréstimos contraídos por empresas. A denúncia parte da Nersant, que pondera divulgar publicamente as taxas de juro mais “escandalosas”. O que não se veio a verificar. Essa é uma das medidas inseridas no plano de acção que a associação delineou para combater a crise.Vinho ribatejano aposta na marca Tejo O Vinho Regional Ribatejano adopta a designação Tejo, uma marca que os produtores acreditam ser mais fácil de afirmar, sobretudo no mercado internacional. A decisão não é consensual entre os produtores e alguns autarcas também não brindam à nova designação. Paulo Caldas, do Cartaxo, diz que há coisas mais importantes para resolver do que simplesmente uma mudança de marca. O presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores, considera que um vinho do Tejo também pode ser espanhol. E realça que o que tem uma carga muito forte, que é o Ribatejo, pode perder-se com esta mudança. Uma falência 5 estrelas Os 15 funcionários da Estalagem Vale Manso, unidade hoteleira de cinco estrelas localizada em Martinchel, Abrantes, junto à Barragem do Castelo de Bode, decidem suspender os contratos de trabalho em Fevereiro devido a ordenados em atraso. Pouco tempo depois a única unidade hoteleira de 5 estrelas da região fecha portas e em Dezembro é decretada a insolvência da empresa.Beneficiários querem revolucionar rega na Lezíria Grande Os beneficiários da Lezíria Grande, em Vila Franca de Xira, querem revolucionar o sistema de rega que serve a ilha. A Associação de Beneficiários da Lezíria Grande anuncia em Março que prepara a expansão do sistema de rega e a construção da nova estação elevatória das Galés para garantir o abastecimento de água com baixo teor de sal às culturas de metade do mouchão. Fiação de Torres Novas paga ordenados às prestações Os trabalhadores da Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas, S.A., uma empresa têxtil que produz atoalhados e roupões em tecido turco, vivem dias de incerteza. Os cerca de 160 funcionários, na sua maioria mulheres, ainda não receberam o subsídio de férias e de Natal correspondente aos anos de 2008 e 2009.O estranho caso da Adega Cooperativa da Chamusca Em Abril contamos a história da Adega Cooperativa da Chamusca, encerrada no Verão de 2007. Foi vendido equipamento e viaturas, mas vários sócios não sabem onde pára o dinheiro. A direcção remete-se ao silêncio. Quase dois anos depois do encerramento e na altura com mais de um milhão de euros de dívidas à banca e aos cooperantes, ainda não foi pedida a insolvência da cooperativa, nem por parte da direcção nem dos credores. Por isso a adega não foi extinta enquanto personalidade jurídica e para todos os efeitos mantém-se activa. OGMA com lucro de 5,5 milhões de euros As Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) de Alverca do Ribatejo fecharam o ano de 2008 com lucros de 5,5 milhões de euros, mais do dobro do realizado em 2007. De acordo com a informação distribuída aos trabalhadores, “os resultados do exercício reflectem já um esforço da gestão no sentido de preparar a empresa para um período de crise generalizada cujos efeitos começaram a ser sentidos no segundo semestre” de 2008. No fim de Outubro, os trabalhadores concentram-se junto às instalações da empresa para protestar contra a extinção de postos de trabalho e a imposição de rescisões amigáveis. Nersant suspende participação no Gabinete de Crise A Associação Empresarial da Região de Santarém - Nersant anuncia em Maio a suspensão no Gabinete de Crise criado no Governo Civil de Santarém para acompanhar a situação nas empresas de maior relevância durante este período de recessão. Em causa a estratégia dos sindicatos (que também têm assento no gabinete) no caso da IFM/Platex lamentando que “legítimos conflitos laborais” sejam transformados em “acções de grande impacto mediático, mas comprometedoras da viabilidade das empresas”.Ministro acusa dirigentes do CNEMA de “partidarice” e “politiquice” No rescaldo de mais uma Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, o ministro da Agricultura critica os organizadores do certame. Jaime Silva diz numa entrevista a O MIRANTE em Junho que os dirigentes da CAP e do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) preferem