Técnicos preguiçosos
Presidente da Câmara de Tomar irritado com alguns alguns serviços
O presidente da Câmara Municipal de Tomar anda de candeias às avessas com alguns técnicos do município. Na última reunião de câmara acusou-os de não quererem trabalhar e de terem obrigação de analisarem os processos para além do óbvio. Para pôr as coisas nos eixos, o autarca assinou na semana passada um despacho interno destinado a algumas divisões da autarquia, especificando as responsabilidades de cada técnico superior. Para que saibam qual é exactamente a sua função dentro do município. E a cumpram.
Os técnicos superiores da Câmara de Tomar devem ter ficado com as orelhas a arder na última segunda-feira, tantos foram os “mimos” que o presidente da autarquia lhes enviou durante a reunião de câmara.O “castigo” teve início quando António Paiva começou a analisar os processos enviados para apreciação pelo Departamento de Obras Municipais. O presidente não gostou do que viu, ou melhor, das diversas omissões existentes e exigiu a presença de dois dos técnicos responsáveis pelo departamento, chamando-lhes publicamente a atenção para as lacunas existentes.Horas depois foi a vez da divisão de planeamento físico ser visada, na apreciação de uma operação de loteamento na Quinta das Avessadas, junto ao supermercado Modelo. O sobrolho do presidente ia ficando cada vez mais carregado à medida que lia a informação dos serviços, acabando por extravasar o que sentia. “Para dizer o que eles aqui dizem não é preciso ser engenheiro, até um simples desenhador vê isso”, desabafou o presidente.Inconformado com a incompetência de alguns dos técnicos camarários António Paiva acabou por explodir afirmando que ser técnico na câmara de Tomar “é entrar às nove e sair às 12h30 para almoço”.“Eu tenho um problema com os técnicos – eles não querem trabalhar, eu acho que eles devem trabalhar, é para isso que são pagos”, dizia o presidente, enquanto fazia ele próprio (ou não fosse engenheiro civil) a análise que outros deveriam ter feito.“Cada um destes prédios tem uma rampa de acesso própria, o que tira lugares de estacionamento ao local. O que deveria aqui ser apresentado era uma rampa de acesso automóvel geral, que desse para todos os edifícios que ali serão construídos, criando assim mais espaço de estacionamento”, referiu o presidente, que não conseguiu deixar de dar mais uma “alfinetada” aos técnicos responsáveis – “O que tem de ser garantido aqui é o acesso aos lotes de forma que minimize o impacto visual e simultaneamente crie mais estacionamento. Isso preocupa-me a mim mas não parece preocupá-los a eles”. Foi por causa de situações como as que António Paiva constatou na reunião que no fim de semana passado assinou um despacho interno onde levanta algumas questões relativamente à postura e procedimentos dos técnicos superiores de algumas divisões camarárias.“A câmara está a tentar implementar um método de trabalho que depende em grande medida de cada serviço mas ainda não conseguimos garantir isso em alguns dos serviços, que poderiam fazer bem melhor”, referiu ao nosso jornal António Paiva. Para o autarca os técnicos superiores têm de ser críticos em relação ao trabalho que lhes é apresentado para análise. “Não se pode apenas analisar do ponto de vista técnico um processo, quando se tem responsabilidades na administração que vão muito para além disso”, disse, adiantando não conseguir conceber que um técnico superior não se preocupe por exemplo com o prazo que tem um processo desde a entrada até à saída do respectivo serviço. O que é que faz cada um e que responsabilidade é que cada tem na hierarquia camarária é agora o principal cavalo de batalha do presidente, porque há trabalho administrativo e trabalho técnico, “e as análises técnicas não podem ser apenas o constatar pequenas diferenças que haja entre projectos. Têm de ser vistas com a profundidade suficiente para que, quando entram em obra, não surjam os problemas que muitas vezes têm surgido”, finalizou o autarca.Voto de louvor a funcionáriaA Câmara de Tomar deliberou na reunião de segunda-feira dar um voto de louvor a Manuela Barrela, técnica da divisão administrativa que solicitou a sua saída da autarquia. Na reunião António Paiva fez questão de salientar o excelente trabalho prestado pela funcionária durante os anos que trabalhou ao serviço da autarquia.
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