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Boas notícias para Constância

Governador civil levou algumas “prendas” há muito esperadas

A visita a Constância do governador civil de Santarém não foi uma simples visita de cortesia. Mário Albuquerque levou na bagagem várias prendas há muito esperadas no concelho. O alargamento da ponte em ferro sobre o Zêzere, a valorização da margem esquerda daquele rio no troço entre as duas pontes que o atravessam e o anúncio do lançamento do concurso, até afinal do ano, para construção do açude galgável próximo da confluência do Zêzere com o Tejo.

O governador civil de Santarém visitou na quinta-feira o concelho de Constância e levou “boas notícias” para os responsáveis do município local, integrando no programa a assinatura de dois autos de consignação que, na prática, permitem o início de obras há muito aguardadas: a beneficiação e alargamento da ponte em ferro sobre o Zêzere e a valorização da margem esquerda do mesmo rio entre as duas pontes existentes.A centenária ponte em ferro vai sofrer uma remodelação profunda e dentro de um ano, se os prazos forem cumpridos, já deverá apresentar um tabuleiro com dez metros de largura que permita a circulação de tráfego nos dois sentidos sem qualquer dificuldade e ainda um passeio para peões. A intervenção - que prevê ainda o reforço da estrutura e das fundações e iluminação que vai realçar a beleza da travessia - vai custar cerca de 3,2 milhões de euros (cerca de 640 mil contos), conforme acordado entre o Instituto de Estradas de Portugal e a empresa Conduril.Na mesma zona, a valorização da margem do rio Zêzere do lado de Constância vai continuar a montante, com a protecção da margem e o arranjo paisagístico num troço de cerca de 500 metros. A obra, da responsabilidade do Instituto da Água e adjudicada à empresa João Salvador, vai custar cerca de 316 mil euros. Orlando Borges, presidente do Instituto da Água, deixou igualmente a garantia, na reunião que envolveu múltiplos responsáveis regionais e centrais de organismos do Estado, que o açude galgável no Zêzere irá também em frente, devendo o concurso público para a empreitada ser lançado até final do ano.A resma de boas notícias não se ficou por aí, com o responsável da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), Manuel Celeiro, a anunciar para breve uma intervenção na Igreja Matriz da vila, ao nível da estrutura exterior e da cobertura. A empreitada envolve verbas na ordem dos 130 mil euros.Na altura em que proferiu o seu discurso de boas vindas, onde fez a caracterização do concelho, o presidente da Câmara de Constância já sabia dessas boas novas trazidas por Mário Albuquerque, mas nem isso atenuou o carácter reivindicativo das suas palavras e a alusão a promessas que continuam por cumprir. Numa longa lista de prioridades, António Mendes (CDU) destacou a necessidade de uma nova ponte sobre o Tejo, de mais centros de dia, de uma creche e de melhorias nas instalações dos bombeiros em Constância e Santa Margarida.A visita do governador civil Mário Albuquerque a Constância foi repartida em duas fases. De manhã, no salão nobre do município, os responsáveis regionais de vários departamentos do Estado deram explicações sobre o que se tem feito nesse concelho e acerca de projectos a desenvolver. Da parte da tarde, sob um sol tórrido, a extensa comitiva visitou as três freguesias do concelho - Constância, Montalvo e Santa Margarida – sempre com António Mendes como cicerone.Os efeitos do envelhecimento da população no concelho de ConstânciaEscolas sem alunos e crianças sem crecheOs efeitos do envelhecimento da população estão a atingir de forma visível o concelho de Constância e foram postos a nu por diversos responsáveis de organismos regionais durante a visita que o governado civil de Santarém efectuou aquele concelho na quinta-feira, 22 de Maio.O reduzido número de crianças, por exemplo, leva a que o Estado não pense em investir na construção de uma creche no concelho, o que faz com que Constância seja dos poucos concelhos no país onde não existe um equipamento desse género. A câmara municipal acha que chegou a hora de alterar a situação, mas a Segurança Social de Santarém considera que o número de potenciais utentes não justifica nem torna viável a construção de uma creche, dando como alternativa outro tipo de solução. Durante a reunião de trabalho realizada nos paços do concelho, António Campos, presidente do Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social, deixou claro que prefere apostar na formação de amas que possam dar resposta às necessidades sentidas e depois, eventualmente, evoluir-se para a criação da creche.António Campos diz que há que analisar as coisas “friamente” e referiu mesmo que há no distrito valências desse tipo que, por não se ter tido em conta a evolução demográfica, estão a tornar-se inviáveis em termos de exploração devido à falta de utentes. Uma situação de onde decorrem “problemas graves como salários em atraso e falta de qualidade no serviço”.Uma argumentação que não mereceu a concordância dos responsáveis da autarquia. Júlia Amorim, vice-presidente da câmara, classificou a intervenção de Campos como “um balde de água fria”, manifestando esperança que a rede social, actualmente em fase de diagnóstico, venha expor essa necessidade.A autarquia já tem inclusivamente terrenos disponíveis para a construção do equipamento, mas tão cedo as obras não deverão avançar. De qualquer forma, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Constância, Vasco Botelho de Sousa, sugeriu que o projecto deve ser estudado entre a autarquia, a Segurança Social e a Misericórdia local, pedindo a António Campos que “não feche a porta” a essa possibilidade. Até porque, como referiu o provedor, estão previstas duas grandes urbanizações na vila para breve, perspectivando-se um aumento da população infantil.NÃO HÁ ALUNOS NO 10º ANOO decréscimo do número de crianças e jovens levou também a que, pela primeira vez, a Escola Básica 2/3 e Secundária Luís de Camões não tenha turmas a frequentar o décimo ano. Uma situação que poderá ter consequências nos tempos mais próximos ao nível do funcionamento dos 11º e 12º anos.Ainda devido ao reduzido número de habitantes do concelho – cerca de 4300 segundo os últimos Censos - os quatro médicos do Centro de Saúde de Constância, para além de garantirem a assistência à população da sua área de serviço, ainda têm tempo para prestar cuidados de saúde aos habitantes das freguesias de Martinchel e do Tramagal, no concelho de Abrantes. O caso, se não for inédito, é pelo menos pouco usual e foi revelado pelo coordenador da Sub-Região de Saúde de Santarém, Fernando Afoito.Quem não gostou muito de ouvir essas explicações foi o coordenador municipal de Protecção Civil, Amílcar Dias, que na qualidade de cidadão acabou por se queixar da demora que as pessoas de Constância sentem em obter consulta, sugerindo que isso se possa dever às horas de serviço que os médicos prestam fora do concelho.O reverso da medalha em termos de quebra demográfica encontra-se no capítulo da segurança. Ao todo, em 2001, os crimes registados não atingiram a centena. “Isso seria uma manhã em Lisboa”, afirmou durante a sua exposição o comandante do destacamento de Abrantes da GNR.Refira-se, no entanto, que em termos de envelhecimento da população o concelho de Constância está próximo da média do distrito de Santarém. Só que, em termos absolutos, a população é escassa em praticamente todos os escalões etários, o que mexe obviamente com o índice de utilização e aproveitamento dos equipamentos.

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