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Há mais trabalho mas também há mais amor no seio de uma família numerosa
Elsa e Alexandre Faria são de Santarém e têm quatro filhos, todos rapazes

Há mais trabalho mas também há mais amor no seio de uma família numerosa

O MIRANTE acompanhou o VI Encontro de Famílias Numerosas do distrito de Santarém, este ano em Rio Maior. Os casais são unânimes: estão gratos por conseguirem manter uma família estável, quando nos dias de hoje se desmoronam tantos casamentos mesmo sem filhos.

As férias no estrangeiro acabam, as idas ao cinema também, os jantares fora são raríssimos e uma ida às compras pode transformar-se num completo filme de terror. Em casa, são raros os momentos de silêncio e, quando alguém pensa em descansar um pouco, é pura ilusão. Mas, em contrapartida, no seio das famílias numerosas pais e filhos são unânimes: há amor a quadruplicar ou até mais.
Exemplo deste modo de estar na vida em que a descontracção e o discernimento têm que imperar é a família Francisco, de Tomar, que tem oito filhos. Ambos professores, o pai do ensino superior e a mãe do primeiro ciclo, estão já habituados a impor regras e muita disciplina. O casal não se arrepende de remeter para segundo ou terceiro plano hábitos que tinham quando não tinham filhos. Foram todos planeados, pois sempre sonharam ter uma família grande.
No dia em que se realizou o VI Encontro de famílias Numerosas, a 8 de Setembro, em Rio Maior, O MIRANTE verificou que é necessária uma enorme logística, começando, desde logo, por encontrar lugar para estacionar os carros, quase todos carrinhas com oito lugares. Apenas seis famílias aderiram ao evento, mas chegou para dar muita vida ao Jardim Municipal de Rio Maior. O ambiente era familiar pois são praticamente os mesmos casais que aderem desde o início ao encontro. O almoço em modo pic-nic foi partilhado entre todos com o que cada família levou.
O filho mais velho do casal Francisco, com 28 anos, é já casado. Os outros sete ainda estão em casa e têm idades entre os 13 e 22 anos. No início ainda iam todos aos encontros, mas a idade de adolescente já lhes confere uma certa autonomia e alguns preferiram ficar em casa.

Regresso às aulas é um tormento de despesas
O casal Francisco reside numa zona da cidade de Tomar que permite irem todos a pé para as escolas o que facilita a rotina diária e traduz-se numa forma de poupança. Almoçar em casa é também outra forma de economizar o orçamento familiar. Onde não conseguem apertar os cordões à bolsa é na educação. O mês de Setembro é o maior inimigo das famílias numerosas. Principalmente quando há propinas a pagar, a multiplicar por quatro. Mas, com a descontracção que a caracteriza, Luísa Francisco remata: “Antes em material escolar do que em médicos”.
O casal nem consegue fazer bem as contas do que investe no regresso à escola, mas tudo somado são mais de mil euros agora com apenas quatro filhos a estudar no ensino obrigatório, já que os outros quatro já trabalham.
Maior estrangulamento financeiro inerente ao regresso às aulas enfrenta a família Gameiro, que tem a seu cargo um casal de gémeos com 20 anos e outros dois com 15 e 24. Três deles frequentam a universidade e o mais novo vai para o 10º ano. Lurdes e Jorge Gameiro, também de Tomar, tiveram o primeiro filho, foram à procura do segundo e surgiu o casal de gémeos, um rapaz e uma rapariga. E há 15 anos, também planeado, surge o caçula. O que mais custou foi passar de um para três, refere Lurdes Gameiro entre risos. A partir daí foi manter a organização e ao invés de serem três passaram a ser quatro, conta o casal entre risos. As propinas são, sem dúvida, o peso maior do bolo, mas há ainda os alojamentos, as viagens ao fim-de-semana e a alimentação, tudo isto a multiplicar por quatro.
A multiplicar é também o número de vezes que tem que se pôr a máquina a lavar e as vezes que se visita o estendal e o passar a ferro. Todos têm tarefas bem designadas. Cada um é responsável pelo seu quarto e não há nada que possa sair da rotina, pois se um falha tudo se desmorona. “É um sonho ter uma família grande e estável, numa altura em que por vezes nem sequer é fácil manter um casamento estável”, refere em tom de gratidão Lurdes Gameiro.
Tudo o que pode passar de um irmão mais velho para um mais novo é regra sem excepção. O pai é a quem cabe manter a disciplina para não se zangarem entre eles. Vão passando palavra de uns para os outros sobre as regras do dia-a-dia e sabem bem quais são os limites.

“Funcionamos quase como um esquema”
A família Faria, de Santarém, também marcou presença no encontro. Depois de uma visita às salinas de Rio Maior, a seguir do almoço, as famílias rumaram para uma tarde dedicada às crianças na Feira Nacional da Cebola de Rio Maior, que decorria nesse fim-de-semana. “Funcionamos quase como esquema”, diz Alexandre Faria, professor de profissão, tal como Elsa Faria. Terem estas profissões ajuda a conseguir preparar testes e a organizar os trabalhos de casa dos filhos. Um dos segredos revelados por esta família passa por fazer compras on-line. Fazem a encomenda do que é preciso e vêm entregar as compras a casa. “É mais cómodo e evita-se gastos supérfluos”, explica Elsa Faria.
Fazer um passeio ou ir a um concerto ou passar umas simples férias na praia pode transformar-se, de um minuto para o outro, num grande susto. Como deixar de ver um filho. “Foram os piores dois minutos da minha vida. Deixei de ver o mais pequeno em pleno concerto do Panda. Mas quando olho para o palco estava alegremente a dançar”, recorda de mão no peito Elsa Faria.
Também o casal Francisco não esquece umas férias na praia em que dos oito faltava um. “São segundos que parecem horas. Horas de grande aperto. Estava à beira mar um pouco mais ao lado do local onde estávamos. São os maiores sustos que uma mãe e um pai pode ter”, recorda também o casal.

Família Francisco, de Tomar, com os pais ao centro e quatro dos oito filhos do casal
Lurdes e Jorge Gameiro, de Tomar, ladeados por dois dos quatro filhos

Duzentas famílias do distrito inscritas na associação

Neste momento, são 200 as famílias de todo o distrito de Santarém inscritas na Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN). A procura tem aumentado, à imagem do que acontece a nível nacional. A APFN ajuda as famílias associadas a obter poupanças, nomeadamente ao nível das despesas que mais afectam as famílias numerosas: alimentação, ensino, saúde e gastos com a habitação como água e electricidade.

Há mais trabalho mas também há mais amor no seio de uma família numerosa

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