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Preservar uma cultura em risco de extinção

Candidatura do Património Imaterial Galaico-Portuguesa apresentada em Santarém
Santarém foi no sábado, 11 de Janeiro, palco da apresentação de mais uma candidatura a património mundial da humanidade. Desta vez não se tratou do relançamento da candidatura da cidade, mas sim do Património Imaterial da Tradição Oral Galaico-Portuguesa. A ideia nasceu na Galiza, ramificou-se pelo norte de Portugal e avança agora em direcção ao sul, em busca de apoios que permitam levar a nau a bom porto. Que é como quem diz, levar esse património imemorial a ser classificado pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.“Esta candidatura justifica-se por razões históricas e por razões de sobrevivência desse legado, pois trata-se de um património em risco de desaparição”. As explicações foram dadas por Xavier Prado, um professor licenciado em Física pela Universidade de Santiago de Compostela que veio à Escola Secundária Sá da Bandeira dizer à plateia, maioritariamente composta por jovens, que a língua, as tradições, os usos e costumes ancestrais que passaram desde tempos imemoriais de geração em geração, “não são apenas coisas de velhotes”, mas antes “algo que nos define como povo”. Com os olhos postos nos estudantes de vários pontos do país e ainda da Galiza que ali se encontravam, Xavier Prado lançou o desafio “de reconverter o nosso património comum em algo de interessante e que possa ser apresentado em todo o mundo”. E para quem não tinha presente as semelhanças e as raízes comuns existentes entre os dois povos, lembrou: “Se calhar Afonso Henriques falava um português parecido com o que eu estou a falar”.Actualmente existem 19 elementos declarados como património imaterial pela UNESCO, que assim alargou o leque de objectos passíveis de classificação, até há pouco restringido aos monumentos e sítios. Como lembrou Xavier Prado, o património imaterial pode ir da arte culinária à música, passando pela medicina tradicional ou outras artes ou tradições ancestrais. Como exemplo, referiu que em Espanha vai ser apresentada em breve a candidatura do flamenco como património imaterial da humanidade. Para já, a candidatura está na fase embrionária, tendo sido criada uma comissão transfronteiriça que envolve vários organismos e instituições do norte de Portugal e da Galiza. Está a decorrer um trabalho de difusão junto das escolas dos dois lados da fronteira e a intenção dos mentores do projecto é reforçarem a base de apoio com a presença das autarquias e de outras organizações com algum peso institucional. Tal como referiu Xavier Prado, o património imaterial galaico-português não tem limites, podendo estender-se até ao outro lado do Atlântico (deu o exemplo do Carnaval no Brasil), embora tenha uma origem bem definida no noroeste peninsular. Por isso todos os apoios são bem vindos.A apresentação em Santarém do projecto de candidatura deu-se no encerramento do V Encontro de Cientistas do Futuro das Escolas Associadas da UNESCO, que decorreu na Escola Secundária Sá da Bandeira, de 8 a 11 de Janeiro. Nessa iniciativa participaram alunos de escolas de Santarém, Torres Novas, Coimbra, Porto, Figueira da Foz, Caldas da Rainha, Mirandela, e de dois institutos da Galiza e de um de Barcelona.

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