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Recuo no desconfinamento em Rio Maior  é mais um golpe para a economia local
Nelson Neves, Estela Correia, João Paulo, Gina Morais e Sérgio Ferreira

Recuo no desconfinamento em Rio Maior  é mais um golpe para a economia local

É o único concelho da região que regrediu no processo gradual de reabertura, devido ao número de casos de Covid-19. Comerciantes e população esperam que daqui a duas semanas haja uma evolução positiva.

A Praça da República, no centro de Rio Maior, já tem movimento na manhã de segunda-feira, 19 de Abril. O sol e a temperatura amena levam as pessoas à rua. Há quem esteja sentado nos bancos a conversar. Outros aguardam em fila, com distanciamento, para beber um café ao postigo, porque as esplanadas, que tinham reaberto duas semanas antes, voltaram a ser desmontadas. Rio Maior foi o único concelho da região e um dos quatro no país a recuar no desconfinamento devido ao número de casos de infectados com Covid-19.


Gina Morais tem um pronto-a-vestir no centro da cidade há mais de 30 anos. Conversa com uma cliente com um acrílico à entrada da loja a separá-las. A comerciante diz que esta situação prejudica bastante o seu negócio. “Para vender roupa as pessoas precisam vesti-la e desta forma, sem os clientes poderem entrar, é complicado. A sorte é que Rio Maior é uma cidade pequena e conhecemos bem as pessoas. Normalmente consigo acertar no número da parte de cima da roupa. Agora calças e saias é mais complicado”, diz.


A comerciante considera que é preciso ter esperança que esta fase seja ultrapassada na próxima avaliação. “Sabia que não iríamos avançar para a próxima fase de desconfinamento mas não pensei que fossemos voltar atrás”, confessa, lamentando que uma minoria que não cumpre as regras sanitárias possa colocar em causa toda a população.

Algumas empresas não aguentaram

O presidente da Associação Empresarial do Concelho de Rio Maior (AECRM), Sérgio Ferreira, considera que a situação do concelho é muito preocupante e que tem conhecimento de empresas que já encerraram portas por não terem aguentado a situação. A principal preocupação é que os empresários possam voltar a trabalhar. Sérgio Ferreira acredita que daqui a duas semanas o concelho vai avançar para a fase seguinte de desconfinamento.

“Não temos casos suficientes que justifiquem fechar o concelho. As medidas do Governo parecem-me um pouco drásticas em relação ao número de casos que temos. Acredito que o Governo tem vontade de rever as medidas, sobretudo no Algarve. Se for verdade, espero que haja igualdade também para os concelhos que não vivem só de turismo mas cujas empresas precisam de trabalhar”, declara.

A pastelaria Bellaria, no centro da cidade, teve que arrumar novamente as mesas e cadeiras de esplanada. Desde 19 de Abril voltou a vender ao postigo. Nelson Neves, funcionário do café e pastelaria, admite que existe menos procura, logo menos vendas. Também ele estava à espera que Rio Maior avançasse para a próxima fase de desconfinamento. “Pelo menos que nos mantivéssemos na segunda fase. Não temos assim tantos casos para estarmos a regredir”, afirma, acreditando que dentro de duas semanas vão avançar para a próxima fase de desconfinamento.

“Por causa de uns pagam todos”

De passo apressado O MIRANTE encontra Estela Correia, reformada, que saiu de casa só para fazer as compras mais necessárias. Na sua opinião, esta situação prejudica muito o comércio e lamenta que exista pouco controlo por parte das autoridades. “A polícia deveria andar na rua a fiscalizar porque a maioria pode cumprir as regras mas vemos muita gente sem respeitar o distanciamento social e sem utilizar máscara. Por causa de uns pagam todos, o que não é justo”, sublinha.

Sentado num dos bancos da Praça da República com alguns amigos, João Paulo está de máscara, como todos os que o rodeiam. Não concorda com a decisão do Governo em colocar Rio Maior no grupo de concelhos que recuam para a fase de confinamento. Na sua opinião, os casos que existem no concelho não são suficientes para retroceder.

Filipe Santana Dias

Autarca contesta retrocesso e pede reavaliação

Presidente do município apela ao Governo que reavalie a situação actual do concelho e propõe critérios mais justos para aplicação de medidas.

O presidente da Câmara de Rio Maior propõe alterações aos critérios de avaliação da situação de risco dos concelhos, como forma de melhorar a resposta do país à pandemia, e apela ao Governo para que tenha em conta a actual situação epidemiológica no seu concelho. Filipe Santana Dias (PSD) refere que Rio Maior cumpre com os critérios necessários para poder manter-se no nível de desconfinamento em que se encontrava na semana anterior, tendo 191 casos por 100.000 habitantes. Refira-se que o concelho foi um dos quatro no país que retrocedeu esta semana no processo de desconfinamento.


O autarca enviou na segunda-feira, 19 de Abril, uma carta ao primeiro-ministro em que alerta para o facto de “Rio Maior estar numa clara tendência de descida, em oposição a outros concelhos onde se verifica um número crescente de casos de Covid-19”. Na segunda-feira, Rio Maior contabilizava 23 casos activos – “um número que, não nos permitindo perder o foco neste combate, não será de todo tão gravoso como as medidas que actualmente nos são impostas”, considera.


Na carta enviada a António Costa, o autarca de Rio Maior propõe alterações nos critérios de avaliação da situação de risco dos concelhos, como forma de melhorar a resposta do país à pandemia, tais como a avaliação da densidade populacional, elaboração de relatórios da tendência evolutiva da pandemia e periodicidade mais curta das avaliações, tendo em conta as dificuldades em que vive o tecido empresarial.

Recuo no desconfinamento em Rio Maior  é mais um golpe para a economia local

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