Um pelotão a perder de vista invadiu as ruas de Salvaterra na manhã de domingo. 938 atletas alinharam à partida e 815 chegaram ao fim dos 12 Km de Salvaterra de Magos, incluindo António Silva, um atleta de 81 anos que foi o último a cortar a linha de meta. O perfume de mulher foi levado à corrida por quase uma centena de atletas. O público fez o resto e centenas de pessoas contribuíram para a festa do atletismo num ambiente que mereceu elogios de todos os agentes da corrida.O bracarense Joaquim Cardoso, do Cyclones, partiu na frente e voou para o recorde que era de Luís Novo. O vencedor fez 36m29s, menos 26 segundos que o anterior recorde. Sem quenianos, foi o marroquino radicado em Portugal, Riad Mohamed, o adversário mais directo do vencedor. Mohamed acabou no segundo lugar, 22 segundos depois. Pedro Cunha, que se inscreveu no dia da prova, chegou um minuto depois do vencedor, mas ainda a tempo de subir ao terceiro lugar do pódio. O russo Alexei Scutaru, do Dafundo (38m03s) e Sebastião António, do Alto do Moinho (38m17s) fecharam o quinteto triunfador.“Estavam aqui bons atletas, mas eu assumi a corrida. Decidi arriscar, corri para ganhar e para bater o recorde da prova”, disse o vencedor. Joaquim Cardoso elogiou o percurso “muito rápido” e só lamentou que o vento de frente tenha dificultado o regresso a Salvaterra pela estrada de acesso ao Escaroupim e Praia Doce. “Foi violento, mas com o calor humano ganhei forças e cheguei isolado”, referiu o atleta que trabalha em conjunto com a campeã Manuela Machado, uma referência do atletismo nacional. Joaquim Cardoso corre com o símbolo de Portugal ao peito e espera ser seleccionado para representar o país nas provas internacionais. Riad Mohamed justificou a segunda posição com a falta de andamento que deriva de uma preparação tardia da época. “Eu não tenho treinado bem. Se tivesse mais treino ganhava a prova à vontade. Ele saiu bem e eu sou um atleta que não altera o ritmo da corrida, vou sempre no mesmo ritmo”, disse.Nas senhoras, Beatriz Cunha, do Odivelas, (43m38s) repetiu a vitória do ano passado e arrecadou o troféu e um cheque de 250 euros. A atleta confessou que esteve para faltar devido a uma gripe que a incomodou durante a semana, mas o marido deu-lhe força e valeu a pena. “A prova correu-me melhor que o ano passado. Aguentei a prova até aos três quilómetros, consegui deixar a Luzia Dias e mantive a passada até ao final”, disse.Luzia Dias, do Sporting, foi a segunda classificada com 44:29 e Renata Fernandes do Joma (46:08) foi a terceira mulher.O melhor atleta do concelho de Salvaterra foi José Laureano que teve direito a um bonito troféu. O Dafundo foi a melhor equipa masculina, seguida dos Amigos do Atletismo de Mafra e do Boavista do Pico, dos Açores. Nas senhoras, as atletas do Águas Belas venceram por equipas e o segundo lugar foi para a formação Macedo Oculista.Nos veteranos, Armando Aldegalega, João Portela, Manuel Belo, Silvestre Gomes e Américo Pestana foram os melhores nos respectivos escalões. Cacilda Branco e Anabela Pereira foram as rainhas das veteranas. Arménio Andrade, director da corrida não escondeu a sua emoção quando fez o balanço da prova. “Correu muito bem. É um prazer enorme ver tantos atletas nas ruas de Salvaterra e ouvir os comentários favoráveis. Valeu a pena o nosso esforço”, disse. Os Amigos da Corrida de Salvaterra já começaram a preparar a quarta edição da prova que homenageou o professor António Lopes, “um grande entusiasta do desporto de formação”.A presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos assistiu à corrida e elogiou a organização. Ana Cristina Ribeiro garantiu a continuidade do apoio da autarquia. “A participação de mais de 900 atletas traduz um dia de muita alegria para Salvaterra. Esta prova é referência para o desporto nacional, um incentivo para que os nossos jovens pratiquem desporto”, disse.