Retrospectiva 2009 | 04-02-2010 10:24

Política - O ano de todas as eleições

Política - O ano de todas as eleições
É nos períodos eleitorais que os partidos e os políticos melhor se revelam e mostram de que massa são feitos. Cumplicidades transformam-se em traições. O verniz estala entre comadres e descobrem-se algumas verdades inconvenientes. E o revanchismo instala-se e tem terreno fértil para medrar. Tudo isso e muito mais se viu por estas bandas. Um exemplo disso são as listas independentes que vão surgindo, sem grandes resultados, diga-se, habitualmente criação e refúgio de gente ressabiada ou ostracizada pelos directórios partidários locais ou regionais. A excepção foi o movimento independente de Alcanena, resultante de cisões no PS local, que esteve no poder até Outubro e tem a morte anunciada a prazo.Já o antigo primeiro-ministro britânico Winston Churchill (1874-1965) dizia que, na política, os adversários estavam na oposição e os inimigos encontravam-se no seu partido. E confirmaria mais uma vez a sua convicção se tivesse assistido à forma como Miguel Relvas foi afastado da lista de candidatos a deputado por Santarém pela líder nacional do PSD Manuela Ferreira Leite. Um saneamento exemplar, a fazer lembrar os tempos do PREC, que afinal de contas não foi assim há tanto tempo.Mas os partidos também têm a sua face sensível e humana e não abandonam os seus desde que estes não façam muitas ondas quando são chutados para canto, seja pelo povo nas eleições seja nos processos de escolha internos para elaboração de listas. A disciplina partidária compensa, porque, mais tarde, muitos deles acabam por ser chutados para cima. E há sempre fortes probabilidades de um candidato derrotado pelo povo num município ir parar a governador civil. Ou um excluído das listas de candidatos a deputado chegar a secretário de Estado ou a assessor num qualquer organismo da administração pública.Talvez seja por estas e por outras que o povo se vá afastando da política e catalogue os seus agentes, na maior parte das vezes, com adjectivos pouco abonatórios. Num ano com três eleições, as taxas de abstenção revelaram-se pouco edificantes para um país que só conheceu a democracia e a liberdade de voto há 35 anos. Esse desinteresse dá que pensar, mas isso é coisa para a qual não estamos muito inclinados. Com isso ganha o populismo, a demagogia e a política fácil das papas e bolos com que se enganam os tolos. Em 2009, ano de eleições, o PS foi, na região, o grande derrotado das legislativas de 27 de Setembro. Perde dois dos seis deputados: um para o Bloco de Esquerda, que elege pela primeira vez um representante por Santarém, e outro para o CDS/PP, que recupera o deputado perdido há quatro anos. O PSD e a CDU mantêm três e um parlamentares.Nas autárquicas de 11 de Outubro houve muitas novidades. Paulo Fonseca conquista pela primeira vez a Câmara de Ourém para o PS. Isaura Morais (PSD) vence o “dinossauro” socialista Silvino Sequeira em Rio Maior. Fernanda Asseiceira recupera a Câmara de Alcanena para o PS e os comunistas reconquistam o simbólico bastião de Alpiarça pela mão de Mário Pereira. Juntam-se ainda como caras novas no poder autárquico Maria do Céu Albuquerque (PS) em Abrantes e Máximo Ferreira (CDU) em Constância, que se mostraram à altura dos seus antecessores e mantiveram as autarquias nas mãos das suas cores políticas.David Catarino deixa Câmara de Ourém O presidente da Câmara de Ourém, David Catarino (PSD), suspende o mandato autárquico no início de Janeiro para assumir a liderança do Turismo de Leiria/Fátima, seguindo as pisadas do seu colega de Alpiarça Rosa do Céu (PS), que meses antes havia trocado a Câmara de Alpiarça pelo Turismo de Lisboa e Vale do Tejo. O cargo é assumido por Vítor Frazão, que será mais tarde o candidato do PSD à câmara e perde a autarquia de Ourém para o PS.Mação fora do Médio TejoO município de Mação deixa de integrar a comunidade intermunicipal do Médio Tejo, ficando vinculado ao Pinhal Interior Sul. Uma decisão escorada na nova configuração territorial imposta pelo Governo. Mação é o único concelho do distrito de Santarém que não integra as associações de municípios ribatejanas. Ao longo do ano os autarcas locais bem protestaram, mas sem efeitos concretos.Actor ajuda a roubar maioria ao PS em Vila Franca de XiraO actor João de Carvalho apresenta-se como candidato do PSD à Câmara de Vila Franca de Xira, contribuindo mais tarde, tal como a CDU, para a retirada da maioria absoluta da socialista Maria da Luz Rosinha. Com quem haveria de partilhar o poder ao aceitar pelouros para o PSD e assim garantir a governabilidade do município.António Mendes e Nelson Carvalho deixam câmaras Um dos “dinossauros” do poder local ribatejano anuncia logo no primeiro trimestre que não se recandidata à presidência da Câmara de Constância. António Mendes (CDU) esteve no poder 23 anos. Meses mais tarde, será a vez do presidente da Câmara de Abrantes, Nelson Carvalho, anunciar a mesma decisão. São os únicos presidentes de câmara que não se candidatam a novo mandato. Que