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Estudo ambiental em discussão

Fábrica de papel de Ulme, Chamusca, não prejudicará o meio ambiente

Está em discussão pública até dia 22 o estudo de impacte ambiental relativo à fábrica Fapulme, uma unidade que irá produzir papel e cartão reciclado em Ulme, Chamusca. De acordo com o documento – à disposição dos interessados na Junta de Freguesia e Câmara Municipal – os efeitos negativos sobre o ambiente são mínimos. A maior preocupação é relativa ao ruído.

A Fapulme - Fábrica de Papel e Cartão Reciclado, em Ulme, Chamusca, deverá iniciar a sua produção em Outubro deste ano. A fábrica, cuja fase de montagem do equipamento já está a decorrer, tem como objectivo a produção de papel reciclado, utilizando como matéria prima principal papel e cartão usados.Situando-se numa zona maioritariamente agrícola, a unidade trará benefícios acrescidos para a região, nomeadamente ao nível sócio-económico. Mas apesar das vantagens, há princípios ao nível da legislação que têm de ser cumpridos. E o impacte ambiental que uma unidade desta natureza acarreta tem de ser assegurado.Por isso, a empresa encomendou um estudo de impacte ambiental, cujos trabalhos decorreram de Julho a Outubro do ano passado. A conclusões estão feitas e foram agora postas à disposição de todos os interessados. Até 22 deste mês várias entidades, nomeadamente a Junta de Freguesia de Ulme e a Câmara Municipal da Chamusca poderão receber reclamações ou sugestões sobre o projecto.O MIRANTE teve acesso ao resumo não técnico do estudo de impacte ambiental. Nele se referem os objectivos e a necessidade deste projecto, o actual estado do ambiente na zona, os impactes – positivos e negativos - que a fábrica poderá trazer e, finalmente, a minimização dos seus impactes negativos na zona onde a unidade está inserida.A Fapulme será a única empresa no país a produzir papel para embalagem cem por cento reciclado, uma vez que a Portucel Recicla, instalada em Mourão, foi encerrada.A actividade da empresa trará, por isso, enormes benefícios, uma vez que permite recuperar a matéria prima com que o papel havia sido fabricado para a produção de novo papel. Ou seja, de papel velho é possível obter um produto no mesmo estado e com características semelhantes às originais, limitando em simultâneo o recurso a matérias primas virgens, como a madeira, cuja extracção e processamento são geradores de impactes ambientais fortemente negativos.Aliado a este facto, a não reutilização do papel traz actualmente elevados custos, quer ao nível ambiental – risco de incêndios, possibilidade de libertação de substâncias tóxicas - quer económico, em relação aos custos da sua deposição em aterros sanitários ou instalações de incineração. Nesta perspectiva, o estudo refere que a actividade que a empresa de Ulme se propõe desenvolver “representa um contributo significativamente positivo”.O projecto da Fapulme assenta no fabrico, armazenagem da matéria prima e do produto acabado e local de expedição. Para além da instalação do equipamento necessário ao processo produtivo em duas naves e num pavilhão já existentes mas que se encontram desactivados, o projecto prevê ainda a construção de uma nova nave para armazenagem da matéria prima e de um outro edifício, este destinado aos serviços sociais e administrativos da empresa.Como uma indústria, a Fapulme irá dispôr de redes separadas para as várias águas residuais geradas – domésticas, industriais e pluviais. Estas últimas, não contaminadas, serão descarregadas no solo ou na linha de água adjacente. As águas domésticas serão enviadas para uma fossa céptica e a sua recolha será efectuada pelos serviços competentes da autarquia da Chamusca.Relativamente às águas residuais industriais elas serão tratadas em três fases, em que o grau de depuração é sucessivamente mais exigente. No final, as lamas produzidas nestas operações são secas e enviadas para o aterro de resíduos industriais banais (RIB).Quanto às emissões gasosas – essencialmente produzidas na fase de secagem na máquina de papel e à queima de fuelóleo (logo que possível a empresa trabalhará com gás natural) o estudo refere que os níveis de poluentes serão desprezáveis.O ecossistema em redor da implantação da fábrica não foi esquecido, com os responsáveis pelo documento a fazer uma discrição bastante exaustiva do actual estado do ambiente, ao nível da flora, da geologia e da água. E da análise dos dados disponíveis para a área envolvente do projecto, o estudo indica que as potenciais fontes de poluição hídrica serão as águas residuais domésticas dos pequenos aglomerados dispersos e de algumas instalações de pecuária, “mas que não assumem relevância no presente contexto”. A qualidade do ar pode considerar-se boa, por serem reduzidas as actividades industriais e a densidade de tráfego na zona de instalação do projecto e o ambiente sonoro é bastante calmo, com níveis de ruído medidos muito reduzidos.Do ponto de vista paisagístico a nova unidade também não irá trazer grandes alternações, sendo a sua construção semelhante há de outras instalações fabris existentes na região que, pelos eu desenvolvimento horizontal e reduzida altura não constituem um elemento discordante na paisagem.IMPACTES MÍNIMOSNa fase de construção das instalações, o estudo indica que deverá ser elaborado um plano de segurança específico para a obra, que defina entre outras coisas, as regras sobre a gestão dos resíduos e efluentes líquidos associados ao estaleiro e à obra, nomeadamente a proibição de descarga de resíduos e de óleos usados no solo ou na linha de água, devendo estes ser depositados nos locais ou contentores reservados para o efeito.A separação, triagem e valorização dos resíduos de construção/demolição, tais como metais, plásticos, vidro e inertes terão de ser também salvaguardos. Assim como o recurso à mão-de-obra local, que contribuirá para reduzir a taxa de desemprego na região.Se aos níveis climático, geológico, hídrico e da qualidade do ar, o estudo aponta para impactes pouco significativos, o mesmo não acontece com as emissões de ruído.De acordo com o documento, o ruído produzido para o exterior da instalação poderá atingir valores acima dos máximos admissíveis legalmente. Para minimizar a situação, o estudo recomenda que logo após a entrada em funcionamento da fábrica se faça um levantamento dos níveis de ruído para o exterior, para avaliar a necessidade de implementação de medidas de controle adicionais.Deverá também ser implementado um programa de monitorização da qualidade da água da ribeira de Ulme, a jusante e a montante do ponto de descarga. O controle periódico da qualidade do efluente terá ainda de ser efectuado.A reconversão do gerador de vapor para a queima de gás natural, logo que seja possível, é outra das recomendações do estudo de impacte ambiental, que alerta também para o acesso às instalações, privilegiando o acesso por norte, através da estrada municipal 574, de modo a evitar o centro urbano da povoação de Ulme.

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