Sociedade | 04-11-2016 16:01

"Sociedade não perdeu alguns pudores em relação ao sexo"

"Sociedade não perdeu alguns pudores em relação ao sexo"
VILA FRANCA XIRA

Francisco Rodrigues Pereira lançou um livro sobre prostituição.

É um rosto conhecido e acarinhado da cidade de Vila Franca de Xira e depois de sonhar há 50 anos com uma história conseguiu colocá-la em livro. "O Negresco" é a história de uma prostituta que tem uma visão muito particular do mundo erótico em que trabalha. Apresentação da obra contou com três dezenas de pessoas incluindo o presidente da câmara.

"Não sei se vocês sabem alguma coisa de rameiras. Eu acho que sei tudo, incluindo o cantado e decantado amor de puta, ciúme de puta, raiva e dor de puta, que são das poucas coisas verdadeiras que se dizem das mulheres de vida fácil. Nem sei porque dizem que a nossa vida é fácil". É assim, sem medo das palavras que não são politicamente correctas, que Francisco Rodrigues Pereira, um rosto conhecido em Vila Franca de Xira, começa nas primeiras páginas de "O Negresco", o seu primeiro livro, a contar a história de Inês, uma prostituta.

Apesar do tema poder ser desconfortável para alguns, mais de três dezenas de pessoas encheram a sala do Clube Vilafranquense onde decorreu a apresentação da obra. Não faltaram dirigentes associativos e até o presidente do município, Alberto Mesquita.

Ao contrário das Sombras de Grey, de EL James, em que as cenas de sexo são quase gratuitas, em "O Negresco" a trama centra-se em afectos, sentimentos, amor e sedução. O sexo é só parte do negócio da protagonista. A história andou durante meio século na cabeça de Francisco Rodrigues Pereira, nascido e morador em Vila Franca de Xira, a aguardar tempo para poder ser escrita. Agora, aos 63 anos, Francisco conseguiu que fosse editada. Para contar a história falou com diversas prostitutas que já conhecia de há longos anos e confessa que o romance, narrado por Inês, a prostituta, é parcialmente autobiográfico.

"Vai haver gente a achar que é uma pouca vergonha, mas sou uma pessoa sem preconceitos. Ainda não perdemos, enquanto sociedade, alguns dos pudores que temos em relação ao sexo e ainda bem. No dia em que se perderem todas as vergonhas do sexo o próprio sexo sairá diminuído. E é isso que lhe dá o mistério, a pimenta, o ingrediente extra para fazer do sexo o que ele é", conta a O MIRANTE.

* Reportagem completa na edição semanal de O MIRANTE.

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