uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Sargento da GNR acusado de abuso de duas menores

Família das vítimas já tinha apresentado queixa há dois anos

O alegado violador de duas irmãs menores de idade residentes em Atalaia, Vila Nova da Barquinha, aguarda julgamento em prisão preventiva por determinação do Tribunal do Entroncamento. A detenção do suspeito, um sargento da GNR de 51 anos de idade, ocorreu há dias mas os acontecimentos remontam há três anos atrás.

Um militar da GNR de Abrantes foi detido segunda-feira, dia 17, pela Polícia Judiciária, por suspeita de abuso sexual de duas irmãs menores residentes em Atalaia, Vila Nova da Barquinha. O guarda, com o posto de sargento-ajudante, natural de Casa Branca (Abrantes), encontra-se preso preventivamente depois de ter sido ouvido pelo Tribunal do Entroncamento na terça-feira, dia 18. O caso remonta há cerca de três anos, altura em que as raparigas tinham 13 e 14 anos. O pai das menores diz que já em finais de 2001 tinha apresentado uma queixa-crime ao Ministério Público, e uma fonte conhecedora do processo garantiu a O MIRANTE que o mesmo sofreu, na altura, várias ameaças por parte do guarda, no sentido de o coagir a desistir da queixa, o que não veio a acontecer. A família das menores era nessa altura representada por um advogado do Entroncamento que acabou por abandonar o processo, situação que levou o pai das raparigas, actualmente com 16 e 17 anos, a contratar um outro causídico de Lisboa. O sargento-ajudante, de 51 anos e que já foi comandante do posto da Guarda Nacional Republicana de Abrantes, é suspeito de manter relações sexuais com as menores e de coagir a mais velha a fazer um aborto clandestino. Alegadamente os abusos terão ocorrido ao longo de um ano. O facto do militar ser amigo dos pais das vítimas terá facilitado a consumação dos abusos. De acordo com testemunhas, os crimes aconteciam geralmente na casa da família, em Atalaia, na ausência dos pais das crianças. Como a residência se situa numa quinta afastada do centro da localidade, o suspeito acabava por ter a vida facilitada. Em outras ocasiões os casos decorriam em matas da zona ou num apartamento na Rua 25 de Abril, no Entroncamento.Segundo relatos das irmãs o sargento-ajudante fazia ameaças para as coagir a manter relações sexuais e a guardarem segredo, dizendo que matava os pais caso as menores não acatassem as suas ordens. Conta-se que pelo menos a mais nova foi abusada por quatro vezes. A rapariga mais velha trabalhou num café da localidade, explorado por uma suposta amante do GNR. E terá sido nessa altura que começaram os abusos sexuais, até que algum tempo depois a menor apareceu grávida. Segundo os familiares, o suspeito terá alegadamente levado a vítima a uma clínica em Abrantes para fazer um aborto. As investigações do caso pela Polícia Judiciária (PJ) decorreram ao longo de cerca de um ano, após a apresentação da queixa no Ministério Público. Durante este tempo a PJ reuniu fortes indícios que apontavam para a existência de actos sexuais com as menores, pelo que foi decidida a sua detenção. O sargento-ajudante é separado e tem dois filhos. Comandou o posto da GNR de Abrantes até há cerca de um ano. Terá sido afastado do cargo devido a divergências com um superior hierárquico. Desde então estava a prestar serviço em Santarém sem qualquer contacto com o público, resumindo-se as suas tarefas a actos administrativos. Associação reclama afastamento de militarO presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG) defende a reforma compulsiva do GNR do militar acusado de abuso sexual das duas meninas, caso se confirmem as suspeitas.Para José Manageiro, este militar “deve ser de imediato afastado desta instituição porque não merece envergar a farda”, defendendo que a GNR deve promover um inquérito interno à parte do processo judicial que está em curso.“Se existirem elementos bastantes que indiciem a prática de um crime desta natureza, a GNR deve proceder à reforma compulsiva do agente, antes mesmo da decisão dos tribunais”, defendeu o presidente da APG.No seu entender, seria “impensável” que a GNR aguardasse apenas pela sentença judicial para tomar uma decisão em relação a este caso, considerando que existem “mecanismos internos que devem ser aplicados”.Este responsável dirigiu também críticas à direcção da GNR, manifestando estranheza em relação ao facto do sargento suspeito de pedofilia não ter sido suspenso das funções.

Mais Notícias

    A carregar...