Homem e animal em estratégia de caça
A Raposa (Almeirim) recebeu uma prova de Santo Humberto com cães de parar
No domingo de manhã, 20 caçadores e outros tantos cães deslocam-se ao campo de treino do Canil de Santa Iria, na Raposa, Almeirim, para disputar uma forma de caça menos divulgada e conhecida. É objectivo das provas de Santo Humberto (nome de quem as criou) para caçadores com cão de par e espingarda, promover o espírito desportivo do caçador, formá-lo na correcta prática do acto cinegético, tendo em conta os aspectos técnicos, legais e cívicos, a função e utilização do cão de parar, num quadro de respeito pela natureza e pela ecologia.
São cerca das 10h30, e a prova já se iniciou há cerca três horas e meia. Depois de um reforço para o estômago, os juizes João Leitão e Joaquim Rosa encaminham-se, cada um, para o terreno delimitado. Entretanto, chegam dois caçadores e respectivos cães.Homem e cão colocam-se em frente do juiz e faz-se a apresentação. Nome, idade e proveniência, habilitação para caçar, caracterização da arma e munições são os dados fornecidos ao juiz. O percurso no terreno tem vários hectares e demora 20 minutos. O caçador leva consigo seis cartuchos, dos quais só pode disparar quatro. A arma só pode estar carregada com dois.Após a apresentação os caçadores preparam-se. O cão espera ansiosamente pela ordem para correr. Soado o apito, começa a bater terreno à procura das perdizes que foram largadas em diferentes lugares. O faro sensível do animal vai conduzi-lo à peça de caça. O terreno é fértil em sobreiros e arbustos e, por isso, mais difícil. Quando o cão sente uma “emanação” da perdiz, especialmente com o vento a favor do focinho, dirige-se para o local e pára. Essa é a indicação chave para que o caçador acelere o passo na direcção do companheiro de caça, seguido a cerca de 50 metros pelo juiz. Quando o homem se aproxima o cão assusta a perdiz, que levanta voo para uma morte provável. Depende da pontaria dos dois tiros permitidos ao caçador. Ouvida a expressão “cobra”, “apanha”, “busca” e outras do género o cão vai buscar a presa e trá-la ao dono. A perdiz é entregue ao juiz, que avalia se ficou demasiado desfigurada (penalização) e o caçador mostra os cartuchos vazios para se ver que não os deixou no mato. João Corrente é natural de Niza, Alentejo, e caçador desde 1978. Com o concurso da Raposa é a quarta vez que participa em provas de Santo Humberto com cães de parar, modalidade que “descobriu” há dois meses. “Treino com o cão duas a três vezes por semana e o meu objectivo é vir a participar no campeonato nacional”, refere, acrescentando que conseguir uma peça de caça é muito motivante.O Pólo, um Pointer de cinco anos de idade, é o seu fiel companheiro de aventuras. Para o esforço que faz, quase até ficar esgotado, é bem tratado e alimentado com farinhas de alta energia e vitaminas. “Com dez espingardas, cartuchos, alimentação e treino com perdizes esta actividade fica caríssima”, reconhece o comerciante de profissão.Bem mais experiente é José Damas, de 46 anos, com licença de caça há 26 anos. Natural de Abrantes e criador de cães de parar no Canil do Rio Tejo, já foi campeão nacional em 1999 e 2001, além de vice-campeão há sete anos. Além da participação em quatro campeonatos do mundo de Santo Humberto a representar Portugal.Com nove anos e meio, o Pointer Jimmy del Auro, “teima” em acompanhá-lo. “Adquiri-o quando tinha três anos e tem revelado uma longevidade acima da média e muita cumplicidade”, refere. O que se pode ver com a obediência demonstrada durante a sua prova.José Mendes diz ter sempre gostado da caça às perdizes com perdigueiros. Mais tarde começou a ler revistas da especialidade e afirma ter apanhado a “vacina”. Já lá vão 17 anos. Hoje não tem dúvidas em afirmar que o cão “é uma arma fundamental no seu êxito porque proporciona a mostra da caça e o tiro”.Classificações: Série A: 1º Pedro Caetano, com Setter Iglês; 2º José Florindo, com Epagneul Breton; 3º Herlander Silva, com Pointer; 4º Carlos Moreira, com Epagneul Breton; 5º José Custódio, com Setter Inglês..Série B: 1º José Damas, com Pointer; 2º João Corrente, com Pointer; 3º Francisco Pinheiro, com Braço Alemão; 4º Luís Paz, com Braço Alemão; 5º Nuno Feijoca, com Braço Alemão.. Barrage: 1º Pedro Caetano, com Setter Inglês; 2º José Damas, com Pointer.
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