Sociedade | 17-03-2005 10:18

Mais de metade do país em situação de seca extrema

Cerca de 60 por cento do território de Portugal continental está em situação de seca extrema, devido a um agravamento da situação nos últimos quinze dias, de acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto da Água.João Avilez, um dos coordenadores do mais recente Relatório Quinzenal de Acompanhamento da Seca elaborado pelo INAG, disse à Agência Lusa que a 28 de Fevereiro "a percentagem de Portugal continental em situação de 'seca extrema' estava entre os 40 e os 45 por cento".O relatório divulgado hoje pelo INAG, que analisa a situação até 15 de Março, indica que "em relação a 28 de Fevereiro verificou-se um aumento de cerca de 15 por cento de território afectado por seca extrema".O mesmo documento indica que todo o litoral português excepto nas zonas litorais do baixo Alentejo e do Barlavento Algarvio estão numa situação de "seca extrema".Também o sotavento algarvio, mais de metade do Baixo Alentejo, o Alto Alentejo e cerca de metade da zona das Beiras estão na mesma situação.O resto do país, excepto uma zona do Nordeste com "seca moderada", está em situação de "seca severa".Apesar dos dados apresentados, João Avilez disse à Lusa que os "abastecimentos públicos de água não estão em causa".No entanto, o relatório aponta que em diversos municípios do interior "estão identificadas carências no abastecimento a aglomerados de pequenas dimensões", nomeadamente nos distritos de Beja, Faro e Guarda.O relatório define aglomerados de pequenas dimensões como sendo localidades com populações inferiores a 1.000 habitantes.Vinhais (distrito de Bragança), Almeida, Celorico da Beira e Trancoso (Guarda), Sabugal e Mação (Castelo Branco), Mértola, Moimenta da Beira, Odemira e Mértola (Beja) e Sever do Vouga (Aveiro) são os concelhos com carências no abastecimento de água, segundo o documento do INAG.No entanto, a generalidade das entidades responsáveis pelo abastecimento com problemas nas captações de água já tomaram iniciativas para encontrarem soluções alternativas e iniciaram campanhas de sensibilização.Estas medidas estão de acordo com o Programa de Acompanhamento e Mitigação dos Efeitos da Seca de 2005, e naqueles concelhos recomenda a abertura de novos furos e a sua execução, a reactivação de captações de reserva, o abastecimento por auto- tanque e campanhas de sensibilização para a redução de consumos.Relativamente à agricultura, o relatório indica que as principais culturas afectadas são os cereais como trigo, o triticale e a cevada, bem como os prados e as pastagens.As condições de abeberamento do gado em pleno campo, acrescenta o relatório do INAG, estão igualmente a ficar comprometidas por falta de água.Em termos hidrológicos - água nos cursos dos rios, ribeiras, aquíferos e albufeiras - o estudo verificou que os caudais em 35 secções de avaliação distribuídas de norte a sul registam valores de caudais abaixo da média, apesar de a maioria ter registado subidas de caudais em relação à quinzena anterior.Os volumes armazenados nas albufeiras correspondem a cerca de 40 a 60 por cento da capacidade de armazenamento nas bacias hidrográficas dos rios Cavado, Ave, Douro, Vouga e Tejo, e entre os 60 e os 80 por cento para os rios Sado, Mondego, Guadiana e Mira.As situações com armazenamentos mais reduzidos são das albufeiras das bacias hidrográficas dos rios Arade e Lima, com cerca de 15 e 30 por cento, respectivamente.Por isso mesmo, o relatório indica que nos aproveitamentos hidroagricolas de Silves, Lagoa e Portimão as campanhas de rega estão comprometidas, e no Roxo está mesmo impossibilitada.Assim, quanto aos sistemas públicos de regadio, o relatório do Instituo da Água recomenda a adopção de medidas de poupança de água, "nomeadamente com a redução de consumos na rega das culturas e o cultivo de culturas menos consumidoras ou de ciclos curtos".Quanto aos níveis de precipitação, a primeira quinzena de Março caracterizou-se por valores muito baixos da quantidade de precipitação, com o Norte e Centro do país a registaram valores inferiores a 2 milímetros.Relativamente ao teor e água no solo, a 15 de Março, as regiões do Centro e Sul estavam com valores da capacidade de água utilizável pelas plantas inferiores a 50 por cento da capacidade máxima, sendo mesmo inferiores a 30 por cento na margem esquerda do Guadiana e Algarve, "valores muito abaixo dos valores médios para esta época do ano".O estudo indica que para a segunda quinzena de Março deverá manter-se a situação climática sem precipitação, a diminuição dos caudais na rede hidrográfica, a manutenção da tendência para a descida do nível dos aquíferos e a diminuição de forma controlada e normal do volume de água nas albufeiras.

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