Fisioterapeuta de Rio Maior trata da saúde aos nossos atletas nas Olimpíadas
Susana Nogueira já está no Rio de Janeiro ao serviço da delegação portuguesa. A fisioterapeuta trabalha no Centro de Estágios de Rio Maior e exerce também numa clínica na Benedita.
Entrou nessa área sem saber para o que ia e hoje adora o que faz. Realiza-se a ajudar pessoas e detesta lidar com a papelada.
Depois de Pequim em 2008, Susana Nogueira volta a estar com a comitiva nacional nuns Jogos Olímpicos - os do Rio de Janeiro que começam esta sexta-feira, 5 de Agosto. “Costumo dizer que não fiz os mínimos para Londres”, afirma entre risos Susana Nogueira que chegou a estar pré-convocada para os Jogos Olímpicos de Inglaterra, em 2012, mas acabou por não ir.
A fisioterapeuta de 38 anos está desde o dia 1 de Agosto no Brasil, nos seus segundos Jogos Olímpicos e revela a O MIRANTE
que o facto de trabalhar habitualmente com atletas olímpicos teve influência na sua chamada para Pequim e agora para o Rio. “Mas nos Jogos Olímpicos atendemos toda a comitiva nacional”, ressalva.
Susana nasceu na Mata do Rei (aldeia do concelho de Santarém), fez os seus estudos em Rio Maior até ao 12.º ano e seguiu para Coimbra para tirar um curso superior. “Desde pequena que queria tirar Medicina, era boa aluna e quando fui para a Escola Superior de Tecnologia da Saúde escolhi fisioterapia como outra opção, sem saber o que era. Acabei por não ficar em medicina e fui para a fisioterapia, área pela qual me apaixonei logo”, conta.
Na semana seguinte à conclusão do bacharelato de três anos, Susana conseguiu o seu primeiro emprego e com a realização profissional deixou cair medicina. Entrou para uma clínica na Benedita para fazer as férias de um colega e quando as terminou foi para o hospital de Alcanena. “Nessa altura tinha sete propostas de emprego, hoje é impensável”, sublinha. Com a boa impressão que deixou na Benedita a clínica contratou-a. “Lá existem prazos mais curtos e um stress que não existe num hospital, algo que tem a ver comigo e com a fisioterapia em desporto que é a minha vocação”, afirma.
Desde então que trabalha de manhã na Benedita (Alcobaça), o que lhe permitiu fazer a licenciatura em fisioterapia em Coimbra, trabalhar na Nazaré e antes de ir para o Centro de Estágios de Rio Maior, em 2004, trabalhar no desporto, designadamente no basquetebol em Rio Maior ou no futsal na Benedita.
Ao entrar no Centro de Estágios de Rio Maior trabalhou com a selecção nacional de juniores de andebol e preparou também os Jogos Olímpicos de Atenas, embora não tenha ido à Grécia. Pontualmente fez trabalhos para o Comité Olímpico e esteve em vários países: Festival Olímpico da Juventude Europeia na Sérvia em 2006, taças da europa e do mundo, Kuwait, República Checa, França ou Inglaterra, trabalhando com várias modalidades.
“É difícil conhecer os países onde vamos em trabalho”
Susana lida diariamente com pacientes com dores o que é um desafio, embora no desporto também faça prevenção. “Prefiro lidar com pessoas do que estar agarrada a papéis - dava em doida. E como são pessoas fragilizadas que não estão no seu estado normal tento levar as coisas na brincadeira e aliviar o ambiente porque sou uma pessoa positiva”, diz.
Gerir o tempo é outro desafio e quando tem tempo livre aproveita para ler, descansar e dedicar-se à família. Susana é casada e tem uma filha com cinco anos que diz-lhe querer ser como a mãe, “só não sabe dizer fisioterapeuta e diz massagista”, conta entre risos. Viajar é também um dos passatempos, embora já tenha ido a muitos países. “É difícil conhecer os países onde vamos em trabalho. Que o digam os atletas. E só na China é que consegui passear mais porque estive lá um mês e meio e houve dois ou três dias vagos”, acrescenta.
No Brasil vão estar cinco fisioterapeutas para 92 atletas portugueses, mas como todos não competem ao mesmo tempo é possível fazer uma gestão dos recursos: “há modalidades que precisam de mais atenção, outras menos”, afirma Susana que diz que o futebol tem o seu próprio staff médico.
A fisioterapeuta está esperançada na conquista de medalhas mas pensa que se os atletas ficarem nos dez melhores já deve ser motivo de orgulho para Portugal. “Só pensamos em medalhas, mas os Estados Unidos da América têm 500 atletas e se fizermos o rácio se calhar estamos bem”, sublinha.
Em 2020 os Jogos Olímpicos realizam-se no Japão, mas para Susana é cedo pensar neles: “As coisas mudam muito em quatro anos. Em Janeiro vai haver eleições no Comité Olímpico mas dava-me prazer fazê-los porque acho que vão ser em grande”.