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Académica de Coimbra no caminho de Nelson Pires

FUTEBOL: Jovem futebolista da Chamusca é o novo guarda-redes do Fazendense

Aos 19 anos, Nelson Pires, um jovem futebolista da Chamusca, já conta no seu currículo a passagem pelos dois maiores clubes Coimbra. Depois de passar a sénior e assinar pela Académica, passou por empréstimo para o União de Coimbra, onde chegou a titular, mas a falta de pagamento do ordenado acordado, levou-o à rescisão do contrato e a transferir-se para o Fazendense.

Aos dezasseis anos, Nelson Pires foi da Chamusca para Coimbra por causa do futebol. Nelson, como é conhecido, jogava na altura nos juvenis do Clube Desportivo “Os Águias” de Alpiarça, clube onde começou aos nove anos a sua carreira de jogador nas então escolinhas do clube. Entretanto passou pelas camadas jovens da União de Chamusca, onde foi guarda-redes dos infantis, iniciados e juvenis, voltando no seu segundo ano de juvenil ao Águias.A história da sua ida para a Académica de Coimbra é curiosa. Um dia, durante um treino, o seu treinador nas camadas jovens do Águias propôs-lhe um desafio: se ele defendesse uma grande penalidade que ele marcava, jogava a titular nos juniores no jogo a seguir. Ele defendeu e o treinador no sábado seguinte colocou-o a jogar nos juniores.A assistir a esse jogo estava um técnico da Académica, que ali se tinha deslocado para ver o guarda-redes, que tinha ficado no banco, mas Nelson fez uma boa exibição e o treinador coimbrão reparou no talento do jovem e indicou-o aos responsáveis da Académica, que o convidaram a treinar no clube e, já a meio da época, Nelson ficou ligado à Académica.Durante dois anos e meio, o jogador, ajudou o clube a ganhar vários torneios e campeonatos distritais. Fez parte das equipas de juvenis e juniores, mas, na passagem para sénior, Nelson Pires, atento à sua evolução, viu que não tinha muitas possibilidades de se impor na equipa principal. Pensou com racionalidade e optou por sair por empréstimo para o União de Coimbra. “A situação, no entanto, não era muito compatível, porque o clube entrou em rotura financeira e não nos pagava o que ficou acordado e eram os meus pais que estavam a suportar a minha estadia em Coimbra. Por isso optei por voltar aqui para mais perto de casa”, explicou o jovem ao nosso jornal.O Fazendense, que precisava de um guarda-redes, já conhecia as qualidades de Nelson Pires e assim que souberam da sua saída do União de Coimbra, os responsáveis da equipa trataram logo de obter o seu concurso e quiseram que ele integrasse o seu plantel. Mas Nelson manteve-se fiel à palavra dada ao clube de Coimbra. “Mesmo com todas as dificuldades porque passei, quer no início da minha vida em Coimbra, onde também foram os meus pais que suportaram as despesas da minha estadia, e no final quando o União não pagava, não quis sair sem falar com os dirigentes da Académica, que queriam que eu assinasse. Mas eu fiz-lhe ver que seria melhor para mim vir para aqui para o Fazendense, e eles compreenderam a situação e desvincularam-me”.A experiência no União de Coimbra não foi de molde a deixar Nelson satisfeito, que sentiu não só a sua situação, como a de outros colegas de equipa que não tinham os pais para os ajudarem. “Era triste estarmos a jogar e a treinar, sem que os directores tivessem qualquer consideração para connosco. Havia colegas meus que já passavam por grandes dificuldades”.Agora no Fazendense, Nelson Pires tem consciência de que vai ter que lutar muito para se impor, porque já veio apanhar o combóio a meio da linha. “É preciso é ter a cabeça bem no lugar, pensar que queremos mesmo jogar a bola, mas sei que as coisas não vão ser tão simples como isso. Vim para o Fazendense que tem uma equipa já estabilizada e com bons guarda-redes, Por isso apenas prometo que vou trabalhar muito para que o técnico acredite e veja as minhas possibilidades”, referiu o jovem atleta.Com o futebol, os estudos foram ficando para trás, mas ainda conseguiu chegar ao 12º ano, que está a fazer à noite. Acima de tudo, Nelson quer ser futebolista, mas também quer acabar o 12º ano e só depois se verá se vai ser jogador profissional que é a sua grande ambição ou se tem que optar por um emprego. “Os meus pais têm sido espectaculares, têm-me ajudado muito, porque sabem que quero ser jogador de futebol, mas não podem suportar toda a minha vida”. Por isso sabe que tem que fazer um grande esforço para conciliar as duas coisas e se não tiver pelo menos o 12º ano completo não terá grandes hipóteses de arranjar outro emprego.Na curta carreira de futebolista, há vários momentos que o marcaram. Nelson não esquece os treinadores que o acompanharam, mas recorda que foi Vítor Alves, seu treinador na Académica, quem o marcou mais. “Era um homem muito experiente, foi guarda-redes como eu e ensinou-me muito. Estava sempre ao nosso lado, ajudou-me a compreender que acima de tudo estava a amizade e o respeito pelos outros, mas de um modo geral aprendi um pouco com todos os treinadores com quem tive a sorte de trabalhar”.

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