Sociedade | 03-12-2004 10:20

Coruche quer comboios de passageiros

O transporte ferroviário de passageiros é necessário ao concelho de Coruche e tem todas as condições para ser reactivado. É esta a conclusão que resulta da sessão temática do III Congresso do Ribatejo que se realizou sábado no auditório municipal da vila para debater as acessibilidades para o corrente século.A análise da representante do Instituto Nacional de Transportes Ferroviários (INTF), Paula Carloto, desfavorável ao transporte de passageiros no ramal de Vendas Novas por não ser rentável, desencadeou um debate aceso com partidários da ferrovia.Paula Carloto defendeu que a localização geográfica e a diminuta população do concelho, assim como a sua actividade económica e industrial, não justificam o investimento na área do transporte ferroviário. Fundamentando a sua opinião, referiu que se “trata de um território não apto à utilização da ferrovia não podendo oferecer serviços rentáveis”. E recordou que Lisboa fica a cerca de 1h10 de autocarro e Santarém a 35 minutos.Essa opinião foi contrariada por boa parte do público que assistiu à sessão. Sublinhou-se que a linha que passa em Coruche foi modernizada recentemente pelo que não se trata de falar em investimento mas de colocar as máquinas em andamento.O presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes (PS), também recordou a falta de infra-estruturas a sul do distrito, apontando como contraponto os investimentos realizados no eixo Torres Novas-Tomar-Abrantes.Para o autarca, Coruche é um concelho com peso na indústria agro-alimentar e transformadora e justifica-se o investimento na ferrovia, até em direcção ao litoral. “As fábricas da beterraba e de cortiça todos os dias enviam camiões entre Coruche e Setúbal por uma estrada péssima. Se a CP tem um prejuízo anual de 500 mil euros nesta linha, mais vale transformá-lo em investimento, dando condições a passageiros e mercadorias”, afirmou convicto o autarca. Sousa Gomes, presidente da Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo (CULT), manifestou-se solidário com Coruche e considerou necessário fazer pressão para que as acessibilidades sejam executadas, recordando em tom irónico os saltos que o seu carro deu na estrada a caminho daquela vila. Presente no congresso esteve também Gonçalo Ribeiro Teles. Para o conhecido arquitecto, as acessibilidades só servem para aumentar o caos se não houver ordenamento do território. “Coruche está na charneira entre litoral e interior e dentro do perigo da mancha de óleo que é o crescimento da área metropolitana de Lisboa”, alertou.

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