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Judiciária aponta falta de medidas preventivas no caso legionella
INVESTIGAÇÃO. Polícia nota actuação à revelia da lei no que diz respeito aos procedimentos

Judiciária aponta falta de medidas preventivas no caso legionella

Relatório daquela força policial aponta, “inequivocamente”, falhas na prevenção e limpeza das estruturas da ADP. Bactéria foi encontrada também noutras empresas do concelho.

Actuação à revelia da lei, falta de medidas preventivas adequadas e cumprimento “muito deficiente” das obrigações de limpeza são algumas das conclusões do relatório final da Polícia Judiciária (PJ) ao surto de legionella que afectou o concelho de Vila Franca de Xira em Novembro de 2014.
No documento, aquela força policial destaca o facto da Inspecção-Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) ter encontrado focos de infecção - além da fábrica arguida no processo, a ADP – com amostras “fortemente positivas” noutras três empresas do concelho, uma em Vialonga e outras duas na Póvoa de Santa Iria. Em todas a PJ diz que se actuou à revelia da lei, provocando “poluição significativa” por, alegadamente, não terem sido adoptadas medidas preventivas adequadas.
Contudo, apenas a estirpe da ADP foi responsável pela contaminação, por ser semelhante à que terá sido encontrada nos doentes. A PJ conclui também, “inequivocamente”, que o surto terá sido causado por aerossóis contaminados das torres da fábrica da ADP, encontrando-se “plenamente demonstrado” que o oitavo circuito de refrigeração da fábrica já se encontrava contaminado desde 6 de Outubro de 2014, um mês antes das primeiras vítimas começarem a recorrer aos hospitais.
Diz aquela força policial que terá havido uma deficiente limpeza física das instalações e a não contratação de desinfecções preventivas, essenciais à prevenção da legionella, especialmente tendo em conta a idade da estrutura fabril, a sua dimensão e a proximidade com os centros populacionais. Sobre a segunda empresa arguida no processo, a GE Power Controls, “resulta claro” que a empresa não terá aconselhado devidamente a ADP sobre os procedimentos da manutenção, considera aquela força policial.
Diz ainda a PJ que a GE Power Controls terá cumprido, de forma “muito deficiente”, as suas obrigações com a ADP. Além destas duas empresas foram também constituídos outros sete arguidos. Os arguidos, recorde-se, são considerados inocentes até que a sentença transite em julgado.
Até ao momento o processo do surto já tem 42 pedidos de abertura de instrução, quer dos arguidos quer das vítimas, que não concordam com o facto de só ter sido estabelecido um nexo de causalidade em 73 das 403 vítimas. Já as empresas pedem a sua nulidade e arquivamento.

Opinião

Para que servem os partidos políticos?

A possibilidade de metade dos infectados com legionella poder ficar de fora das indemnizações, que o Estado deve pagar às vítimas, é um assunto que deveria mobilizar todos os partidos políticos com representação nas autarquias de Vila Franca de Xira.
Se é verdade que metade das vítimas não teve o apoio que devia ter tido, para chegar à justiça, num caso de saúde pública que já é digno de figurar nos anais da história como um dos mais graves, para que é que servem os partidos políticos na nossa democracia?
Estamos à beira de eleições autárquicas; a sociedade civil devia mobilizar-se e ajudar as vítimas; e obrigar os partidos políticos e os seus representantes a assumirem as suas responsabilidades na defesa dos mais fracos e desprotegidos; daqueles que estão nas mãos dos banqueiros e dos grandes empresários que dominam os interesses instalados e são eles próprios os donos disto tudo.
Vila Franca de Xira devia começar a pensar num monumento, ainda que simbólico, ou não, de homenagem às vítimas, para que também servisse de pressão contra o Estado e todos aqueles que se demitiram, e ainda se demitem, das suas responsabilidades.
Um monumento aos cidadãos desprotegidos que pagaram com a vida o facto de terem escolhido o concelho de Vila Franca de Xira para nascerem e viverem; um monumento para que todos os dias e todas as semanas, e para sempre, possamos mostrar ao mundo que fazer Justiça não é só prender políticos e polícias corruptos; assassinos e gatunos.
Em Vila Franca de Xira, como em muitas terras do mundo civilizado, é proibido atravessar a estrada fora das passadeiras; é o Estado a determinar o que deve fazer pela nossa segurança; como é que podemos admitir que nestes tempos em que o Estado tem todos os serviços de saúde grátis, não tenha mão pesada para todos aqueles que nos matam com mão invisível? JAE

Judiciária aponta falta de medidas preventivas no caso legionella

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