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Especialista em património questiona segurança do Convento de São Francisco

Especialista em património questiona segurança do Convento de São Francisco

Na sequência dos alertas presidente da Câmara de Santarém quer que entidades competentes avaliem estado do edifício. Jorge Custódio apresentou uma moção na última Assembleia Municipal de Santarém em que defendeu o encerramento temporário do monumento nacional e criticou a forma como o espaço tem sido utilizado desde que reabriu, em 2009, pela mão do município.

O movimento Mais Santarém critica a forma como o Convento de São Francisco tem vindo a ser utilizado desde 2009, quando reabriu ao público pela mão da Câmara de Santarém, e defendeu na última assembleia municipal que o monumento nacional fosse encerrado ao público e se nomeasse uma comissão para inspecção, estudo e valorização do imóvel.
A moção do movimento independente acabou chumbada, mas o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves decidiu convocar uma reunião com a Direcção Geral do Património Cultural, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), técnicos da autarquia e o historiador Jorge Custódio (em representação do Mais Santarém) para debater e avaliar questões relacionadas com a segurança do próprio edifício, que vai continuar aberto até que essas entidades se pronunciem.
O eleito do Mais Santarém, Jorge Custódio - historiador, especialista na área do património e que foi coordenador da candidatura de Santarém a património mundial -, não poupou nas críticas, dizendo que o edifício abriu “sem que se verificassem as mais elementares regras de segurança do público e de qualidade”.
“Sujeitam-se os espectadores ao perigo de eventuais derrocadas de paredes ainda não concluídas e da cobertura da igreja que esforça, diariamente, as paredes-mestras das naves, especialmente a nave central”, lê-se na moção do Mais Santarém.
O presidente da Câmara de Santarém diz que em 2010 um relatório do LNEC apontou algumas patologias no edifício, que foram corrigidas em 2011 por uma empresa contratada para o efeito. Mas, face aos alertas de Jorge Custódio, o autarca prefere jogar pelo seguro e desfazer dúvidas. “Queremos que essas entidades avaliem o estado do monumento e serão tomadas medidas em função do que resultar dessa reunião. Se aconselharem a fechar temporariamente, fechamos”, afirma Ricardo Gonçalves.
Jorge Custódio criticou ainda a construção “à pressa” de uma “rosácea falsa, para fechar pela frente o edifício, alterando a sua verdade histórica e valor arquitectónico” e não poupou a exposição permanente ali existente. “Montou-se uma exposição com objectos móveis apanhados à pressa no acervo de bens de inventário - sem contar com o próprio saber de alguns técnicos especializados funcionários da câmara municipal - mostrando erros científicos que fazem da mostra uma das piores manifestações da incultura patrimonial, motivo de críticas de muitos visitantes”, lê-se na moção.
A utilização do monumento para a realização de eventos vários também não escapou à crítica contundente. Jorge Custódio diz que a Câmara de Santarém “fez do Convento de S. Francisco um local sem missão, vocação e sem objectivos definidos, além do mediato ou imediato” e que “vocacionou-se o espaço para funções pouco dignas de um monumento de origem religiosa, como espectáculos e sessões de toda a ordem, com nível, sem nível, que mancham não apenas o espaço onde ocorrem, como põem em causa os bons costumes da autoridade municipal”.
Ricardo Gonçalves respondeu dizendo que quem diz isso não está a ir contra a câmara mas sim contra as associações e forças vivas do concelho, que são quem organiza a maior parte dos eventos ali realizados.

Especialista em património questiona segurança do Convento de São Francisco

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