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Em Torres Novas os óleos usados são reaproveitados para produzir energia eléctrica

Transformar óleo usado em electricidade

Enviroil entrou em funcionamento há cerca de um mês, em Torres Novas

A Enviroil, única empresa a reciclar óleos industriais usados em Portugal e a transformá-los em energia eléctrica, que vende à EDP, está sediada em Torres Novas e iniciou a laboração há menos de um mês, após quase um ano de ensaios ao sistema. Um sistema inovador, que veio revolucionar o mercado de óleos usados, tornando-os amigos do ambiente. Agora falta apenas regulamentar o sector e torná-lo menos promíscuo, actuando de forma fiscalizadora. Mas isso é com o Governo.

Começou a funcionar há menos de um mês na zona industrial de Torres Novas. Dá pelo nome de Enviroil e dedica-se à reciclagem de óleos industriais usados, transformando-os em energia. É uma unidade piloto em Portugal e considerada de extrema importância num mercado ainda pouco regulado. Não foi por acaso que, em Março do ano passado, o então ministro do Ambiente, José Sócrates, fez questão de apresentar a sua estratégia nacional para os óleos usados na Enviroil, que na altura estava ainda em processo de ensaios.A Enviroil, funciona apenas com três fornecedores e um cliente final. Recebe os óleos e faz a primeira triagem dos óleos usados, o seu primeiro tratamento. As firmas Correia e Correia, Autovila e Carmona recolhem os óleos usados em todo o país, retiram-lhes água e sedimentos e fazem com que o produto fique dentro dos parâmetros estabelecidos pela empresa. Depois de um processo pouco conhecido (o segredo é a alma do negócio) o óleo é transformado em energia eléctrica, enviada para a EDP, o seu único cliente. João Amora, director geral da Enviroil, afirma que a capacidade instalada da empresa dá para receber e tratar 16 mil toneladas de óleos usados.O respeito pelo ambiente é levado ao extremo na Enviroil. Qualquer camião cisterna que entre na empresa carregado de óleo usado só é descarregado após o laboratório retirar uma amostra, fazer a análise e confirmar que os parâmetros do óleo estão de acordo com as especificações da empresa. Não é por acaso que a Enviroil já tem a licença ambiental a que estava obrigada a obter até 2007.Depois de armazenado o óleo, passa-se à fase de tratamento. O óleo é colocado dentro de um evaporador até atingir os 400 graus, fazendo-se então a chamada condensação. É nesta fase do processo que são retirados dois produtos – o similar gasóleo e o combustível ligeiro. Os desperdícios que ficam de todo o processo ganham uma consistência sólida e, à primeira vista, parecem pedras vulcânicas. É precisamente uma dessas “pedras” negras que João Amora tem orgulhosamente a servir de “bibelô” na mesa da sala de reuniões da empresa, para que ninguém esqueça de onde é que veio e como é formada.A energia enviada à subestação da EDP de Torres Novas é produzido através do similar gasóleo, um combustível muito semelhante ao gasóleo tradicional. São cerca de 55 gigawatts/ano de energia renovável que a empresa produz, que todavia funcionam como uma gota de água no oceano energético da empresa de electricidade portuguesa. “É um valor irrisório no cômputo global da EDP”, refere João Amora.Apesar do investimento não ter sido ligeiro – sempre foram ali “enterrados” 12,5 milhões de euros (2,5 milhões de contos), João Amora diz que num projecto como este o retorno do investimento é sempre um processo lento. “Neste momento estamos a perder dinheiro”, diz.“Enquanto o mercado de óleos usados não estiver regulado e regulamentado é impossível fazer qualquer coisa. Nós estamos a pagar o óleo que recebemos. Isto é, ao contrário do que acontece na maioria dos países europeus, onde as empresas pagam para tratar dos seus óleos, em Portugal somos nós que pagamos para poder tratar o óleo”, refere o director geral, adiantando que por cada quilo de óleo usado que entra na empresa, a Enviroil paga 17,5 cêntimos (35 escudos).
Em Torres Novas os óleos usados são reaproveitados para produzir energia eléctrica

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