Promessas não foram cumpridas
CDU faz balanço negativo dos dez meses de mandato de Rui Barreiro
A CDU faz um balanço “extremamente negativo” da gestão socialista à frente da Câmara de Santarém. Dez meses após a tomada de posse e no final de um ciclo de visitas que levou os eleitos da coligação às 28 freguesias do concelho, a vereadora comunista Luísa Mesquita não tem dúvidas: “A leitura que fazemos é extremamente negativa quer quanto à consecução da matéria orçamental, quer quanto à gestão camarária”.
Trocando por miúdos, a autarca e também deputada à Assembleia da República considera que o plano de actividades e o orçamento para o corrente ano não têm sido cumpridos com rigor e que a política de gestão não mudou assim tanto como os discursos do novo presidente socialista, Rui Barreiro, a levaram a crer. “O que sentimos por todas as freguesias do concelho é que aquilo que foi prometido não foi feito”, afirmou.“A situação mantém-se praticamente igual aquela que conhecíamos no início do mandato. Não são visíveis neste momento alterações à linha de gestão pública do concelho de Santarém verificada nos últimos anos, nem ao nível da gestão, nem ao nível do rigor orçamental ou de relacionamento com os munícipes”, declara. A grande prioridade do concelho continua a ser o saneamento básico. “Estamos a falar de uma capital de distrito, a algumas dezenas de quilómetros de Lisboa, onde o saneamento é prioritário quer nas zonas rurais quer nas urbanas, pois há esgotos a céu aberto e fossas dentro da própria cidade”, diz Luísa Mesquita.Segundo a vereadora, a qualidade de vida dos cidadãos é também posta em causa pelo “desordenamento urbanístico” e pela “construção a granel”, “porque não há infra-estruturas públicas, porque não há acessos com o mínimo de qualidade para as pessoas chegarem à sua residência, porque não há espaços verdes”. Para além destas queixas já habituais, critica ainda as sucessivas alterações orçamentais, mais de dez em apenas sete meses, sustentando que se devia ter olhado para o corrente ano “com outro rigor” no sentido de encontrar respostas no orçamento face às necessidades do concelho. “A verdade é que não se fez isso, antes se tentou responder a todos apelos e a todas as pretensões e fez-se um orçamento irrealista para 2002”, diz. Foi pois com “alguma frustração” que Luísa Mesquita observou o concelho durante este ciclo de visitas. A vereadora lembra que a CDU tem vindo ao longo do mandato a fazer uma oposição que, para além do voto, pretende também “apontar caminhos e soluções para os problemas”. E dá como exemplo propostas de descentralização dos serviços da câmara para as freguesias rurais, com a criação de estaleiros pelo concelho que permitam um trabalho mais eficaz. Ou a reestruturação orgânica do Gabinete de Apoio às Freguesias, aprovada já há algum tempo pela câmara mas ainda por implementar.Outra situação que merece críticas da CDU é a ausência de contactos por parte da maioria, numa altura em que o orçamento para 2003 deve estar em fase adiantada de elaboração. A vereadora estranha que a CDU não tenha sido chamada a dar o seu contributo, ainda para mais sabendo-se que os socialistas têm maioria relativa no executivo e que um voto negativo da CDU e do PSD inviabiliza o documento. Sem conhecer quais as grandes linhas do plano de actividades e orçamento para 2003, a CDU não imagina qual será o seu sentido de voto. Mas a metodologia usada pelos socialistas merece desde já fortes críticas. “Compete à câmara, que ainda por cima está numa situação de maioria relativa, contactar com as oposições, para saber qual é a leitura que fazem acerca daquilo que devem ser as prioridades deste concelho para 2003”, afirma, concluindo: “Vamos aguardar serenamente que o senhor presidente nos dê a conhecer o orçamento, que já deverá estar quase pronto, e depois tomaremos a nossa posição”.
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