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Crianças de Samora Correia passaram um dia diferente e levaram que contar

Na companhia dos animais

Crianças contactam com a natureza na quinta do “Cantar do Galo”

Entre Salvaterra de Magos e Coruche, junto à Fajarda, fica a Quinta Pedagógica Cantar de Galo. Diariamente, crianças dos dois aos oito anos de idade convivem com os animais e descobrem o que de melhor tem a natureza. Semeiam legumes, amassam e fazem pão, preparam enchidos e queijos, dão couves às galinhas e cenouras aos coelhos, passeiam a cavalo e brincam com o espantalho Zacarias.

Tiago Constanço, três anos de idade, andava maravilhado com um pintainho ao colo. O seu amigo, Miguel Cordeiro, não abandonou as proximidades do forno a lenha enquanto não viu sair, cozidinho e a estalar, o pão que ele e outros colegas tinham amassado. Entre Salvaterra de Magos e Coruche, em plena Herdade do Cascavel, junto à Fajarda, fica a Quinta Pedagógica “Cantar de Galo”. Por entre centenas de sobreiros e pinheiros, o empreendimento recebe todos os anos milhares de crianças. O objectivo é proporcionar aos mais pequenos um verdadeiro contacto com a natureza e com os animais da quinta. Alimentar os animais ou apenas observar as suas rotinas diárias, passear a cavalo, semear um legume, amassar e fazer pão no forno a lenha, preparar uns enchidos ou fazer uns queijos são apenas algumas das actividades que integram o programa.O MIRANTE esteve na quinta com meninos da Instituição Padre Tobias, de Samora Correia, e viu em todos eles um brilho especial nos olhos e um contentamento sem par. Camila Antunes dançou e cantou com o espantalho Zacarias. Inês Teixeira não tirou os olhos das tartarugas. João Fernando, também com três anos de idade, centrou a sua atenção nas vacas. “Vi-as a comer palha”, contou ao jornalista. Quanto à Patrícia, a sua preferência recaiu na porca “Felisberta”. Diz que ela esteve a tomar banho porque se tinha sujado na lama. Perto dos mais pequenos esteve quase sempre a cabra anã “Julieta”, que há 15 dias teve uma cria chamada “Cristóvão”. O pai também andava pelas redondezas. Um corpulento bode, com cara de poucos amigos, de nome “Pompeu”. Foram experiências e descobertas que tão depressa não serão esquecidas. Na Quinta, tudo gira em torno do Zacarias. O espantalho com vida está cheio de fantasias. E, quando menos se espera, lá aparece a mascote do Cantar de Galo. Fala com as crianças, conta histórias, canta e dança. Durante o dia, vai alegrando os mais pequenos. Até existe o Clube do Zacarias. Os interessados em fazer parte deste grupo de amigos fazem uma inscrição gratuita, e sempre que quiserem voltar a Quinta têm desconto. No Cantar de Galo, todos os animais têm nome. E enquanto o jornalista falava com Elisabete Tadeia, orientadora e animadora da quinta, a porca “Felisberta” não resistiu a meter-se na conversa para tentar dar uma dentadinha no gravador. “Felisberta” passou o dia a fazer disparates. Era vê-la a coçar-se nas árvores, nas mesas e cadeiras. Tudo lhe servia para aliviar a comichão. E tivemos oportunidade de conhecer o coelho “Jota”, a égua “Joana”, a ovelha “Anacleta”, o cavalo “Super Mário”, o burro “Evalisto”, a vaca “Otília” e a cabra “Vaidosa”. Por pouco não conhecíamos a galinha “Matilde” que passou o dia a correr de um lado para o outro. Ao que parece, andava a pôr a casa em ordem. É que, embora seja a rainha do galinheiro, casou recentemente com o galo “Xavier”, e precisa mostrar que a vida de galinha não é apenas pôr ovos.Na horta, os mais pequenos fazem também uma paragem obrigatória junto à couve “Januária”. É a maior que existe no local. Antes de chegarem à zona da floresta, onde as atenções se viram para a árvore “Elvira”, um sobreiro que vive na quinta há mais de cem anos, a pequenada pode ainda divertir-se nos baloiços ou deslizar nos slides. “As coisas não nascem nos supermercados”Susana Maurício, directora pedagógica da creche Padre Tobias, diz que a visita à quinta é uma actividade quase obrigatória, dada a importância que tem para as crianças. “O ano passado, vieram à Quinta as turmas de quatro e cinco anos. Este ano, calhou aos mais pequenos”. A visita tem como lema, “ as coisas não nascem nos supermercados”. A responsável refere que o contacto com a natureza sensibiliza as crianças para os cuidados a ter com o meio ambiente. Quanto ao convívio com os animais, serve para reforçar a ideia que no Ribatejo não existem só touros. Nestas idades, as crianças já conseguem assimilar toda a informação ministrada durante a jornada pedagógica, refere a educadora de infância Paula Marques. O contacto com a natureza é importante, “e as crianças estão muito satisfeitas”. A mesma opinião tem a educadora Vanda Romanga. A sua turma privilegiou o contacto com os animais. Para a educadora Carla Monteiro, esta visita enquadrou-se perfeitamente no projecto pedagógico que tem vindo a desenvolver ao longo do ano lectivo. Diz que os “seus meninos” não tiveram nenhum receio em estar junto dos animais, isto apesar de não contactarem regularmente com a bicharada.E todos se divertiram. José Artur ficou encantado com os patos, pois andou com eles ao colo. Joana Gonçalves preferiu as galinhas por andarem a correr muito pela quinta. O Ricardo Jorge, que é um apaixonado por cavalos, não perdeu o “Super Mário” de vista. Agora sonha ter um cavalo só para si. No final da visita, para a despedida, o burro “Evalisto” fez as delícias de todos zurrando a preceito. Foi uma festa.Mário Gonçalves
Crianças de Samora Correia passaram um dia diferente e levaram que contar

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