28º Aniversário | 18-11-2015 11:35

“Os recursos humanos são precários na região”

Fale-me da sua vida de empresário e da forma como chegou a este negócio? Fui comerciante colectado entre 1978 e 2006 em nome individual no ramo dos electrodomésticos. Em 1994 vendi um equipamento de TV via satélite a um senhor francês, representante de uma empresa que tinha como objectivo a venda de cenouras a Portugal. Conversa puxa conversa e falamos da minha exploração agrícola. Aí o senhor propôs-me fazer o cultivo de alguns hectares de batata primor em regime de experiência com vista à exportação.Os resultados foram tão bons que daí em diante não paramos de crescer, contratamos outros produtores em contratos de parceria onde fornecemos a batata de semente, prestamos assistência técnica à produção durante todo o ciclo vegetativo, para obtenção de um produto final nas melhores condições e de boa qualidade, onde asseguramos o escoamento de toda a produção da área contratada derivada.A partir de 2002 deixámos a exclusividade de exportação e começámos a explorar o mercado nacional. Presentemente cerca de 20% da produção obtida destina-se a diversos clientes do país, sendo que cerca de 80% de toda a nossa produção tem como destino as “Oliveirinhas”, uma parceria de longa data.Assim nasceu e cresceu a Francicampo Lda., activa até aos nossos dias. Com pouco mais de uma dúzia de produtores, mais de uma centena de hectares de batata primor em produção, comercializamos 240.000 kg de batata de semente, comercializamos mais de 3.600.000 de kg de batata primor com facturação superior a 900.000 euros.A família ajuda e é parte importante da estratégia empresarial? A família é preponderante e indispensável, quer na exploração agrícola, quer na Francicampo. Ambas as atividades envolvem a gestão familiar, cada elemento tem defendido a sua tarefa e responsabilidade.Como classifica os recursos humanos disponíveis no mercado? Os recursos humanos são precários na região. Cada vez é mais difícil arranjar alguém para trabalhar no campo. Esta situação obriga ao aceleramento da mecanização agrícola.Está preparado para tudo na sua vida de empresário? A preparação para a vida de empresário é sempre relativa, tendo em conta as adversidades climatéricas e dos mercados agrícolas a ainda a própria conjuntura mundial.Comente a situação actual do país onde vive e da sua região em particular. A situação actual do país e da região é sem dúvida muito má, veja-se a saúde, a segurança social, o emprego etc... Qual a tradição que nunca podemos deixar morrer? A tradição que não podemos deixar morrer é a que herdamos dos nossos antepassados, que é respeitar e fazer respeitar.O respeitinho é muito bonito? O respeitinho é muito bonito, sim senhor.Gosta de uma boa discussão? Não gosto de uma boa ou má discussão. Evito sempre que posso.Já se sente à vontade a escrever com o novo Acordo Ortográfico? Não. Sendo uma pessoa já de idade tenho dificuldade na adaptação ao novo acordo ortográfico e também não percebo a sua utilidade.Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer? Deitar cedo e cedo erguer... esta é boa! Era a recomendação que mais se ouvia aos meus avós nas noites frias de Inverno. Menos lenha se queimava nos serões, tendo em conta que em meados do século passado não havia televisão, passatempos ou distrações.O que tem que fazer um homem para ser um verdadeiro homem? O Homem para ser verdadeiro, tem que ser honesto e igual a si próprio.Ler jornais é saber mais? Ler jornais não é passatempo, é inteirar-se do que se passa à sua volta das coisas boas e más que nos rodeiam. É uma forma de nos instruirmos é valorizarmos.Quais as qualidades que mais aprecia numa pessoa? A melhor qualidade? Respeitadora, franca, honesta.Qual é o seu maior defeito? O meu maior defeito é ter sido fumador.Gosta de ir votar? Não gosto de ir votar, sei que o meu voto não vale mais por isso.Alguma vez escreveu um poema? Sim, gosto de escrever poesia. Ao longo da minha vida escrevi muitos poemas, os quais não valorizava por não achar interesse. Também a minha vida profissional activa não me deixou tempo para escrever o que gosto. Agora na decadência da vida tenho valorizado mais esse gosto. Há alguns anos escrevi as “Gerações Vivas” em poesia. Ultimamente escrevi “ A razão de um ser” editado em Janeiro de 2014. Em 13 de Janeiro de 2015 foi lançado o livro “Tempo de outros Tempos” e lá para o final do ano será editado “Terra de Sonhos”. Durante quanto tempo é capaz de guardar um segredo? Um segredo é para guardar toda a vida, senão não faz sentido.Fecha a água enquanto escova os dentes ou enquanto se ensaboa no banho? Tendo em conta que a água é a vida cabe-nos saber geri-la.Alguma vez deu sangue? Estamos a falar do líquido mais precioso. O sangue dá vida às nossas vidas e mantém vivo todo o ser do universo. Sou dador de sangue medalhado.A Justiça é igual para todos? Não quero contradizer ninguém mas a justiça actual é injustiça.Gosta de grandes reuniões familiares? Família sim, gosto de estar em família. Cada vez é mais raro ter oportunidade de conviver em família, de conversar enquanto os pequenos brincam, conviver com os nossos que estão mais distantes, acompanhar o crescimento dos miúdos.Alguma vez assistiu a uma tourada ao vivo? Sim, gosto de uma boa tourada ao vivo ou não fosse ribatejano.O que sente quando vê pessoas a pagar promessas de joelhos em Fátima? Sendo crente por afinidade confesso que me causa algum desconforto por ver e sentir o sofrimento das pessoas.

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