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“As universidades fazem empregados mas não fazem empregadores”

“As universidades fazem empregados mas não fazem empregadores”

Hugo Pereira, gerente da HCP - Construção de Pavilhões Industriais de Rio Maior. Hugo Pereira não conseguiu concluir a licenciatura em Gestão porque abriu a sua própria empresa muito novo e não conseguia conciliar essa responsabilidade com os estudos.

É crítico das universidades porque acha que apenas conseguem formar empregados e não empregadores. Está à espera da sua primeira filha e coloca esse assunto no topo das suas prioridades actuais. Gosta de marcar viagens ao estrangeiro por impulso. Diz que sempre teve uma excelente relação com os pais e que foi com eles, com as suas virtudes e os seus erros, que apendeu quase tudo o que sabe. Gosta de estar com os amigos e de ver um bom jogo de futebol ou um bom filme. Não prescinde de uma canja ou de polvo à lagareiro.

Sempre gostei de gestão. Acredito que o contacto que tive com a empresa do meu pai e do meu tio, com os clientes e os fornecedores, acabou por me apaixonar por esta área, porque comecei a trabalhar na empresa deles que está no mesmo ramo que a HCP, construção e montagem de pavilhões industriais e agrícolas. Hoje sou responsável por esta empresa cuja sigla vem do meu nome Hugo, da minha irmã Cátia (sócia da empresa) e do nosso apelido Pereira.
Não conclui os estudos porque comecei a trabalhar. Fiz o 12º ano e iniciei o curso de Gestão na Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém. Estive lá três anos mas não cheguei a concluir porque com 20 anos já estava responsável pela HCP e não era fácil conciliar as duas coisas. Apesar de ter apoio dos meus pais nos estudos, precisava de tempo para dedicar à minha empresa que estava em fase de arranque. Ainda tentei estudar à noite mas não conseguia ir a muitas aulas. Hoje começa a ser difícil concretizar esse curso ou outro ligado à área. Além disso tenho prioridades como a minha primeira filha que nasce em Dezembro.
O meu pai apostou no mercado de Angola, onde está e eu fiquei por cá com a minha mãe. Tive sempre uma relação próxima com os meus pais e muitas das coisas que aprendi sobre esta profissão foi com o meu pai. As coisas boas e as coisas más. Mas também já dei os meus pontapés na pedra, como costumo dizer. Já falhei como é óbvio. Às vezes pensamos que sabemos tudo mas há sempre alguma coisa a aprender, até mesmo com os erros. Normalmente aprendemos mais com os nossos erros do que com os dos outros.
A maior dificuldade que senti foi ser aceite com a minha idade. Ainda hoje em dia é um tabu que por vezes não é fácil de contornar. Houve uma altura em que foi difícil chegar ao pé dos clientes e mostrar que a empresa tinha credibilidade no mercado. Felizmente as coisas correram bem.
Acho que as universidades fazem empregados mas não fazem empregadores. Não noto que consigam ajudar as pessoas a liderar ou a serem empreendedoras e poderem abrir uma empresa para dar oportunidades a outras pessoas de trabalhar. A educação não está a acompanhar a evolução do mercado. Contam-se pelos dedos de uma mão o número de amigos à minha volta que sejam empregadores.
Apesar do trabalho ainda vou conseguindo ter algum tempo livre. Tento sempre viajar nas férias, estar com a minha namorada e aproveitar esses tempos. Uma vez por ano viajo para o estrangeiro: Paris, Roma, Madrid, Barcelona e no ano passado fui ao México que foi a viagem mais longe que fiz e a melhor. Aconselho vivamente a quem puder ir lá por causa do descanso que proporciona. Para mim é mais engraçado marcar uma viagem por impulso, ir e perceber o que vai surgir do que planear um destino de sonho.
A cidade mais bonita onde estive até agora foi Paris. A cidade tem um certo glamour. No Verão vou mais para a praia para relaxar e ouvir as ondas do mar - quando aqui é só martelos e barulho. No Inverno gosto de ver filmes em casa à lareira. Com o avançar da idade prefiro combinar uma jantarada e uma noite com amigos do que ir para a discoteca. Além disso, quem me tira uma bela canjinha de galinha ou um belo polvo à lagareiro tira-me tudo.
Sou sportinguista mas não sou um adepto fervoroso. Se calhar já fui mais ao estádio do Benfica do que do Sporting. Do que gosto acima de tudo é ver um bom jogo de futebol. Nos últimos tempos tenho feito corrida à noite, embora no Verão, como há mais trabalho, não pratico tanto. Junto-me a dois colegas e temos ido a algumas provas, como a Scalabis Night Run em Santarém. Costumo fazer 51-52 minutos quando os profissionais fazem-no em meia hora. É mais pelo gozo e claro que também é saudável.
Costumo ir ao festival Sudoeste que acontece ao pé da minha praia preferida que é a Zambujeira do Mar. Gosto de música pop rock, internacional ou portuguesa. Como viajo muito em trabalho oiço muita rádio. Já sei de cor muitas das minhas músicas preferidas. Gosto muito do meu trabalho que me permite conhecer muitas pessoas diferentes que, de outra forma, talvez não conseguiria conhecer. O facto de lidar diariamente com essas pessoas permite que as relações comecem a sair fora do contexto trabalho, o que me dá muito prazer.

“As universidades fazem empregados mas não fazem empregadores”

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