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Inauguração para cumprir tradição

Durão Barroso faz críticas à anterior política da saúde no hospital de Tomar

Um mês após a sua abertura, o Hospital Nossa Senhora da Graça, em Tomar, foi inaugurado com pompa e circunstância pelo primeiro-ministro, acompanhado pelo ministro da Saúde e pelo secretário de Estado da Administração Local. Durão Barroso visitou diversas enfermarias, passou pela ala da fisioterapia e acabou no auditório da unidade, onde fez um discurso bastante crítico sobre a política de gestão dos hospitais nos últimos anos.

Passavam 30 minutos da hora marcada – meio dia – quando o primeiro-ministro chegou à entrada principal do Hospital Senhora da Graça, em Tomar, onde um mar de gente esperava vê-lo descerrar a placa de inauguração do edifício.Durão Barroso chegou, fez os cumprimentos protocolares e seguiu a passo ligeiro em direcção à bandeira nacional, descerrando-a num ápice. Depois da benção do padre Borga e da assinatura no livro de presenças, Durão Barroso fez uma visita guiada aos serviços.A primeira paragem foi na ala da fisioterapia, valência adquirida pela unidade de Tomar no âmbito do Centro Hospitalar do Médio Tejo, que compõe ainda os hospitais de Abrantes e Torres Novas. “Então como vai isso”, pergunta o primeiro-ministro ao homem de meia idade que, deitado numa cama, tenta fazer alguns exercícios. “Vai mal, vai mal”, diz o utente, a contorcer-se com dores.Mais acima, num dos quartos da medicina interna de mulheres, o chefe de gabinete do ministro da saúde, Luís Filipe Pereira, faz uma pergunta-resposta a uma idosa – sabe quem é este senhor? É o primeiro-ministro”. “Então não sei, estou sempre a vê-lo na televisão”, diz a senhora, enquanto agarra as mãos de Durão Barroso.Quem não queria largar as mãos do primeiro ministro era a vizinha do lado, uma idosa sentada num cadeirão todo ergonómico. Durão Barroso bem puxava mas a idosa, talvez sedenta de atenção, continuava a agarrar-lhe os dedos com toda a força.No terceiro piso, a pediatra de serviço fez as honras da casa, com Durão a passar o corredor a passo largo para se deter no último quarto, onde um miúdo com uma máscara na cara, sorria de orelha a orelha. “Que fixe, os meus amigos lá da escola vão ver-me na televisão”.Antes de descer até ao auditório o primeiro-ministro ainda deu uma espreitadela à sala dos cuidados intensivos, mas os jornalistas ficaram à porta.No seu discurso Durão Barroso acabou por falar pouco do novo hospital e muito sobre o passado, presente e futuro do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Perante uma sala a rebentar pelas costuras, o primeiro-ministro considerou que as alterações dos modelos de gestão (hospitais públicos geridos como empresas) “são meios para garantir um melhor cuidado dos doentes, sem causar ainda mais derrapagens orçamentais”.Se não fosse incrementada esta nova filosofia, a saúde em Portugal entraria na bancarrota – “O SNS estava à beira da ruptura financeira”, disse, dando de seguida a receita para curar tão grave doença – “as parcerias público-privadas".“Só com um aumento da eficiência de gestão e maior rigor das contas poderá ser possível contrariar esta tendência dos últimos anos”.Capacidade instaladaDois anos depois do prazo previsto e com uma derrapagem de dez milhões de euros (dois milhões de contos) no custo total, o hospital Nossa Senhora da Graça funciona em pleno desde o dia 12 de Dezembro.A unidade, em conjunto com os seus dois irmãos (Abrantes e Torres Novas) serve uma população de cerca de 240 mil habitantes, possui 207 camas e regista já uma utilização de quase 80 por cento da sua capacidade, um dado que afasta as vozes críticas de que a unidade está sobredimensionada.Joaquim Esperancinha, novo presidente do Centro Hospitalar do Médio Tejo, não quis tecer muitos comentários sobre a futura gestão da unidade, nomeadamente em termos de recursos humanos, por ter iniciado funções há menos de um mês.Sabe-se apenas que em termos de complementaridade de serviços, no âmbito do Centro Hospitalar, a unidade de Tomar tem uma vocação mais cirúrgica, enquanto em Torres Novas a acção é predominantemente médica e Abrantes tem a seu cargo a grande urgência.

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