Retrospectiva 2009 | 04-02-2010 10:14

“Sinto orgulho de contactar com pessoas que têm uma grande experiência de vida”

“Sinto orgulho de contactar com pessoas que têm uma grande experiência de vida”
Raramente usa gravata. É porque os comunistas gostam de dar uma imagem de trabalhadores?Há uma certa imagem do PCP associada a essa ideia, mas não costumo usar gravata porque não gosto. Às vezes, em certas situações, tenho que a usar, mas sempre que posso dispenso. É um hábito. Se não fosse professor o que gostaria de ter sido?Jogador de futebol. Joguei no Águias de Alpiarça desde os infantis aos seniores. Fiz parte do plantel sénior, embora não utilizado porque ainda era júnior, que ganhou a Taça Ribatejo. Mas também podia ter optado por ser jornalista porque é uma área que gosto e porque adoro escrever. Como é que se meteu na política?Aderi ao PCP aos 16 anos. Os meus familiares já eram pessoas ligadas ao partido. Na altura já tinha alguma consciência social mas ainda pouco política, mas que foi sendo sistematizada ao longo do tempo. Deve ter começado a colar cartazes…No início fui um militante pouco exemplar nesse aspecto, porque também passei algum tempo a viver fora de Alpiarça. Estive a estudar e a trabalhar em Braga. Quando regressei a Alpiarça, em 2000, comecei a ter uma participação mais activa no partido. E foi quando comecei a aprender muitas coisas com os camaradas mais experientes.Quando andava a estudar os seus colegas gozavam-no por ser comunista?Não. Mas viam a minha militância como algo exótico porque estava numa zona em que socialistas e sociais-democratas dominavam. Nunca escondi a minha faceta e isso até deu origem a debates e discussões políticas. Costuma beber vinho de Alpiarça?Durante muitos anos convivi com o sector vinícola. Os meus avós eram produtores e eu ajudava na adega. Bebo socialmente, num jantar com amigos por exemplo, e sempre que possível escolho marcas de Alpiarça. Quando era estudante alguma vez foi expulso da sala de aulas?Fui uma vez para a rua porque estava a conversar com um colega na aula de educação visual. Não era um aluno exemplar mas também não me portava mal. Sempre tive algum sentido de responsabilidade e compreendia o esforço que a minha família fazia para que eu pudesse estudar. Como é que se sente num partido em que a maior parte dos militantes têm mais de 65 anos?A estrutura do PCP é um reflexo do envelhecimento da população de Alpiarça e do país. Tem havido tentativas de rejuvenescimento do partido. Pessoalmente sinto-me bem porque as pessoas que têm um papel activo no partido são pessoas válidas e com muita energia e muito para dar ainda à politica. Sinto um orgulho grande de poder contactar com pessoas que têm uma grande experiência de vida. É fiel à doutrina partidária?A teoria só é válida se for associada à realidade, à prática. Não abdicando de algumas linhas gerais de orientação que são fornecidas pela doutrina política ou ideológica, no nosso partido somos muito maleáveis.É mais difícil ser presidente de câmara ou ser professor?Não é fácil ser professor nestes tempos que correm, ainda por cima com as alterações permanentes na política educativa e com a forma como o ministério tem encarado o papel do professor. São situações que provocam grande desgaste e que levam à frustração de muitos professores. Ser presidente de câmara, pelo que me parece nestes primeiros tempos, não é uma tarefa muito simples. Não sei o que será mais difícil. Ainda é uma pessoa tímida, como confessou quando se candidatou pela primeira vez à câmara em 2005?Continuo a ser tímido. É um traço de carácter que não é fácil de contrariar, mas tem havido um grande esforço da minha parte para mudar e tem havido algum sucesso. Aqui há uns anos não me imaginaria a fazer 15 por cento das coisas que tenho feito ultimamente.* Texto baseado em entrevistas concedidas a O MIRANTE a 4/9/2008 e 3/12/2009Um adepto do debate de ideias Depois de três vitórias do PS no concelho de Alpiarça, Mário Pereira, um professor de história de 39 anos, recuperou a autarquia para a CDU protagonizando uma das surpresas eleitorais das eleições autárquicas. Futebolista no clube da terra dos infantis aos seniores gosta muito de escrever e a sua curiosidade pelo que se passa à sua volta leva-o a confessar que não se sentiria mal se tivesse enveredado pelo jornalismo. Um dos seus objectivos é dissipar o clima de crispação política que estava instalado no seu concelho.Mário Pereira é licenciado em História e Ciências Sociais pela Universidade do Minho. Exerce a profissão de professor desde 1995. Quando se candidatou a presidente da câmara de Alpiarça leccionava em Moimenta da Beira o que o levava a estar afastado da família durante a semana. É filho único. O pai morreu antes dele nascer e foi criado pela mãe em Alpiarça. É casado e tem dois filhos.Inscrito no Partido Comunista Português desde os 16 anos de idade, integra a Direcção da Organização Regional de Santarém e a Comissão Concelhia de Alpiarça do PCP. Foi 3º Candidato da CDU na lista para a Câmara Municipal de Alpiarça em 2001;foi o 1º Candidato da CDU na lista para a Câmara Municipal de Alpiarça, em 2005 e foi candidato na lista da CDU pelo distrito de Santarém às Eleições Legislativas de 2002 e 2005. Foi pela primeira vez à Festa do Avante com a mãe, quando tinha 10 anos. Nos últimos anos trabalha pelo menos um dia na montagem da Festa e costuma assistir aos principais espectáculos.Não gosta do conflito pelo conflito mas também não é adepto da tranquilidade das águas paradas e acha fundamental o confronto político e o debate de ideias para que sejam encontradas as melhores soluções para os problemas.

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