Um esgoto no quintal
Munícipe de Almeirim anda há dezasseis anos a caminhar para a câmara
Há dezasseis anos, José Santos, aceitou a passagem, por um terreno que possui na cidade de Almeirim, de uma vala para drenagem de águas. Na altura a câmara garantiu-lhe que a mesma seria emanilhada e que só passaria por ali água das chuvas. Dezasseis anos depois a vala continua a céu aberto e passou a drenar esgotos.
Há mais de 16 anos que um munícipe de Almeirim tem um esgoto a céu aberto a correr no seu terreno, em plena cidade. José Santos tem vindo a pressionar a câmara municipal para que resolva do problema, mas a única coisa que tem conseguido até agora é a colocação de manilhas às prestações. O vereador responsável por aquela área, Domingos Martins (PS), garante que a situação está a ser estudada, mas confessa que ainda não sabe qual a solução a adoptar. Tudo começou no tempo do ex-presidente da autarquia Alfredo Calado. Na altura, o autarca negociou com José Santos e com outro munícipe, José Luís Marmelo, proprietários de terrenos adjacentes, a passagem de uma vala para águas pluviais (da chuva) pelos mesmos. Algum tempo após a abertura do valado, que desagua na Vala de Alpiarça, começou a verificar-se o aparecimento de dejectos, preservativos, papel higiénico “e todo o tipo de porcaria”. José Santos verificou que o problema tinha origem numa caixa de recepção de esgotos domésticos na Travessa das Ribeiras, onde foram colocados dois tubos que fazem de purga e que ligam à vala. Para além do mau cheiro, o munícipe queixa-se ainda que muitas das vezes o caudal é tão elevado que salta as margens da vala, inundando o terreno. “Não posso arrendar a terra nem semear nada por causa das inundações. É um grande prejuízo”, desabafa. Na altura da negociação a câmara tinha-se comprometido também a colocar manilhas. No entanto, até agora estas só foram colocadas em metade do percurso. “Sob pressão nossa a câmara tem vindo a pôr as manilhas a conta gotas. A última vez, há três anos, pôs cerca de 50 metros”, conta. Segundo o munícipe, o local está cheio de ratos do tamanho de coelhos e milhares de mosquitos. “Isto é um problema de saúde pública, até porque as casas estão a poucos metros”, explica José Santos, acrescentando que uma vacaria existente na zona também está a lançar detritos nos esgotos que acabam na vala que passa no seu terreno. Situação confirmada pelo vereador da autarquia Domingos Martins explica que a vacaria foi autorizada a despejar as águas das lavagens nos esgotos domésticos por se considerar que estes não ofereciam perigo à ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais). utro motivo de preocupação prende-se com a poluição da Vala de Alpiarça, onde é despejada, sem qualquer tratamento, a água que circula no autêntico esgoto a céu aberto. Recorde-se que aquele curso de água, que nasce no concelho da Chamusca e desagua no Tejo em Salvaterra de Magos, foi alvo de uma operação de limpeza iniciada em Novembro de 2000. Os trabalhos custaram cerca de 1,5 milhões de euros (300 mil contos) e foram financiados por fundos comunitários no âmbito do programa Valtejo. CÂMARA ESTÁ A ESTUDARO vereador Domingos Martins confirma que a vala aberta no terreno de José Santos e no de José Luís Marmelo “serve de válvula de escape quando há problemas na estação elevatória de esgotos”, situada no Largo General Guerra. Entretanto a autarquia já decidiu há algum tempo mandar fazer um levantamento topográfico que servirá de base a um estudo que aponte resoluções para o caso. Só que o levantamento tem vindo a ser adiado, levando o autarca a admitir que houve “algum descuido dos serviços camarários”. Confirmando também que as manilhas têm sido colocadas a prestações, o vereador sublinhou que a autarquia está a estudar algumas hipóteses. Uma delas pode passar pela canalização das águas no subsolo para um sistema de pré-tratamento, antes destas desaguarem na Vala de Alpiarça.
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