Os trabalhadores estão primeiro
Mário Jorge Violante é Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho
Mário Jorge Conde Violante tem apenas 21 anos mas já há ano e meio que trabalha na área da higiene e segurança no trabalho. Primeiro como vendedor, depois como técnico, uma actividade que lhe enche as medidas. Diz que hoje em dia as empresas estão muito mais sensibilizadas para a questão da higiene e segurança dos trabalhadores, apesar de haver ainda algumas que fazem tábua rasa da lei.
Foi através de um anúncio de jornal que Mário Jorge Conde Violante iniciou a actividade, depois de ter tirado um curso de técnico de higiene e Segurança no Trabalho, na Escola Profissional de Torres Novas. Apesar de ter achado o curso muito teórico, o jovem de Assentis, concelho de Torres Novas, não sentiu nenhuma dificuldade em entrar no mundo do trabalho.Antes de chegar à IMP, empresa onde trabalha, Mário Jorge ainda esteve algum tempo a trabalhar em Lisboa, na Teixeira Duarte, uma das maiores construtoras nacionais mas o “peso” da empresa parece tê-lo assustado. “Hoje se calhar não me tinha vindo embora mas na altura senti que o cargo que ocupava era de demasiada responsabilidade”, diz, modesto.Como vendedor tinha a tarefa de apresentar a IMP a potenciais clientes, ver as instalações e fazer as recomendações necessárias à segurança de cada tipo de actividade. Relativamente à medicina do trabalho era feita uma pequena consulta a cada trabalhador – electrocardiogramas, teste de força, análises ao sangue. Em suma, apresentava os serviços e tentava que a empresa fizesse contrato com a IMP.Hoje Mário Jorge deixa essa parte para outros colegas seus. Quando visita a empresa o contrato já está feito e a sua acção é mais fiscalizadora – vê se falta algo em termos de higiene e segurança para os trabalhadores, faz recomendações e preenche o respectivo relatório.Nenhuma empresa é apanhada desprevenida – “à sexta-feira fazemos as marcações das visitas para a semana seguinte e contactamo-las com antecedência”, refere, adiantando que o facto de os clientes saberem à priori que vão ser vistoriados não aquece nem arrefece.“Nós somos apenas uma empresa de aconselhamento, não fiscalizamos nada nem multamos ninguém, os clientes sabem que estamos ali apenas para ajudar a empresa a fazer as melhorias necessárias, se for caso disso”. “Verificamos as condições estruturais da empresa, a sinalização, os extintores, tomo as minhas notas que mais tarde são passadas para o relatório que é enviado ao Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT), entidade a quem cabe agir se houver alguma situação anómala.Mário Jorge tem como clientes empresas de quase todos os ramos de actividade, desde o café ou o restaurante às empresas industriais. E é nestas geralmente que aparecem mais falhas ao nível da segurança e higiene no trabalho. “Há algumas em que ainda falta muito para os trabalhadores terem a segurança e a higiene necessária para exercerem a actividade”. E se há também empresas que depois de alertadas corrigem de imediato a situação – “até nos telefonam a dizer que já têm tudo em condições “ – em outros casos passa-se um ano e as situações continuam iguais.Mário Jorge Violante é responsável por toda a zona centro, o que quer dizer que um dia pode estar em Santarém, outro na Figueira da Foz ou em Lisboa. No dia a dia Mário Jorge tenta marcar as visitas dentro de uma zona geográfica mais ou menos restrita, para não ter que fazer muitos quilómetros. No dia da entrevista, por exemplo, iria visitar empresas na área de Torres Novas e Entroncamento. Os dias que passa na zona de Leiria é uma festa porque sabe que tem sempre companhia para o almoço.Em teoria tem um horário de trabalho das 9h às 18h30, mas na prática os horários de trabalho dependem das marcações. “Às vezes é necessário dar um desconto porque não sabemos o que pode acontecer, se encontramos filas de trânsito, um acidente, ou outro qualquer contratempo”. Por isso as empresas só sabem que naquele dia irá aparecer um técnico de manhã ou da parte da tarde.Mário Jorge está convicto de que hoje em dia quase todas as empresas que contacta têm a noção de que a higiene e segurança no trabalho são importantes para o desenvolvimento da sua actividade, pelo menos nas grandes empresas. “Quase todas têm até um ou mais técnicos próprios responsáveis pela fiscalização dos próprios trabalhadores, observando se eles trazem ou utilizam bem os equipamentos de protecção individual – capacete, luvas, etc”.O dia a dia é passado entre as viagens de automóvel e as empresas. Mário Jorge diz não se importar porque gosta de conduzir. O pior mesmo é a hora das refeições. Como não tem por hábito tomar o pequeno-almoço antes de sair de casa, o técnico de higiene e segurança no trabalho diz que pára sempre a meio da manhã para beber um café e “comer qualquer coisa”. O almoço é a hora crítica. Além de nunca ter poiso definido para almoçar, toma a refeição quase sempre sozinho, que considera ser muito aborrecido. “É uma hora que às vezes custa imenso a passar”. A solução é comer rapidamente e sentar-se no café a ler os jornais do dia até chegar a hora de seguir viagem.Margarida Cabeleira
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