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“Temos que ser competitivos para sermos procurados”

“Temos que ser competitivos para sermos procurados”

Antigo ministro Mira Amaral foi o orador convidado do ciclo de debates “Política Industrial para o século XXI”, organizado pela Nersant, onde defendeu que é fundamental uma nova política industrial centrada na competitividade das empresas.

“A agricultura e a indústria representavam, em meados da década de 1990, quase 30 por cento (%) do PIB [Produto Interno Bruto], hoje representam apenas 16%. É imperativo uma nova política industrial centrada na competitividade das empresas, para que desse modo se possa assegurar um crescimento sustentado das exportações”. A opinião é de Mira Amaral, administrador executivo da SPI (Sociedade Portuguesa de Inovação) e antigo ministro da Indústria, convidado do ciclo de debates intitulado “Política Industrial para o século XXI”, que decorreu no auditório da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém na tarde de 1 de Junho, em Torres Novas.
Mira Amaral afirma que Portugal é um país “quase sem capital” que necessita de investimento estrangeiro “como de pão para a boca” e que por isso é necessário sermos um país atractivo para que haja interesse em fazer esse investimento. “Temos que ter competitividade de escala, por exemplo, em relação aos combustíveis. Como é óbvio, se uma empresa tem possibilidades de abastecer a sua frota automóvel num local mais barato como Espanha não vai fazê-lo em Portugal onde o preço é mais elevado. Temos que ser competitivos para sermos procurados”, disse.
O administrador referiu ser fundamental haver uma maior ligação dos politécnicos e universidades às empresas. “Temos que ter mais doutores injectados nas empresas. Formaram-se milhares de doutores mas apenas 3% está a trabalhar em empresas. O número de doutorados em engenharia e tecnologia desceu 10% em dez anos e precisamos de engenheiros tecnológicos para que as empresas estejam preparadas para o futuro. O futuro é o aprofundamento da terceira revolução tecnológica que é a electrónica e sistemas digitais”, sublinhou.
A presidente da direcção da Nersant, Salomé Rafael, referiu que a área da indústria tem vindo a perder algumas empresas, mas que este continua a ser um sector determinante, não só pela tecnologia e inovação mas também pelo emprego que tem criado e vai continuar a criar. “É verdade que daqui a uma década podemos ter algum desemprego em algumas áreas mas também é verdade que nas áreas das tecnologias avançadas vão criar-se novos empregos. Temos que apostar nas start-up e clusters de forma determinada porque vão ser muito importantes no futuro”, considerou, acrescentando que as empresas devem concorrer aos programas de financiamento comunitário.
Salomé Rafael não escondeu a preocupação por existirem muitos projectos que se candidataram ao Portugal 2020 e não foram aprovados. “Esperamos que os projectos possam ser revistos por Bruxelas. Estamos também preocupados com os atrasos nos pagamentos do QREN [anterior quadro comunitário que terminou em 2013] uma vez que as empresas estão com falta de capitalização todos os dias e importa que essas verbas sejam repostas”, alertou.
A sessão contou com a presente do presidente da CIP (Confederação das Indústrias Portuguesas), autarcas, nomeadamente os presidentes das câmaras municipais de Torres Novas e Santarém, Pedro Ferreira e Ricardo Gonçalves, respectivamente, e empresários do sector.

“Temos que ser competitivos para sermos procurados”

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