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Energético Serafim das Neves

A centralização nacional continua e reforça-se. Qualquer dia distrais-te e acordas em Lisboa. É mais que certo, acredita. Agora voltou a lei da rolha para os serviços descentralizados da administração central. Os senhores directores têm direito a carro, motorista, despesas de representação, mas não têm direito a abrir a boca. Cada vez que um jornalista os contacta para obter uma informação, ligam a cassete e mandam-nos falar com os bosses lá da capital. Ou são ordens ou é cagaço. Vá lá uma pessoa saber.Toma esta semana por exemplo. O director do Centro de Formação Profissional de Santarém, o senhor Sardinha, confrontado com a acusação de gerir aquela coisa como uma quinta, desviou logo as perguntas para canto. Quer dizer, para o superior hierárquico.O homem despede formadores que prestam serviço há anos, como quem bebe copos de água, mas quando lhe perguntam porquê, fecha-se em copas. É gestor para agir mas não é gestor para explicar. Compreende-se. Às vezes há coisas que não têm explicação e, se calhar, aquela é uma delas. E ele sabe, tão bem como os outros, apesar de estar no negócio há pouco tempo, que o povo português não é muito exigente em matéria de explicações. É assim, porque é assim e sempre foi assim, e não se compreende porque é que há-de mudar. Fatalidades lusitanas.E quem diz o Sardinha, diz qualquer outro carapau. Há uns dias um jornalista quis saber umas coisas sobre adopções. Resposta do Engenhêro Campos, da Segurança Social: “Pergunte a Lisboa”. O melhor, Serafim, é irmos todos para Lisboa. Ou mandarmos esta tralha toda para lá. Os Manéis, os Franciscos,, os dótores, os gestores, os directores...E há o fax, esse animal mitológico. Quando os crânios lá de Lisboa não querem responder, mandam pôr as perguntas por fax. Quando eles pedem que assim seja, é certo e sabido que a resposta nunca virá. São as perguntas para esquecer. O direito a sermos informados foi-se transformando no direito a ser enformados. Metem-nos na forma e vamos para o forno do esquecimento para cozinhar em lume brando. Este é um país de altas gastronomias. Somos assados, fritos e cozidos, cá com uma pinta!Quem não vai em faxes é o presidente da Câmara de Torres Novas, um tipo de bigode à trolha chamado Rodrigues. Esta semana uma jornalista quis falar com ele sobre a criação de um corpo de polícia municipal lá no concelho. Adepto respeitoso do direito à informação, o homem mandou a secretária informar a jornalista que era muito cedo para falar do tema. Já era quase meio-dia, vê lá tu. Mas para ele era cedo. A candidatura já seguiu para o Governo. Seguiu mesmo antes de ser aprovada pelo executivo municipal. Se calhar até já foram encomendados os fardamentos, chinfalhos incluídos, mas ele diz que é cedo. Um pândego!!! O que vale é que já pouca gente o leva a sério. Cá por mim ainda acaba no circo tal é a mania de fazer palhaçadas. Aquilo é compulsivo, eu sei. E com compulsões não se brinca, mas... As melhoras, senhor presidente! As melhoras! Esqueci-me de te dizer. A jornalista tinha avisado que ia à câmara tentar falar com ele. E o simpático passou a dois metros dela a caminho do “bunker”, leia-se gabinete, mas ignorou-a olimpicamente, para meia hora depois mandar a secretária despachá-la. Um verdadeiro gentleman, como calculas! Cavernícola até à medula! E foi muita sorte mandar a secretária. Poderia ter mandado um gorila dar-lhe um enxerto de porrada. Há gente para tudo, Serafim. Um quebra ossos de dinossáurio doManuel Serra d’Aire

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