Sociedade | 29-04-2008 09:58

Cegueira súbita não lhe tirou a vontade de dançar

No filme "Perfume de Mulher" (1992), há uma cena memorável. Al Pacino, que protagoniza um tenente-coronel cego reformado, pergunta a uma rapariga (Gabrielle Anwar) se quer dançar. "Estou à espera de uma pessoa a qualquer momento”, responde a jovem. "Vive-se uma vida num momento ", replica. Ao início hesita mas é persuadida. Dançam o tango e é ele, invisual, que a conduz. Uma cena intensa que marca o espectador. No caso de Marylu Martins, 44 anos e invisual há seis, passa-se o contrário. Quem a conduz nas danças, neste caso de salão, é o marido, Hélder, com quem está casada há 18 anos. Os mesmos em que pratica, por exemplo, a rumba, o chá-chá-chá, a valsa, o merengue e, claro, o tango. “Na dança é sempre o homem que conduz mas a mulher também tem que aprender a sua parte para as coisas sairem bonitas”, explica o marido, técnico de electrónica durante o dia que à noite veste o papel de professor de danças de salão.Residente em Tomar, Hélder Martins actualmente ensina danças de salão na Sociedade Nabantina e na Filarmónica Frazoeirense, em Ferreira do Zêzere. O facto da esposa ser invisual não é impedimento para que Marylu continue a ser a sua companheira de demonstrações dos passos aos novos adeptos destes ritmos. Dos mais básicos aos mais complexos. “Costumo dizer que se não fosse cega ela conseguia fazer isto de olhos fechados, sem ver”, brinca. Marylu, que elege a quente rumba como a sua dança favorita, interrompeu esta actividade uns meses antes de ter perdido a visão. A culpada tem um nome: depressão. “Tomei um medicamento que era contraproducente para quem, como eu, sofria de glaucoma (pressão intra-ocular) e acabei por cegar em apenas três meses, no decorrer dessa depressão”, explica. Foram precisos que decorressem quatro anos até voltar a reencontrar o ânimo que a levou de volta até à pista de dança. “A certa altura, quando já estava recuperar da depressão, o Hélder estava a precisar de alguém que o acompanhasse num curso de dança intensivo que estava a dar e foi assim que voltei”, explica. “Não era a cegueira que me impedia de dançar. O que me impedia de dançar era a depressão”, faz questão de frisar. Leia a reportagem completa na edição semanal de O MIRANTE que sai à quinta-feira

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