Dilemas filmados à beira do Almonda
Cine-Clube de Torres Novas apresenta primeira curta metragem
Música ou futebol. Intuição ou razão. Vida ou morte. São estes alguns dos dilemas que enfrenta o protagonista da primeira curta metragem apresentada pelo Cine-Clube de Torres Novas, com estreia marcada para 4 de Abril, às 21h30, no auditório da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Novas. A 5 de Abril a sede do cine-clube abre as portas para realizar mais duas sessões nocturnas.
“O dilema de Heimlich” é uma história original da autoria de João Luz, argumentista e realizador. O título inspira-se na manobra de Heimlich, uma técnica de emergência para prevenir a asfixia quando se bloqueiam as vias respiratórias em caso de engasgue.O presidente do Cine-Clube e director executivo, Nuno Guedelha, garante que é um filme que qualquer pessoa pode ver. “É um filme violento, apesar de não ter violência. Um filme de sexo, apesar de não ter sexo. E um filme para maiores de 16, apesar de ser só na linguagem”, garante.A cidade do Almonda serviu de cenário para a rodagem do filme, que também se estendeu a algumas freguesias. Uma taberna típica portuguesa, uma ambulância, um estádio de futebol são alguns dos espaços onde decorre a acção, que foram disponibilizados gratuitamente. A paixão pelo cinema foi o grande motor de arranque do filme, que começou a ser rodado em Novembro do ano passado. Inicialmente a duração da curta metragem era de 20-25 minutos, mas a montagem final não terá menos que 40 minutos. “É uma curta média metragem”, diz com humor o vice-presidente do cine-clube e um dos produtores, Ramiro Silva.O casting foi feito na sede do cine-clube um mês e meio antes da filmagem recorrendo a contactos da associação. “Olhámos para o argumento e começámos a ver as pessoas que mais se identificariam com cada uma das personagens. Falamos a várias pessoas e escolheu-se o naipe de actores”, explica Ramiro Silva. Fernando Falcão, Ana Cassis, Luís Santos, Helena Silva e Maria Adelaide constituem o elenco da produção. Os figurantes são pessoas que iam a passar na rua e que colaboraram na filmagem espontaneamente. “Não é um elenco fechado. Queríamos que a população participasse. A equipa de futebol não ouviu falar do assunto senão no dia das filmagens, tal como o bombeiro que conduz a ambulância”, conta Nuno Guedelha. No total participaram mais de 50 pessoas. A boa vontade dos colaboradores foi determinante para levar avante um projecto, sem quaisquer apoios financeiros. O cine-clube teve apenas alguns apoios de empresas para material como cassetes de vídeo para o making-off, projectores e da Junta de Freguesia de Santa Maria.O filme foi feito num formato digital (mini DV) para rentabilizar os meios do realizador. A montagem do som e das imagens também é “caseira”.Uma das grandes dificuldades da produção do filme foi conciliar a disponibilidade dos actores e dos elementos da equipa. “Filmávamos essencialmente ao fim de semana e era difícil juntarmo-nos”, adianta Nuno Guedelha.João Luz trabalha com o realizador Rui Goulart e sempre quis produzir cinema. “Juntou-se uma vontade que tínhamos de produzir. De saber como é que isto se faz. A partir daí foi tudo espontâneo”, descreve o produtor.O filme, que não tem um tempo definido, retracta o quotidiano que poderá ser comum a muitas famílias portuguesas. O argumentista define o conteúdo do filme como “uma visão crua, directa e negra quase tão absurda como algumas histórias reais. É no fundo uma polaroid do que significa ser português hoje”.Um dos grandes objectivos da direcção do cine-clube é dar a conhecer a curta metragem nos vários festivais de vídeo de norte a sul do país.Ana Santiago
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