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A descoberta da pólvora

A “SIC” o “JN” e o “Público” querem equilibrar as suas contas. Finalmente descobriram a pólvora: “nas regiões do interior não há sociedade civil e os jornais e rádios que existem não prestam”. Quem quiser que enfie a carapuça, terá pensado o director do “Público”.

A “SIC”, o “JN” e o “Público” estão de malas aviadas para o interior do país. O objectivo é captar leitores e anunciantes. A palavra do director do “Público”, José Manuel Fernandes, a única que até agora se fez ouvir, justificando o investimento, diz que a oferta de informação local feita por um jornal nacional “permite um grau de independência que infelizmente nem sempre sucede na imprensa regional porque não há sociedade civil”.Não é difícil reconhecer que é assim que também pensam os outros. E os outros, ainda que mais tarde ou mais cedo, também hão-de aparecer no mercado.Os “patrões” da imprensa regional estão furibundos. Já começaram a emitir comunicados e a prometer queixas ao Governo. Vem aí o fim do mundo. Finalmente vem aí o fim do mundo.Ainda há bem pouco tempo, no tempo do defunto Arons de Carvalho e do seu Governo, a imprensa regional era a mais próspera do Universo apesar das preços mínimos de assinatura, do pagamento antecipado da mesma, dos subsídios distribuídos a quem mais exercia influências junto dos membros do Governo.Quem conhece minimamente a realidade portuguesa da imprensa regional e local sabe que a política dos últimos governos para o sector foi abaixo de cão. No entanto toda a gente viveu até agora no melhor dos mundos, de braço dado com os políticos analfabetos e com as debilitadas associações do sector. A crer na santidade das intenções, Portugal ia ficar, ao nível dos projectos de imprensa, a olhar para o resto da Europa e do Mundo. Nos outros países a imprensa regional disputa taco a taco a publicidade e os leitores com os jornais ditos nacionais. Em Portugal ainda se acredita que se pode continuar a editar jornais locais e regionais com tiragens miseráveis e conteúdos sem qualquer qualidade jornalística.A “SIC”, o “JN” e o “Público” querem equilibrar as suas contas. Finalmente descobriram a pólvora: “nas regiões do interior não há sociedade civil e os jornais e rádios que existem não prestam”. Quem quiser que enfie a carapuça, terá pensado o director do “Público”.Abençoados aqueles que sempre acreditaram na livre concorrência. Vêm aí jornais de borla para conquistar leitores. E publicidade ao preço da uva mijona para fidelizar anunciantes. No centro do país, principalmente aí, onde é maior a luta pelos novos leitores e anunciantes, o país começa a mexer. Mais tarde ou mais cedo, tal como acontece noutros países do mundo, o jornal vai custar o preço de uma pastilha elástica. Tudo em nome dos interesses dos portugueses e dos superiores interesses do sector comercial das empresas.A imprensa local e regional portuguesa? Essa andou nos últimos anos numa caça às bruxas que alguns leitores bem se lembram destas páginas de O MIRANTE quando denunciamos as decisões estalinistas do anterior Governo e a triste complacência de alguns colegas e associações do sector. Do resto falam as tiragens, os conteúdos e o número de páginas que são editadas semanalmente.JAE

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