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Panteão Nacional em Santarém?

Miguel Noras

Perante isto, julgo que ninguém estranhará se o Estado vier a absorver o valioso e diversificado património que (ainda) é propriedade da Assembleia Distrital de Santarém (conforme está previsto na legislação aplicável). Acabar por acabar, mais valia proceder-se, previamente, à venda dos referidos bens em proveito dos municípios do nosso distrito que, todos os anos, contribuem financeiramente para o referido “órgão deliberativo distrital”.

O grupo parlamentar do PSD vai propor alterações substanciais ao “estatuto do Panteão Nacional”, até agora um exclusivo da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. Recorde-se que este monumento é, desde 1836, a “pátria da eternidade” dos homens e das mulheres que mais glória acrescentaram a Portugal.Defendem os referidos deputados que a Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, venha a receber do Estado a dignidade de Panteão Nacional, por ser o templo que guarda o túmulo histórico de D. Afonso Henriques.Entretanto, alguns vultos da intelectualidade portuguesa, de entre os quais se destaca o investigador Pedro Dias, já testemunharam publicamente o seu apreço pela proposta em causa. Aliás (embora sejam respeitáveis as opiniões contrárias), dificilmente alguém poderá discordar de tão justo preito de homenagem à memória do nosso primeiro rei e à cidade de Coimbra. Considero, todavia, que aqueles (ou outros) deputados deveriam recuperar a ideia que visava, igualmente, estender o “estatuto de Panteão Nacional” à Igreja da Graça de Santarém.Acredito que os esforços em curso para o sucesso desta proposta obtenham o devido acolhimento parlamentar (já nesta oportunidade ou em momento posterior).Com efeito, nada existe na fundamentação (relativa ao monumento de Coimbra) apresentada pelos deputados social-democratas que colida com a dignificação pretendida para o antigo convento dos gracianos, em Santarém. Na verdade, é aqui que se encontram as augustas cinzas do fidalgo e navegador que “inventou” a “nação-continente” do Brasil e deu à nossa terra o título de “cidade santa dos descobrimentos portugueses” - o Almirante Pedro Álvares Cabral. Post ScriptumInteractividade constante Chegámos, hoje, à 50ª. edição deste Livro aberto. Os saberes cruzados e as experiências vividas (até aqui) reforçaram a opção quanto ao rumo traçado: servir o nosso distrito, enaltecendo as suas potencialidades no sentido mais lato de quem releva a importância deste berço de riquezas e de liberdades, também marcado por problemas e insuficiências que importa aprofundar e vencer.Número a número, procurámos ter em conta as sugestões e as críticas, semanalmente, oferecidas pelos leitores, companheiros destas “falas”. Todas (ou quase todas) ajudaram a compreender melhor as origens, as realidades e as aspirações do distrito de Santarém.Este espaço de interactividade constante permitiu construir uma tribuna cujo signo será sempre o direito à multiplicidade de pontos de vista e de diferentes perspectivas - uma tribuna com as cores da liberdade de opinião pintadas nos combates contra todo o tipo de arrogância, de autoritarismo e de incapacidade política.ConvocatóriaOs autarcas do nosso distrito continuam a aguardar, pacientemente, a convocatória para a sessão de instalação da nova assembleia distrital. Nos termos da lei, a respectiva posse deveria ter ocorrido em Março do pretérito ano de 2002, na sequência das últimas eleições autárquicas. Perante isto, julgo que ninguém estranhará se o Estado vier a absorver o valioso e diversificado património que (ainda) é propriedade da Assembleia Distrital de Santarém (conforme está previsto na legislação aplicável). Acabar por acabar, mais valia proceder-se, previamente, à venda dos referidos bens em proveito dos municípios do nosso distrito que, todos os anos, contribuem financeiramente para o referido “órgão deliberativo distrital”.Bem dizerÉ cada vez mais importante estarmos disponíveis para apreciar e enaltecer as qualidades, os sonhos e as obras dos outros. Confesso que fiquei feliz por verificar, de novo, que a verdadeira gratidão existe, como provam todos quantos conservam uma opinião deveras favorável no que toca ao trabalho de Nelson Baltazar, tanto como deputado da comissão parlamentar da saúde, como enquanto governante na mesma área.Prestes que estou a “dar o nó” com o sector da saúde, no âmbito da gestão privada, tenho ouvido um coro de elogios à prestimosa e esclarecida acção de Nelson Baltazar nesse domínio.Vale sempre a pena ter um “norte” na acção política! Toalha no chãoDesde que António Guterres “deitou a toalha ao chão”, o PS tem sofrido as maiores provações. Valeu a este partido a coragem e a simpatia de Ferro Rodrigues para evitar uma hecatombe nas eleições legislativas de Março de 2002.Manifestar solidariedade a um amigo do peito, como o fez em relação a Paulo Pedroso, só prova que os líderes não são construídos de cartolina ou de papelão. Sabem colocar as virtudes da confiança e da solidariedade acima de interesses políticos e pessoais. Independentemente da gravidade das eventuais suspeições que recaiam sobre Paulo Pedroso, caberia sempre a Ferro Rodrigues não abandonar o ex-governante numa hora de amargura, tanto mais que o seu desempenho político foi promissor e exemplar (não só no PS como no Executivo de Portugal).Todavia, ao contrário da atitude irrepreensível de Paulo Pedroso na Assembleia da República, o actual secretário-geral do PS, colocado perante a possibilidade do seu nome constar do processo “Casa Pia”, exaltou-se de modo surpreendente. A sua indignação explicar-se-á pela calúnia, sem qualquer fundamento, de que foi alvo. No entanto, tratando-se de um conselheiro de Estado e do líder da oposição, a exagerada exteriorização das suas mágoas representou um auto-golo com prejuízos políticos, porventura, irreversíveis, já que a exaltação (com o coração) funciona, quase sempre, no sentido oposto da razão, da razão de Estado. De facto, nenhuma emoção desculpabiliza os excessos linguísticos (iniciais) relativamente à Justiça Portuguesa, enquanto órgão de soberania e suporte essencial do Estado que somos e da Democracia que nunca queremos deixar de ser.Depois de tudo isto, há duas questões essenciais que prevalecem sobre este vendaval: a defesa dos direitos das crianças da Casa Pia e a punição exemplar dos canalhas que lhes roubaram a única migalha que era sua: a dignidade humana!Santarém, 25 de Maio de 2003.jmnoras@mail.telepac.pt

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