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José António Barros quer que todas as empresas conheçam a Garval

Crédito mais fácil para empresas viáveis

Garval- Sociedade de Garantia Mútua em Santarém

No início do ano constituiu-se em Santarém, mas uma grande parte dos empresários da região ainda não sabe o que é, para que serve e como pode usufruir dela. Tem como nome Garval – Sociedade de Garantia Mútua e facilita o acesso ao crédito, o que em tempo de vacas magras vem mesmo a calhar. Mas em entrevista ao nosso jornal o presidente da empresa, José António Barros, avisa que só terá dinheiro quem apresentar bons projectos. E são os próprios sócios da empresa que fazem a selecção. De empresário para empresário.

P – A Garval é a única sociedade de garantia mútua nacional cuja constituição partiu da iniciativa privada. Que ilações tira desse facto?R – Esse facto demonstra que há empreendorismo nesta região. Pessoas que perceberam mais rapidamente que este sistema era útil, bom e interessante para eles. As reuniões que fizemos em Santarém fizemos também em outros pontos do país mas foi aqui que o conceito foi mais rapidamente assimilado.P – Qual o papel da Nersant na constituição da Garval?R - Fundamental. Congregou vontades, falou com pessoas, passou a mensagem. Foi incansável na promoção de jantares, reuniões, debates. E conseguiu mobilizar os empresários para este projecto. Às vezes percebe-se o conceito mas fica-se sentado na ideia. Aqui houve a percepção mas também o dinamismo para dizer agora vamos arranjar aqui um grupo de "malta" interessada neste produto.P – Mas sem empresários dinâmicos uma associação pouco ou nada pode fazer...R – É verdade, mas o crescimento que Santarém teve nos últimos anos em termos de PIB per capita e desenvolvimento industrial demonstra que é uma região muito activa em termos empresariais. E felizmente, que já estávamos todos fartos de ver só actividade no litoral.P – Numa altura de vacas magras o que é que a Garval pode trazer de mais valia às empresas da região?R – A Garval pode facilitar o acesso ao crédito e isso é o mais importante no momento que atravessamos. Actualmente o crédito bancário está quase fechado para toda a gente, porque a banca deixou crescer extraordinariamente a sua carteira de crédito, por razões de quota de mercado. Quando a economia começou a cair a banca verificou que no meio do bom crédito havia muito que não era tão bom e a solução foi fechar a torneira. Agora, quem precisa de crédito não tem.P – Está a dizer que neste momento, para um empresário que precise de financiamento, a Garval surge não como uma alternativa à banca mas como a única solução?R – É mesmo a solução, porque os bancos simplesmente não têm crédito para dar. A menos que o empresário deixe uma garantia real – se precisa de um crédito de 50 mil euros, deposita numa conta idêntico montante, que fica cativos. Todos os dias isso está a acontecer e a única vantagem para o empresário é criar custos que são fiscalmente reconhecidos.P – Qualquer empresário do país pode recorrer à Garval ou a sociedade destina-se apenas a financiar projectos no distrito?R – A Garval tem uma área natural de influência que é o distrito de Santarém e as regiões anexas, como o distrito de Leiria com quem tem uma afinidade fronteiriça, com eixos rodoviários preferenciais. O que não quer dizer que não faça incursões a Castelo Branco ou a Portalegre. Há no entanto que dizer que a Garval, à semelhança das outras duas sociedades de garantia mútua existentes, tem um âmbito nacional, faz negócio em todo o país.P – Em todo o país e em qualquer ramo de actividade?R – Indústria, comércio, turismo, construção civil, tudo. Uma empresa de qualquer ramo de actividade pode recorrer à Garval. Excepto dois sectores que têm programas comunitários específicos – a agricultura e as pescas. De resto, todos os sectores que estão incluídos no Programa Operacional de Economia podem vir à Garval.P – Há algum critério de selecção de empresas?R – A Garval é uma empresa que no seu arranque é constituída com um impulso do Estado, através do IAPMEI, que pôs aqui mais de 50 por cento do capital. Mas isto foi apenas o pontapé de saída. Daqui a três anos, obrigatoriamente, a Garval terá de ser maioritariamente privada. E não há nenhum empresário privado que queira constituir uma empresa para ela ir à falência.P – Isso quer dizer exactamente o quê?R – Quer dizer que empresas que apresentem projectos economicamente viáveis são apoiadas. Tudo o que não for economicamente viável a Garval não apoia porque não é suicida. Nenhuma das empresas actualmente sócias meteu cá dinheiro para perder e portanto o critério só pode ter a ver com questões económicas.P – É um conceito estranho, um empresário esperar que outros empresários afiram da viabilidade do seu projecto...R – É estranho em Portugal mas é normal aqui ao lado, em Espanha. A maior sociedade de garantia mútua da Europa é espanhola. Tem sede em Valladolid e no distrito autónomo de Castela e Leão tem 25 escritórios e muitos milhares de mutualistas. E são estes que dizem quem deve ser apoiado e quem não deve.P – É esse o futuro que se pretende para a Garval e para as sociedades mutualistas nacionais?R – Teremos que evoluir para essa situação. As associações empresariais são extremamente úteis para a defesa da classe, não para a protecção da classe. Defender a classe é defender as empresas modernas, dinâmicas, viáveis e declarar frontalmente as que não são viáveis e só estão aqui a estorvar o tecido empresarial, a fazer preços debaixo da porta e a prejudicar quem quer facturar de uma forma limpa e pagar os seus impostos honestamente. É este o papel que a Garval tem de fazer – saber escolher entre as boas e as más empresas, os bons e os maus projectos.P – Que expectativas tem para a Garval?R – Em primeiro lugar tenho a expectativa de a Garval poder existir daqui a dois anos e meio. E para isso é preciso que os empresários recorram à Garval para que, nessa altura, a maioria do capital esteja nas suas mãos. Mas é igualmente necessário que os projectos que caiam na Garval e sejam apoiados por ela não provoquem um grande número de sinistros, porque nesse caso os capitais próprios são rapidamente consumidos e aí, adeus Garval. Se passar a fase dos dois anos e meio, a empresa está lançada. Era uma pena que isso não acontecesse.Micro empresas desconhecem GarvalA Garval pode ser conhecida por alguns dos mais importantes empresários da região mas há muitos outros que não têm qualquer informação sobre o seu funcionamento, como aderir ou como apresentar um projecto. António Barros confirma isso mesmo, ao afirmar que a informação é escassa.E porque a sociedade está na região de Santarém para apoiar tanto as grandes como as pequenas empresas, os seus responsáveis vão avançar com uma grande campanha de informação, nomeadamente na Imprensa.Actualmente o volume de negócios da sociedade de garantia mútua sediada no distrito bate quase nos oito milhões de euros, tendo já analisado o financiamento de 88 projectos de investimento. Destes, 43 projectos foram já aprovados, num valor que ascende a três milhões de euros.A questão é que até agora têm sido as empresas de média dimensão a procurar o apoio da Garval. Segundo o nosso jornal apurou, das 200 empresas que contactaram a Garval para analisarem os seus projectos, as micro empresas, aquelas que têm um, dois ou três trabalhadores, não estão sequer representadas.Uma situação que os responsáveis da sociedade de garantia mútua ribatejana querem contrariar. Porque todos têm os mesmos direitos no acesso ao crédito.
José António Barros quer que todas as empresas conheçam a Garval

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