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Entroncamento é o concelho com maior poder de compra

Estudo do INE revela dados sobre consumo

Dos 21 concelhos do distrito de Santarém, o Entroncamento é aquele que tem maior poder de compra. Os resultados do último estudo do Instituto Nacional de Estatística sobre o assunto já foram divulgados e para além do primeiro lugar distrital o Entroncamento aparece em 15º a nível nacional. Mesmo assim, a uma grande distância de Lisboa, o concelho português onde há maior poder de compra.

No sábado que antecedeu o Natal, a azáfama era grande nas ruas de algumas cidades do distrito. E se a maioria dos comerciantes se queixava que o negócio ia mal, outros havia que não tinham mãos a medir. Como o proprietário da tabacaria situada no hipermercado E. Leclerc, no Entroncamento. “Quanto mais tivesse mais vendia e olhe que eu não me amedrontei no investimento”, dizia, enquanto fazia mais um embrulho.A satisfação do comerciante pode ser explicada pelos resultados de um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o poder de compra dos portugueses, cujas conclusões foram reveladas a semana passada. Entre os trezentos e oito concelhos do país, o Entroncamento aparece em 15º lugar. A melhor classificação obtida pelos 21 municípios do distrito de Santarém.Em termos de média nacional (100) o concelho do Entroncamento é também o único do distrito que ultrapassa aquele valor, com o poder de compra per capita a situar-se nos 126,38 por cento. Mesmo assim, um valor muito aquém – quase metade – do registado em Lisboa, o concelho que a nível nacional, possui maior poder de compra, atingindo 220,19 por cento no índice.Santarém é o segundo concelho da região a aparecer na lista, com 96,15 por cento e mais abaixo, Benavente, com 95,27 por cento. No ranking das 21 capitais de distrito (Portugal e ilhas), Santarém aparece em 13º lugar.Na casa dos 80 por cento situam-se quatro concelhos – Tomar (85,64), Cartaxo (84,60), Torres Novas (82,65) e Almeirim, com 80,57 por cento. Com muito pouco poder de compra estão os habitantes dos concelhos de Sardoal (59,79), Chamusca (53,07), Ferreira do Zêzere (52,61) e Mação (48,06 por cento). São concelhos predominantemente agrícolas e/ou situados nas zonas mais interiores e pobres do distrito.Ao nível das regiões a diferença do poder de compra concelhio, em termos per capita, é mínima. O Médio Tejo (já enquadrado no estudo do INE como pertencente ao Centro, em termos administrativos) apresenta uma percentagem do poder de compra de 81,07, enquanto a Lezíria do Tejo (situada agora no Alentejo) regista 81 por cento.A nova delimitação territorial resultante do Decreto Lei 244/2002, de 5 de Novembro, que “transfere” a região da Lezíria do Tejo para o Alentejo e a do Médio Tejo para o Centro e que foi adoptada já neste estudo, trouxe benefícios ao Alentejo.Apesar de continuar em último lugar, ao nível de Portugal Continental, a região do Alentejo viu aumentar o seu poder de compra por via da “absorção” da Lezíria, situando-se agora a escassos três pontos, em termos de poder de compra concelhio per capita, da região Centro.UMA GOTA NO OCEANOA percentagem do poder de compra é um indicador que se propõe medir o peso do poder de compra de cada concelho no total do país, partindo de uma base de 100. Este dado reflecte não só a distribuição do poder de compra pelo país mas também a distribuição da população.Se relativamente ao poder de compra por habitante do concelho o Entroncamento sai visivelmente a ganhar no distrito, em termos da percentagem do poder de compra do concelho relativamente ao país o Entroncamento aparece apenas em sexto lugar, com 0,219 por cento.Todo o distrito de Santarém é muito pobre em termos de “contribuição” concelhia para o poder de compra nacional. Basta apenas dizer que os concelhos da Lezíria do Tejo representam apenas 1,89 por cento do total do poder de compra nacional, enquanto o valor desce para 1,78 por cento quando falamos nos concelhos que fazem parte do Médio Tejo. Uma verdadeira gota no oceano nacional, onde Lisboa e Porto levam a grande fatia.O concelho com maior poder de compra é precisamente o da capital de distrito. Santarém contribui com 0,59 por cento para a média do país, com Tomar (0,36 por cento), Abrantes (0,33), Ourém (0,32) e Torres Novas (0,30 por cento) a “pisar-lhe” os “calos”.Em termos de poder de compra concelhio, os concelhos do Médio Tejo levam larga vantagem relativamente aos da Lezíria – a seguir a Santarém o primeiro concelho a representar a Lezíria é Benavente que, com 0,21 por cento de poder de compra surge em sétimo lugar.Abaixo dos 0,1 por cento de poder de compra encontram-se oito dos concelhos que compõem o distrito de Santarém – Chamusca, Barquinha, Alpiarça, Ferreira do Zêzere, Mação, Golegã, Constância e Sardoal, este último a contribuir com irrisórios 0,024 por cento para o total do país.O TURISMO NA DINÂMICA EMPRESARIALÉ na vertente do denominado factor dinamismo relativo, que mede essencialmente o poder de compra derivado dos fluxos populacionais de cariz turístico, que assumem frequentemente uma mera natureza sazonal, que surgem as maiores surpresas ao nível do distrito.Não tanto pelo facto de Ourém ser o concelho que aparece em primeiro lugar (representa 0,45 por cento do total do país), já que é um dos que tem mais emigração e também o que conta com o maior pólo turístico/religioso da região – Fátima, mas pelos concelhos que o precedem.O segundo do ranking distrital é Benavente, com 0,30 por cento do total, seguido de Ferreira do Zêzere, com 0,16 por cento, de Alcanena (0,1) e Coruche (0,0008 por cento).Os restantes concelhos apresentam valores negativos, tendo precisamente o Entroncamento como lanterna vermelha, ao apresentar um valor negativo de 1,43 por cento para a média nacional.Os resultados do estudo do INE não deixam dúvidas – o Entroncamento é o concelho que tem mais poder de compra per capita, mas Santarém apresenta maior peso de poder de compra concelhio e Ourém aparece no topo relativamente ao poder de compra fornecido por um fluxo populacional sazonal.Os concelhos situados mais no interior e/ou marcadamente agrícolas são os que, no cômputo geral, menos contribuem para a média do país. E se à região Centro pouco influenciou a “absorção” do Médio Tejo, já o Alentejo saiu nitidamente a ganhar com a inclusão da Lezíria no seu território administrativo.Margarida Cabeleira

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