a “politiquice” e a “partidarice” em vez de defenderem os interesses dos agricultores. E acusa os responsáveis de “confundirem as coisas”, quando não o convidaram nem ao primeiro-ministro para essa edição da Feira Nacional da Agricultura.Central meleira de Mação pioneira na região É um exemplo de aproveitamento das potencialidades económicas de uma região e da aposta num produto tradicional. Com um investimento de 200 mil euros, a central meleira de Queixoperra, em Mação, é a “primeira e única da região licenciada para embalar e comercializar mel”. A cooperativa engloba 400 apicultores.Projecto de energia solar avança em AbrantesA Assembleia Municipal de Abrantes aprova em Julho a compra de um terreno pelo município para a instalação de um Projecto Integrado de Energia Solar que prevê criar 1.800 postos de trabalho. O terreno, situado na freguesia de Concavada, perto da Central Termoeléctrica do Pego, tem 82 hectares e foi comprado por um milhão de euros. O investimento de 818 milhões de euros da empresa RPP Solar na “produção de energia limpa” prevê criar 1.800 postos de trabalho directos. Fogo consome Tipografia Nabão dias depois de ser pedida a insolvência Um incêndio destrói na madrugada de 2 de Agosto o pavilhão industrial da Tipografia Nabão, em Tomar, onde se concentrava toda a produção e armazenagem da empresa. O fogo ocorreu dois dias depois de ter sido entregue, no Tribunal de Tomar, o pedido de insolvência da empresa fundada em 1947 e que chegou a empregar cerca de oito dezenas de pessoas. Os 16 trabalhadores “que sobreviveram às várias crises” perdem a “pouca esperança que tinham” de ajudar a salvar a empresa cujas máquinas já não funcionavam há mais de um mês. Tinham três meses de salários em atraso e subsídio de férias por receber. Foi a morte da empresa.Vindimas nocturnas para obter melhores vinhos A qualidade é um factor de distinção importante e a razão para que alguns produtores de vinho da região apostem na vindima nocturna. No último dia de Agosto, O MIRANTE acompanha os trabalhos na Quinta Nova, em Azambuja, propriedade da empresa produtora de vinhos Fiuza & Bright que usa esta técnica para poupar nos gastos e obter o melhor aroma das uvas.Funcionários da Platex suspendem contratos Os trabalhadores da IFM/Platex, de Tomar, estão em ‘lay-off’ e em Agosto decidem avançar para a suspensão dos contratos de trabalho até receberem os ordenados em atraso que a empresa lhes deve. No final de Dezembro dá entrada no Tribunal do Comércio de Lisboa o pedido de insolvência da empresa.E.Leclerc e Decathlon apostam em SantarémSe há sector onde a crise não parece chegar é às grandes superfícies comerciais. O E. Leclerc abre um hipermercado em Santarém num investimento de 10 milhões de euros, com a criação de 110 postos de trabalho directos e 80 indirectos. Em Dezembro é a vez da Decathlon, uma grande superfície dedicada ao desporto, apostar na capital de distrito.O fim da construtora João Salvador No fim de Outubro dobram os sinos pela construtora João Salvador. Não foi encontrada uma saída feliz para a construtora de Tomar, cuja administração pediu a liquidação total da empresa na assembleia de credores. Foi o fim da crónica de uma morte anunciada.Espanhóis interessados na cervejeira CintraOs espanhóis da Font Salem, Grupo Damm, entregam uma proposta para aquisição da cervejeira Drink In, em Santarém, pelo valor de 15,5 milhões de euros. O anúncio de venda da Drink In, Companhia de Indústria de Bebidas e Alimentação S.A., mais conhecida pela designação de Fábrica de Cervejas Cintra, em processo de insolvência, impunha um valor de licitação mínimo de 12,5 milhões de euros.Credores aprovam plano de viabilização da Cimianto É uma espécie de prenda de Natal para os trabalhadores da Cimianto. O plano de viabilização da empresa de Alhandra é aprovado depois de três adiamentos por falta de consenso e de muitas incertezas quanto ao futuro. Três instituições bancárias (credoras) unem-se formando um sindicato bancário e permitindo a aprovação do plano de viabilização da empresa. Dos 79 trabalhadores, 20 terão de abandonar a empresa que começará a laborar até Fevereiro.

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