A última viagem de João Moreira
Morreu em Santarém esta quinta-feira, 7 de Dezembro, aos 95 anos. Era o último fundador vivo da Feira do Ribatejo.
Como recordou em entrevista a O MIRANTE, publicada a 5 de Junho de 2008,
com Celestino Graça por perto não havia temor que resistisse. Foi por isso que não hesitou quando decidiu integrar a equipa que pôs de pé a primeira Feira do Ribatejo e ajudou a consolidar o evento. Homem multifacetado, espíto aberto e empreendedor, João Moreira era uma figura incontornável de Santarém, onde tem nome de rua, e foi um andarilho que palmilhou múltiplos caminhos
Ajudou a fundar a Orquestra Típica Scalabitana, a Associação de Estudo e Defesa do Património de Santarém, o Núcleo Campista Scalabis. Nasceu no Beco das Cortezes, no centro histórico de Santarém. Entrou por direito próprio no rol estrito das figuras da cidade do século XX pelo seu dinamismo, pelo apego à cultura e às tradições, pelas suas andanças e viagens “abensonhadas”, pela jovialidade contagiante.
Teve formação católica e esteve ligado a várias organizações da igreja. Estudou até ao sétimo ano do liceu. Finalizados os estudos foi trabalhar para a Câmara de Santarém (1942), onde passou pela tesouraria e pela biblioteca municipal antes de rumar a Lisboa, em 1962, atraído pelo ordenado que lhe era oferecido por uma empresa de produtos farmacêuticos onde esteve até 1991. Nunca chegou a casar.Tocou diversos instrumentos, fez de palhaço, cantou, escreveu, foi actor. Colaborou em rádios e jornais. Foi guia-intérprete.
O campismo, o folclore e o turismo deram-lhe a oportunidade de correr mundo, da antiga União Soviética aos Estados Unidos da América, passando pela China e Tailândia. Só lhe faltou visitar a Austrália para colocar os pés nos cinco continentes.