Como atesta Luís Manuel Gonçalves no livro “Festividades Religiosas do Concelho do Sardoal” é na Igreja Matriz que se iniciam as cerimónias religiosas de Quinta-feira Santa, que ocupa “um lugar especial na Liturgia Católica porque celebra a ocorrência deste mistério da fé e porque transporta os fiéis ao momento em que o Salvador a instituiu e celebrou em ligação e antecipação com a sua morte e ressurreição”. Os festejos da semana santa incluem o gesto simbólico de Jesus Cristo de lavar os pés aos apóstolos – “o lava pés” – que tem especial participação a Irmandade do Santíssimo com as suas opas vermelhas.À noite sai da Igreja da Misericórdia a Procissão dos Fogaréus que inclui o Sermão do Mandato na Igreja da Santa Maria da Caridade, a cargo da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, que integra “irmãos envergando opas negras”.A vila prepara-se para esta manifestação, iluminando com pequenas lanternas e lamparinas, as janelas, varandas e sacadas ao longo do seu percurso. Desde 1997 que a electricidade da rede pública é desligada em grande parte do seu trajecto, sendo a iluminação apenas à base de velas e archotes. O efeito permite que os participantes recuem no tempo, até à altura em que ainda não existia luz eléctrica.Os archotes são ainda usados para alumiar as partituras da Filarmónica União Sardoalense, facto que poderá justificar a designação de “procissão dos fogaréus”.Na procissão podem ainda ser apreciados painéis do século XVIII, pertença da Misericórdia, representando cenas da Paixão. No domingo de Páscoa, 20 de Abril, às 11h00, desfila pelas ruas a procissão da Ressurreição do Senhor.Durante os festejos da semana santa, que decorrem de 17 a 20 de Abril, o chão das Capelas do Sardoal (São Sebastião, Senhor dos Remédios, Sant’Ana, Santa Catarina, Nossa Senhora do Carmo e Espírito Santo) e da Igreja da Misericórdia estão enfeitados com tapetes de pétalas de flores e verduras, completados com acessórios e artefactos alusivos à Semana Santa e Páscoa. A tradição, que é rara no país, remonta a tempos muito antigos. Sabe-se que já existia no século XIX.As tarefas nas capelas têm lugar na noite de Quarta-feira e prolongam-se pela noite fora envolvendo cristãos e não-cristãos, agnósticos, não praticantes, jovens, idosos e gente de todas as idades.A Capela do Senhor dos Remédios, contígua à Igreja de Santa Maria da Caridade, vai ser arranjada por professores e alunos da Escola Básica Maria Judite Serrão Andrade. A Capela de São Sebastião será alindada por professores e formandos dos cursos da coordenação concelhia de educação de adultos.A festa, que concilia o sagrado e o profano, inclui várias manifestações culturais. Para sábado, 19 de Abril, está marcado um concerto com o Choral Phydellius (Torres Novas) às 16h00, na Igreja Matriz. As comemorações da semana santa incluem ainda várias exposições. A simbologia litúrgica alusiva aos “Passos do Senhor”, que corresponde à via sacra, estará patente na futura biblioteca. A exposição, que poderá ser vista até 20 de Abril, irá reunir algumas peças valiosas do século XVII e XVIII em pintura e escultura do acervo da Paróquia de São Tiago e São Mateus.A exposição “Ressurreições”, de Miguel D’Hera, poderá ser vista na Casa Grande de 17 de Abril a 4 de Maio. Na sede do Getas estará patente também até ao domingo de Páscoa a mostra “O Homem e a Fé”.