Desde há muitos anos que se falava em fazer alterações no Largo do Seminário em Santarém. Da última vez que o assunto veio a público fez-se até uma magnífica obra de marcenaria para elucidar a população. Daí não se passou. Eu e muitos outros, ficamos com a ideia que o projecto tinha sido colocado, no “rol dos esquecidos”, bem no fundo da gaveta. É que, em boa verdade, há becos, travessas, escadinhas, ruelas e até largos com muito mais prioridade de arranjo. Aliás, no triste panorama scalabitano, o Largo do Seminário ainda era o que estava em melhor estado. Havia até um bom calcetamento, à portuguesa, com um tipo de pedra um pouco diferente do actual, que se impõe conservar.Calculava eu que se algum dia se fizesse alguma coisa, seria refazer o Largo do Seminário de 1928, no essencial, mantendo a tradicional traça, repondo os elementos que existiam nos anos 30 e dando-lhe o mais po ssível o ar acolhedor e o ambiente dos tempos em que o Largo era ponto de encontro obrigatório: árvores de sombra, bebedouro e bancos anatómicos de ripas, iguais aos das Portas do Sol, Av. de Outubro, Praça Velha, Milagre e Fora da Vila. Bancos cómodos e bonitos, convidativos a descanso ou conversa. Os previstos, só parcialmente com costas, foram, quanto a mim, uma má escolha.Penso que medidas positivas, como arborização total da Praça, bebedouro, uniformizações dos toldos, retirada de placas publicitárias, dos inestéticos “cubos floreiros” e recuperação das lanternas, só poderiam resultar em pleno se a traça do Largo se mantivesse e se utilizassem os bancos tradicionais. Assim, é minha convicção, que não se alcançará o objectivo principal de “transformar a Praça num grande palco de acontecimentos e de convívio social, tal como foi outrora”. Vai-se sim, acabar por descaracterizar o Largo mais tradicional da cidade e tirar-lhe o pouco que já lhe restava da sua antiga alma.Mário Vasco de Oliveira – Oeiras(Texto enviado através de correio electrónico)