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A casa já começa a ser pequena para tantos benfiquistas

A religião dos benfiquistas

VIDA ASSOCIATIVA: Casa do Benfica do Cartaxo é já um local de grande afluência de público

Certamente muitas das mais de 100 pessoas que se juntaram no sábado à noite na Casa do Benfica do Cartaxo para ver o jogo com o Boavista cumpriram o sonho de poderem ver um jogo do Benfica em casa própria. Uma casa cheia que foi o exemplo da militância benfiquista. A nova sede, inaugurada no dia 9 deste mês, situa-se no centro da cidade e já começa a tornar-se pequena para tanto benfiquista. Sócios da casa são mais de meio milhar.

A Casa do Benfica do Cartaxo é o novo ponto de encontro dos benfiquistas durante toda a semana e, principalmente, nos jogos do clube da Luz para o campeonato. Situada na rua Dr. Manuel Gomes da Silva, bem no centro do Cartaxo, a Casa do Benfica está decorada em tons de vermelho como não podia deixar de ser. Constituída por duas salas torna-se numa só em dias de maiores apertos. À entrada fica o amplo balcão e mesas para o cliente que queira frequentar a casa e, do lado direito, separada por uma cortina que faz de divisória, está a sala reservada aos sócios da casa.Um espaço com algumas mesas para jogo, uma mesa de snooker e cadeiras individuais, tudo “forrado” a vermelho como manda a “lei”. Nas paredes, ainda algo por compor, pontuam equipas célebres do Benfica, especialmente dos anos 60, 70 e 80, além de José Maria Nicolau, uma figura mítica do ciclismo nacional e das águias. Ao fundo da sala está uma grande televisão quase sempre sintonizada no canal de desporto enquanto no balcão da casa há outra mais pequena. Mais escondida fica a sala da direcção.Houve lotação esgotada para ver o Boavista-Benfica e o ambiente tinha todos os condimentos para uma noite bem passada. Miúdos e graúdos, bastantes homens e algumas senhoras, sentaram-se ou ficaram de pé a ver o Benfica jogar. Uns protestavam contra o árbitro lançando os braços em sinal de reprovação, outros desesperavam ou entusiasmavam-se com as jogadas dos protagonistas.Um dos mais novos ali presentes era Tiago Matos, de nove anos, que foi com os pais. Atento ao jogo e à brincadeira, lá nos disse que já tinha ido com o pai algumas vezes. “Gosto mais de aqui estar do que ver os jogos em casa”, revelou, acrescentando sobre o jogo que o árbitro estava a ser mau para o Benfica. Mais velha mas ainda bastante nova, Melamy Cebolo, de 14 anos, é uma benfiquista que só agora começou a frequentar a casa. Segundo nos disse, “foi uma ideia excelente e está tudo muito bom e agora vou passar a vir ver aqui os jogos do clube”.Sentados na “plateia”, Fernando Jorge e José Ferreira sentaram-se a cerca de dois metros do televisor para ver o jogo. Para Fernando Jorge, de 48 anos, sócio fundador e frequentador assíduo da casa, conseguiu-se fazer um espaço aconchegante mas limitado. “Venho cá tomar um café, ver jogos de futebol e de outras modalidades e conviver. Para mim é uma religião ser cartaxeiro e benfiquista” Já para José Ferreira, radicado no estrangeiro há 33 anos, a vinda ao Cartaxo para passar o Natal é motivo para ir várias vezes à Casa do Benfica. “Fico cá até ao dia 5 de Janeiro e este é um dos meus destinos de eleição”, revelou, acrescentando de seguida que a casa era a única coisa que faltava na cidade. Quem também passou pela Casa do Benfica do Cartaxo, mas não de bicicleta, foi o ciclista Gonçalo Amorim, quando já decorria a segunda parte do jogo. Agradado com o local que nos disse já ter visitado antes, opinou ser “muito bom encontrar este ambiente de confraternização entre benfiquistas numa terra onde há uma grande número de adeptos do clube encarnado, onde me incluo”.Benfiquista mas não ferrenho, como fez questão de salientar, Gonçalo Amorim corroborou a opinião de muita gente de que o espaço pode tornar-se pequeno seguindo aquele ritmo de afluência, mas considerou essa situação um bom sinal de vitalidade do clube e da própria casa.Um sonho concretizadoXavier Rendeiro é o presidente da Casa do Benfica do Cartaxo desde a sua fundação, a 26 de Setembro deste ano. Como nos contou, a abertura da casa era um sonho antigo mas ninguém conseguia dar esse passo. “Esta iniciativa foi uma carolice do Carlos Ribeiro, o nosso actual director para as actividades desportivas, que convidou mais quatro pessoas, comigo incluído, para tentarmos abrir esta casa”, revelou.Uma abertura que veio na melhor altura apesar dos inêxitos do Benfica.” O clube passa por uma crise financeira e desportiva mas reunimos há dois meses e conseguimos juntar cerca de 800 pessoas num convívio”, destaca Xavier Rendeiro, acrescentando que o único senão foi abrirem oito dias depois do derbi com o Sporting. A direcção eleita adoptou o sistema dos sócios fundadores da Casa do Benfica, que tiveram de contribuir com o mínimo de 50 euros cada um. Neste aspecto Xavier Rendeiro considera que se obteve uma vitória estrondosa, “dado ter-se conseguido reunir 380 sócios fundadores que nos ajudaram a dar um forte impulso para erguer este espaço”, assegura. Hoje, em número de sócios, a Casa do Benfica do Cartaxo já alcançou a fasquia dos 530 elementos.Para a concretização deste sonho o presidente da colectividade diz não ter contado com qualquer apoio oficial na vertente logística. Uma situação que se pode alterar com o apoio da autarquia no caso de se vir a formar alguma actividade de formação. É que ideias não faltam e pode estar para breve o desenvolvimento de escalões de formação de futsal, uma modalidade que Xavier Rendeira aponta estar em “grande expansão e que poderá servir para fomentar ainda mais o espírito benfiquista”.Para a inauguração oficial, provavelmente a marcar para Fevereiro ou Março de 2003, a direcção da Casa do Benfica do Cartaxo conta ter presente o líder da SAD encarnada, Luís Filipe Vieira e Manuel Vilarinho, presidente do clube.A Casa do Benfica do Cartaxo é nova mas já se está a tornar pequena. É esta a conclusão que a direcção da colectividade chega quando vê a romagem de benfiquistas e não só, em dias de jogos e também durante a semana de trabalho a partir das sete ou oito horas da tarde.Segundo Xavier Rendeiro, “o ideal seria dispormos de uma sala única onde todas as pessoas estivessem juntas, porque estas tornam-se pequenas, especialmente nos dias dos grandes jogos”, augurando mesmo que se a afluência de benfiquistas à casa se mantiver dentro de um ou dois anos poderão surgir condições para a mudança para outro local. “E nesse caso a autarquia terá uma palavra a dizer” aventa Xavier Rendeiro.
A casa já começa a ser pequena para tantos benfiquistas

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