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Director do Centro de Formação de Santarém é alvo das críticas de alguns formadores

O despacha formadores

Rui Sardinha contestado no Centro de Formação Profissional de Santarém

O director do Centro de Formação Profissional de Santarém, Rui Sardinha, começou a substituir formadores com anos de experiência por novos elementos. A explicação dada aos dispensados é a da aplicação de uma “pretensa rotatividade”, mas há quem suspeite de outros motivos. O visado, apesar de ser responsável por um organismo público, refugiou-se numa pretensa lei da rolha para não dar qualquer esclarecimento a O MIRANTE.

O Centro de Formação Profissional de Santarém vive um clima de paz podre. Segundo o que O MIRANTE apurou, alguns elementos do corpo de formadores andam descontentes com a gestão do director daquele organismo, Rui Sardinha, que assumiu funções em meados do ano passado. As críticas são feitas em surdina, mas é óbvio que a política imprimida pelo novo director, que se recusou a falar do assunto, está longe de agradar a algumas das pessoas que ali prestam serviço há já alguns anos. Uma das gotas que fez transbordar o copo prende-se com a alegada política de rotatividade que Rui Sardinha impôs relativamente ao quadro docente. Alguns formadores com mais antiguidade na casa foram dispensados das suas funções pouco depois da chegada de Sardinha ou têm o destino traçado para breve. Para os substituir, o director chamou outras pessoas, cuja experiência e competência, nalguns casos, é posta em causa.Mário Cruz foi um dos formadores atingidos pela nova medida. No Verão passado não foi aceite a renovação do seu contrato com o Centro de Formação Profissional de Santarém, onde dava aulas desde 1999. O argumento da “pretensa rotatividade”, como o próprio sublinha, não o convence. Até porque considera que a experiência pode ser uma mais valia naquelas funções.“Obviamente não fiquei satisfeito com essas explicações. Esperava lá continuar ou pelo menos que a minha saída não se processasse dessa forma, pois penso que não me havia nada a apontar”, diz Mário Cruz, que nos dá ainda conta que houve alguns formadores que reclamaram dessa decisão.Aquele formador diz que o funcionamento do Centro de Formação foi sempre “um bocado complicado” e que a organização nem sempre foi a melhor. Mas quanto ao mal estar que por lá vigora - e que Mário Cruz confirma através do que lhe dizem alguns colegas que ainda lá dão aulas - as coisas nunca terão chegado tão longe.O clima de alguma contestação terá conhecido um dos seus episódios mais caricatos, mas também dos mais elucidativos, há poucas semanas, quando alguém pôs a circular pelo Centro de Formação Profissional uma espécie de manifesto anti-Sardinha. Um panfleto anónimo que zurzia na gestão do novo director da instituição. Rui Sardinha não quis falar do assunto, tendo optado por lembrar que os tribunais e as indemnizações existem precisamente para lidar com a calúnia. Mas um formador que ainda se encontra no activo garantiu-nos que esse panfleto existiu mesmo. Esse formador, que preferiu manter o anonimato, contesta sobretudo os critérios de selecção. “A maior parte dos formadores já estavam habituados à casa e nalguns casos foram substituídos por pessoas que não percebem nada daquilo. Com essa política, a qualidade da formação pode ser posta em causa”, refere esse docente do curso de artes gráficas acrescentando que os ecos do mal estar que se vive no Centro de Formação “já saíram dos portões”, embora sejam notórios sobretudo nas “conversas de corredor”.“NÃO HÁ MAL ESTAR NENHUM”Há quem acuse Rui Sardinha, uma figura ligada ao PSD que já foi candidato à presidência da Câmara da Golegã em 1997, de querer fazer do Centro de Formação Profissional de Santarém “uma quinta” sua e de estar a privilegiar pessoas das suas relações na admissão de formadores. Situações difíceis de confirmar, ainda para mais dada a recusa de Rui Sardinha em comentar para O MIRANTE as críticas à sua gestão e contrapor a sua versão dos factos. O director apenas disse ao nosso jornal que “não existe mal estar nenhum”, que se trata de assuntos internos e ameaçou responder a alegadas calúnias com um processo em tribunal.Também o delegado regional do Instituto de Emprego e Formação Profissional de Lisboa e Vale do Tejo, de quem depende o Centro de Formação de Santarém, diz não ter conhecimento escrito ou verbal de situações de descontentamento face a Rui Sardinha. “Para mim é uma surpresa”, diz Octávio Oliveira, assegurando no entanto que, da sua parte, “não há um critério de impor qualquer política de rotatividade do pessoal formador, tal como não há um critério de ter um grupo exclusivo de formadores”.João Calhaz
Director do Centro de Formação de Santarém é alvo das críticas de alguns formadores

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