
Buracos e mais buracos
Bairro Trigoso está há anos à espera de arruamentos
Os moradores da urbanização do Bairro Trigoso, na zona da Besteira, arredores de Santarém, estão há anos à espera de uma decisão do loteador ou da intervenção da câmara para que se ponha fim ao estado crítico em que se encontram os arruamentos que dão acesso às suas casas.
As bonitas vivendas e a bela vista para a lezíria que se desfruta contrastam fortemente com os pavimentos irregulares e esburacados, recheados de pedras soltas, que ali predominam. Tudo porque quem vendeu os lotes se esqueceu de acabar a obra em condições, ou seja, de executar as infra-estruturas viárias. É uma história que aliás se repete com frequência no nosso país e que deixa quem investe à beira de um ataque de nervos. Pedro Gomes foi dos primeiros moradores do Bairro Trigoso. Já ali vive há dois anos e meio e sempre conheceu assim os arruamentos. Assim, é como quem diz, porque o estado das ruas até se tem agravado, devido sobretudo à passagem de veículos pesados que vão descarregar material às vivendas ali em construção.Devido à irregularidade do piso, Pedro Gomes tem de recorrer a um caminho alternativo, mais longo, para se deslocar. Tudo porque o seu carro tem abas laterais e pára-choques rebaixados que batem no chão em determinados sítios. Alguns vizinhos seus, conta, tiveram mesmo que aplicar uma camada de cimento no pavimento para tapar um buraco que causava grandes transtornos à circulação.“Antes das últimas eleições foi prometido que iam alcatroar isto, mas até agora nada...”, diz o mesmo morador, que já parece conformado com a sorte. O assunto figurou também no caderno de reivindicações do movimento popular da Portela das Padeiras, igualmente sem grandes resultados. “Entre ser pedido e ser feito”, desabafa Pedro Gomes, lembrando a distância que vai entre as boas intenções e a prática.Segundo informação prestada na última reunião do executivo pelo vereador do pelouro do Urbanismo, Joaquim Neto (PS), a câmara terá recebido provisoriamente as obras em 1994, mas mantém-se válida uma garantia de três lotes dada pelo loteador (no valor de 209 mil euros), que poderá ser accionada pela autarquia caso este não revele intenção de concluir os arruamentos. “Estamos a envidar esforços no sentido de resolver esta situação”, afirmou o autarca.Essa intervenção surgiu em resposta à questão levantada pelo vereador da CDU José Marcelino, que havia perguntado quem é o responsável pela urbanização e qual o valor das garantias existentes, “para se poder exercer esse direito”. Marcelino ironizou dizendo que “aqueles buracos têm um bocadinho de rua” e que os mesmos “retiram toda a qualidade de vida que aquela urbanização poderia ter”.