para muitos será o último por imperativo da lei de limitação de mandatos.Moção de censura ilegal em AlmeirimNo final de Fevereiro, a bancada do PS na Assembleia Municipal de Almeirim propõe e aprova uma moção de censura ao eleito socialista e ex-presidente da assembleia Armindo Bento. Uma posição imprevista na lei, que apenas destina as moções de censura ao executivo camarário. A cisão entre socialistas motiva o surgimento, meses mais tarde, de um movimento independente que concorre aos órgãos autárquicos sem grande êxito.Mais uma baixa na equipa de Moita FloresNo início de Março, a vereadora Lígia Batalha (PSD) suspende o mandato na Câmara de Santarém por razões “políticas, pessoais e profissionais”. É o terceiro elemento da maioria PSD liderada por Moita Flores a abandonar o barco. Da equipa inicial do PSD só Moita Flores chegou ao fim.Assembleia Distrital serve para quê?No final de Abril a Assembleia Distrital de Santarém volta a ser notícia. E mais uma vez pela negativa. O órgão não reúne há muito tempo por falta de quórum. E a colónia balnear da Nazaré, o seu património mais valioso, degrada-se a olhos vistos.As provocações de Moita Flores O presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), não foge a uma boa polémica. Em Maio, a pretexto da saída do socialista Paulo Fonseca do Governo Civil de Santarém para ser candidato à Câmara de Ourém, Moita Flores elogia Paulo Fonseca no seu habitual artigo de opinião semanal no Correio da Manhã. As palavras caem mal no PSD. A candidatura do PS em Ourém aproveita o artigo a seu favor.Mulheres ao poderAs eleições autárquicas de 2009 ficam na história, pelo menos na da região, com a chegada ao poder municipal de um número invulgar de mulheres num país onde a política só há pouco deixou de ser coutada quase exclusivamente masculina. Candidatas a presidente não faltaram e algumas delas foram eleitas ou reeleitas. Em Outubro, as presidentes das câmaras de Salvaterra de Magos e Vila Franca de Xira passam a ter homólogas em Alcanena, Abrantes e Rio Maior.Viva o 10 de Junho!As comemorações nacionais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas transformam Santarém por dois dias na capital política do país. O Presidente da República, o primeiro-ministro e boa parte do Governo e do corpo diplomático passam pela cidade. O município não olhou a meios para dar grandiosidade ao momento. As contas ainda estão por fazer. E prometem dar que falar.Barreiro e Antão fora de jogoA disputa por um lugar nas listas do PS às legislativas de 27 de Setembro começou a fazer sangue em Julho em Santarém. O ex-presidente da Câmara de Santarém Rui Barreiro e o deputado Nuno Antão são derrotados na votação interna. O partido dá-lhes a mão mais tarde: Barreiro sobe a secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural e Antão integra a equipa de Sónia Sanfona no Governo Civil de Santarém. O “eterno” Jorge Lacão, mais tarde promovido a ministro, encabeça a lista. Manuela Ferreira Leite afasta Miguel Relvas Em pleno Verão, o deputado Miguel Relvas é afastado da lista do PSD por Santarém às legislativas, para onde tinha sido indicado como número um pela distrital “laranja”. A decisão da líder do partido, Manuela Ferreira Leite, deixa o partido em polvorosa na região e Moita Flores não perde a oportunidade para lançar mais umas farpas a Ferreira Leite, dizendo que não vai votar nela nas legislativas.Sócrates medalhadoEm Agosto o primeiro-ministro, José Sócrates, elogia a “coragem” da Câmara de Santarém em lhe atribuir a Medalha de Ouro da Cidade. A decisão tomada em Junho pelo executivo camarário, sob proposta do seu presidente, é legalmente duvidosa e incomoda o PSD. A decisão de distinguir o Presidente da República e o primeiro-ministro foi tomada numa reunião marcada com pouca antecedência e em que só participaram cinco dos nove elementos do executivo. Os dois vereadores militantes do PSD faltaram alegando razões de saúde.A primeira vez do Bloco O PS é o grande derrotado na região nas eleições legislativas de 27 de Setembro. Perde dois dos seis deputados: um para o Bloco de Esquerda, que elege pela primeira vez um representante por Santarém, e outro para o CDS/PP, que recupera o deputado perdido há quatro anos. O PSD e a CDU mantêm três e um parlamentares.Mudanças em Alcanena, Alpiarça, Rio Maior e Ourém As eleições autárquicas de 11 de Outubro são fartas em novidades, pelo menos tendo em conta o panorama dos tempos mais recentes. Paulo Fonseca conquista pela primeira vez a Câmara de Ourém para o PS. Isaura Morais (PSD) vence o “dinossauro” socialista Silvino Sequeira em Rio Maior. Fernanda Asseiceira recupera a Câmara de Alcanena para o PS e os comunistas reconquistam o simbólico bastião de Alpiarça pela mão de Mário Pereira. Juntam-se ainda como caras novas no poder autárquico Maria do Céu Albuquerque (PS) em Abrantes e Máximo Ferreira (CDU) em Constância, que se mostraram à altura dos seus antecessores e mantiveram as autarquias nas mãos das suas cores políticas.

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