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Os adeptos da sueca

Até 3 de Maio ainda há cartada no Centro Cultural e Recreativo Fontainhas e Grainho

Jogadores de várias idades e proveniências, senhoras e jovens, estão a participar no Torneio de Sueca que decorre no Centro Cultural e Recreativo das Fontaínhas e Graínho (CCRFG), nos arredores de Santarém, desde 18 de Março. Ao todo, 29 pares lutam por ganhar as duas libras em ouro e respectivos troféus. Mas o mais importante para todos é o convívio que enche o salão e o gosto por uma boa “jogatana” de cartas.

Todas as terças e quintas-feiras, a partir das nove da noite, os adeptos da sueca seguem em romaria até à sede do CCRFG. É assim desde 18 de Março até 3 de Maio e em causa está a conquista do torneio. A inscrição das formações valeu 45 euros, mas inclui o direito a jantar final da prova.Quanto aos protagonistas, elegem os nomes mais curiosos para as suas equipas. Sejam “Os bêbados”, “Os piores” - será que ficam em último? - , “Arrebanha Mato”, “Os Batoteiros”, “Sadames” ou “Os Atrasados”.Nas diversas mesas do salão as equipas instalam-se e o silêncio é de ouro, como numa partida de xadrez. Em cada uma ficam quatro jogadores e os pares frente a frente. Naquele tipo de “competições” são proibidos os sinais e as combinações. A vitória vale três pontos, a derrota equivale a um ponto enquanto a falta de comparência é punida com a não atribuição de pontos. Vence cada partida quem ganhar primeiro os 15 jogos. Mas pode chegar lá mais depressa com a “chita”, que conta como quatro jogos e que sucede quando a equipa faz as vasas todas. Todos jogam contra todos.Quem ostenta o título do torneio do ano passado são José Cordeiro e António Duarte, ambos de Santarém, que formam os CD’s (Cordeiro e Duarte). Trata-se de um dupla que já disputou cinco campeonatos e tem três títulos de campeões noutras colectividades que também organizam torneios de sueca. Como nos referiu José Cordeiro, o ano passado foi o segundo ano em que venceram o torneio do CCRFG. “Competimos e criámos amizades. São 56 pessoas aqui a jogar e estamos aqui pelo prazer de viver isto tudo”, explica-nos.Mas este ano a prova não está a correr tão bem já que a sorte das cartas também dita os campeões. “Há que saber jogar, mas as cartas são responsáveis por 50 a 60 por cento do destino de uma partida”, assegura. Para António Duarte, mesmo assim o saldo ainda é positivo já os CD’s obtiveram até então sete vitórias e três derrotas. “Ainda temos a possibilidade de chegar lá acima porque na sueca nunca há vencedores invictos”, esclarece. Quem já conhece bem o programa e as noites de jogo desta equipa são as respectivas esposas. António Duarte faz questão de ressalvar que já se entrou num ciclo vicioso. “As nossas Marias já sabem que em determinados dias da semana há jogo de cartas”, disse.Uma família que dá cartasA maior novidade do torneio de sueca do CCRFG foi a presença de uma equipa feminina, auto-denominada “As Refilonas”. Constituída por Teresa e Mónica Penteado, respectivamente, sogra e nora, experimentaram jogar contra as equipas masculinas. Tinham acabado de defrontar e perder com “Os Batoteiros” e desabafaram que são aprendizes e eles os feiticeiros.Teresa Penteado recorda que já jogou o torneio do ano passado com o filho e que, desta feita, o desafio maior foi formar uma equipa feminina. Fez questão de esclarecer que gosta “de tudo o que sejam jogos e por isso aqui estou a jogar sueca”. A sua maior surpresa foi, no entanto, constatar que em Santarém houvesse uma comunidade de pessoas a juntar-se numa associação, coisa que disse não existir no centro da cidade. “É muito bonito as pessoas reunirem-se no maior respeito. Só tenho bem a dizer de todos e foi o que me fez regressar pelo segundo ano consecutivo”, acrescentou.Mas sogra e nora não foram sozinhas ao torneio. Manuel e Bruno Penteado, pai e filho, respectivamente, também formaram a dupla “Os Campeões”. Um nome que disseram não ser premonitório mas mais um chavão. “Somos campeões porque gostamos da disputa, de situações bem vividas e do espírito de campeão”, elucida o pai.A equipa começou também no ano passado por intermédio de um amigo. “Nessa altura joguei com a minha mãe mas elas avançaram com a equipa feminina. Deixámos o tempo nem que as mulheres ficavam em casa e em que a sueca era só para os homens”, gracejou.Até ao momento as derrotas da equipa estão a reinar e Manuel Penteado preferiu dizer que já conseguiram “uma ou duas vitórias num torneio com mais baixos que altos”. Uma das vitórias foi sobre um amigo o que já lhe valeu o “campeonato” particular.Quanto ao último e aguardado embate com “As Refilonas”, Bruno desfez todas as dúvidas. “Combinámos que quem estivesse mais à frente ganhava mas não irá ser assim porque entrámos em despique pelo número de vitórias e derrotas”, atirou em jeito de provocação. O pai Manuel foi menos belicista confessando que se vão deixar vencer. “São elas que nos fazem a comida, passam a roupa e nos aturam todos os dias”, rematou em jeito de brincadeira.A tendênciado jogoBem mais velha é a equipa de “Os Idosos” a fazer jus ao nome. João Garcia, 67 anos, e Norberto Duarte, 74 anos, são concorrentes batidos. Moram na zona das Fontaínhas e Graínho e estão quase sempre “batidos” na colectividade. “Quando não é sueca é chinquilho ou qualquer outra actividade”, contou o segundo. A equipa inscreveu-se à última da hora. Moram perto da sede e como faltava uma equipa resolveram inscrever-se para o convívio e diversão. O jogo decorria de forma mais ou menos satisfatória. E Norberto Duarte explicou como tudo acontece. “Temos quatro ou cinco vitórias. Mas as cartas são como as mulheres, têm que correr para um lado”.Para o comparsa João Garcia, só quando o Benfica joga em casa é que “falha” a partida de sueca. De resto vai à colectividade todas as noites. “Jogo isto desde pequeno e não há segredos. Não se podem fazer sinais e as cartas têm-nos saído mal”, referiu analisando a prestação da equipa.De resto, e fora a competição, o que mais interessa no meio de tudo é o jantar final, o convívio e os bons dias que se passam.A Carlos Ferreira, ex-dirigente do CCRFG coube a difícil tarefa de arranjar 29 equipas para o torneio. “É preciso ir ao Verdelho, a Achete e outros lugares e quantos mais se inscreverem, melhor”, descreveu-nos. Na sua opinião passam-se ali serões muito agradáveis e uma boa convivência entre todos, homens e senhoras.

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