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Uma escola de música em Torres Novas que abre novos horizontes
Matilde Casimiro, Inês Bento e Lara Paulo não largam o seu instrumento, nem nas férias de Verão

Uma escola de música em Torres Novas que abre novos horizontes

O ensino artístico articulado em Portugal está longe de atingir um patamar comparável com outros países europeus. Em Torres Novas o Conservatório do Choral Phydellius, uma das 110 escolas que integram esse ensino especializado, é palco de aprendizagem e mudou a vida de mais de uma centena de jovens.

As aulas terminaram mas Lara Paulo, de 13 anos, não mete a viola de arco no saco. Às 18h00 já está reunida com os restantes elementos do grupo para a masterclass. No Conservatório de Música do Choral Phydellius, em Torres Novas, a música não tira férias mas passa a tocar-se de forma mais lúdica. A intenção é que “não se resfriem as rotinas e não se percam aptidões”, explica o director pedagógico, Vítor Ferreira, que acompanha o ensaio que decorre na Escola Secundária Maria Lamas.

Lara Paulo é uma das alunas que pensa seguir o caminho da música, embora tenha noção que “não será certamente o mais fácil”. Do que tem certezas é que a música a “ajuda a concentrar, organizar e a alargar a imaginação”.

A perspectiva é partilhada por Inês Bento, de 12 anos, e Joana Silva, de 14, cujas paixões pelo violoncelo e piano, respectivamente, não nasceram por iniciativa própria. Foram os pais que as incentivaram a candidatar-se ao ensino artístico na área da música, na convicção que integrariam uma das melhores turmas da escola e ficariam melhor preparadas para o futuro.

Os alunos das turmas do ensino articulado em Torres Novas são os que conseguem melhores resultados, mas Vítor Ferreira afasta pretensiosismos. “Geralmente também são os alunos mais esclarecidos que vêm para este ensino e logo aí faz com que as turmas sejam as melhores”, diz. Mas vinca, por outro lado, que não se pode ignorar que “a educação musical multiplica competências, aumenta o estímulo cerebral e tem impacto benigno na forma como se disciplinam, por haver elevado grau de exigência e de exposição em aulas, concertos e audições.

Ensino da música ainda se pauta por assimetrias

Desde 2008, ano em que o Ministério da Educação aumentou o financiamento para as escolas, houve um aumento da frequência do ensino artístico. No entanto, “as assimetrias no acesso [a este tipo de ensino] continuam a ser uma realidade”, alerta o director pedagógico, licenciado em ensino da música, falando do esforço que a instituição de utilidade pública Choral Phydellius tem feito para as esbater. Nomeadamente ao “tentar gerar a possibilidade de crianças mais novas terem acesso ao ensino da música”, nem que seja através das visitas aos centros escolares numa parceria com a Câmara de Torres Novas e agrupamentos de escolas onde as tentam “despertar para a música através de mini concertos e demonstrações”.

Entrar neste conservatório onde em 10 anos cerca de 20 alunos seguiram a área da música tem critérios de ingresso, que incluem aptidões auditivas e requisitos musicais. Quem demonstrar saber tocar um instrumento tem uma majoração de 15 por cento. Os que concorrem, salienta, são sobretudo de famílias residentes na área urbana do concelho e que têm ou tiveram alguma ligação ao mundo da música, nomeadamente através do grupo coral, distinguido em 2011 como Personalidade do Ano na área da Cultura por O MIRANTE.

Falta por isso ao Governo, mas também aos poderes locais, considera, esbater as desigualdades entre as realidades urbanas e rurais, particularmente no que toca ao acesso ao ensino artístico. No que diz respeito ao Choral Phydellius o grande desafio será “sair do academismo confinado”, apostando em “projectos diferenciadores e criando oportunidades na música”, nomeadamente em cima de palco.

O caso raro de uma direcção na casa dos vintes

O Choral Phydellius, fundado em 1957 como coro, passou a ter uma escola de música em 1975, oficializada em 1993 pelo Ministério da Educação. A aposta, explica o presidente da direcção, António Abreu, surgiu de duas necessidades: a de formar cada vez melhores coralistas e instrumentistas e a de preencher a lacuna que existia no ensino da música em Torres Novas.

António Abreu tem 20 anos, é de Torres Novas e presidente da direcção desde Março último. A sua juventude não é caso único na nova direcção cujo elemento mais velho tem 40 anos e a média de idades está na faixa dos 20 anos. “As instituições não beneficiam de alguma estagnação e como jovens que somos gostávamos de almejar outros palcos”, diz, adiantando que se trabalham novos projectos. A mudança para novas instalações, que permitam “albergar um maior número de alunos”, está também nos planos da instituição e da Câmara de Torres Novas.

Não há resposta para tanta procura

O Conservatório do Choral Phydellius é uma das 110 escolas nacionais que fazem parte da rede de ensino artístico especializado, a partir do segundo ciclo. Tem cerca de 150 alunos em regime de ensino articulado aos quais se juntam mais 70 que integram a iniciação, ensino supletivo e curso livre. As vagas para o articulado surgem em função dos alunos que saem do sistema. “É um plafond curto que desde há anos o Ministério da Educação nos impõe e faz com que muitos fiquem de fora. Este ano temos 50 candidatos para o ensino articulado e infelizmente não temos vaga para todos. Cerca de um terço vai provavelmente ficar de fora”, lamenta.

António Abreu
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