Sociedade | 02-12-2010 14:54

Homem de Vialonga morreu em incêndio

Homem de Vialonga morreu em incêndio
Todos o tratavam por Roque. Apesar do lixo que acumulava dentro de casa, no quintal e no passeio da rua, os vizinhos da Rua D. Pedro V, no Cabo, em Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, lamentam a morte de um “homem bom”. Morreu ontem, 1 de Dezembro, no interior da sua casa, encurralado pelo lixo, devido a um incêndio. Os vizinhos contam que Roque, de 57 anos, sofria de esquizofrenia. Depois de um acidente, reformou-se por invalidez deixando o cargo de motorista que ocupava na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Vivia sozinho. Nos últimos tempos não deixava ninguém entrar dentro da sua casa, nem mesmo familiares. Quando já não conseguia colocar mais quinquilharias dentro de casa, começou a acumular no quintal, chegando inclusive ao passeio. À porta de casa tinha também um carro que estava completamente cheio de televisões, estátuas, livros e muitos outros objectos que ia encontrando no lixo. Na madrugada de quarta-feira, por volta das 3h30, os Bombeiros Voluntários de Vialonga receberam o alerta. As chamas tinham deflagrado no interior da casa de Roque. “A nossa maior dificuldade foi conseguir entrar na casa. As janelas e as portas tinham grades, para além de todo o lixo que barrava a entrada. Tivemos de usar material de desencarceramento”, conta Paulo Nogueira, adjunto do comando dos Bombeiros Voluntários de Vialonga. Já no interior da casa que tinha lixo até chegar ao tecto, os bombeiros andaram de gatas para conseguirem descobrir Roque. “Sabíamos que ele estava no interior da casa porque os cães que o seguiam para todo o lado estavam à porta”, revela Paulo Nogueira. Foi encontrado pelos bombeiros já sem vida. “Tentamos ir ao quintal limpar o lixo, mas o proprietário ameaçou-nos com um tiro”, conta Maria Carvalho, funcionária da Junta de Freguesia de Vialonga. O lixo que começou a chegar ao passeio terá motivado uma queixa-crime por parte de uns vizinhos. “Eram os únicos que se queixavam dele. De resto, não fazia mal a ninguém e até costumava arranjar as bicicletas da rapaziada”, conta uma testemunha que não pretende ser identificada. O MIRANTE apurou que existiam conflitos com alguns vizinhos. “Todos os moradores estavam cansados de se queixarem à Junta de Freguesia de Vialonga e à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. O lixo à porta de casa era uma vergonha. Depois de acontecer esta desgraça é que vêm cá todos”, conta o vizinho José Miguel, que chegou a assistir a algumas zaragatas com outros moradores. “O único motivo de queixa era o lixo que não parava de acumular. Tinha estabelecimentos onde ia tomar o pequeno-almoço e pagava sempre no final do mês. Era acarinhado pela população”, revela o presidente da Junta de Freguesia de Vialonga, José António Gomes que pediu várias vezes autorização a Roque para remover o lixo, sem resultado. Durante a manhã de hoje, 2 de Dezembro, o irmão do Roque que se recusou a prestar declarações, deu autorização aos vizinhos para recolherem os objectos que quisessem e colocarem num contentor os que não queriam para mais tarde a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira vir recolher. “A junta e a câmara sabiam da situação deste senhor e nada fizeram. Imagine que o fogo chegava às outras habitações. De quem era a culpa?”, pergunta um vizinho.

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